O dia amanheceu me fazendo lembrar da transformista Vila Cruzeiro, bairro suburbano paulistano em que passei uma década da minha primazia adulta, quando nascerem meus três primeiros filhonenses, antes de Akin também estrear em solo carioca.
Saí por aí, sem rumo, procurando me encontrar. Não levei nada além de uns trocados, encontrei com uma televisão de cachorro perto de encerrar sua transmissão. Mandei ver um frango assado com farofa e batatas e voltei à casa, na ansiedade de destrinchar a iguaria dominical de tantas famílias brasileiras.
No caminho, passei pela última praça que restou no abandonado bairro do Rocha, pertinho do Maracanã, mas muito longe do glamour e estrutura recorrentes no aparelho público-privado, onde sonhos e pesadelos são vividos semanas após semanas.
Uma dúzia ou mais de moleques, todos pés descalços, jogavam sua pelada, sem preocupações ou tristezas, apenas divertindo-se, com a pelota e duas balizas desnudas de redes.
Bem pertinho dali (ou daqui), milionários jogadores e diretores e treinadores, além de tantos outros profissionais do esporte, estariam por desfilar suas vestes impecáveis, sobre um gramado importado, padrão FIFA. Rodeados de tantos mimos e cuidados, que até parecem ser de louça ou porcelana.
O gestor-mor do Fluminense FC não ordenou a abertura do setor Oeste das arquibancadas do Mário Filho, talvez com receio de ser vaiado junto com seus comandados. Vale ressaltar que a sede do clube amanheceu com seus muros decorados com cartazes de protesto, com frases como: “Acorda, pavão!”, “Mário (leão) com a torcida, Mário (gatinho) com a CBF”, outro sob avatar do Super Mário Bros., personagem de jogos da japonesa Nintendo, entrando ou saindo do cano, dizendo assim: “Nas boas aparece, nas más se esconde”.
E foi assim que o Tricolor das Laranjeiras foi a campo duelar com o Inter de Porto Alegre, sob vaias da torcida a Fernando Diniz no prólogo, mas com aplausos ao final da partida.
Na primeira etapa o Flu foi impávido, se impôs sobre um Colorado a fim de jogar em contra-ataques. A equipe do treinador bigâmico, enquadrou os espaços de desafogo de Mano Menezes e sempre fez pressão pós-perda.
Em jogada de invertida rápida, a bola sobrou para Samuel Xavier chutar torto, mas acertar um cruzamento acidental perfeito para que, Germán Cano pudesse encher o pé e estufar o barbante, abrindo o placar em um a zero.
O Fluminense dominou as ações e contou com boas movimentações de inversão e aproximação. Em uma delas, Marcelo chutou para fora, mas a arbitragem nos concedeu escanteio. O próprio Marcelo bateu para a entrada aérea de Martinelli, ainda no primeiro pau, desviando categoricamente para fazer o dois a zero. Como nos disse Paulo-Roberto Andel, ele fez um giro de pescoço que muitos tentariam e ficariam com torcicolo.
O resultado se definiu aí e, na segunda etapa, o Flu recuou enquanto o Inter tentou, tentou, mas o máximo que conseguiu, foi uma linda bicicleta de Alemão na trave. Uma sorte danada, pois caso tivesse feito esse gol ainda teríamos de enfrentar quase vinte minutos de agonia.
Diniz fez apenas duas mexidas: na primeira rejuvenesceu a equipe em quatro anos, tirou Felipe Melo (40 anos) e colocou David Braz (36 anos), depois, já quase no fim, trocou Lelê (25 anos) por Jota Ká (21 anos), novamente tirando mais quatro anos das costas da equipe, reduzindo em sete meses a média de idade da equipe tricolor.
O próximo confronto é contra o Flamengo, em que não teremos Keno, pois levou amarelo em lance faltoso ainda na primeira etapa. Os demais pendurados, continuaram sem receber o seu terceiro cartão.
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Serviço do jogo:
Fluminense 2 x 0 Internacional
Campeonato Brasileiro – 14ª Rodada
Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Domingo, 09/07/2023 – 16:00 (Brasília)
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira
Cartões amarelos: Germán Cano 10’ e Keno 45’+2’ (Fluminense), Carlos de Pena 50’, Campanharo 69’ e Gabriel Mercado 71’ (Internacional)
Gols: Germán Cano 25’ e Martinelli 40’
Fluminense: Fábio; Samuel Xavier, Nino©, Felipe Melo (david Braz 65’) e Marcelo; André, Martinelli, Lima e Keno. Lelê (Jhon Kennedy 89’) e Germán Cano. Téc.: Fernando Diniz. 4-4-2
Internacional: John; Fabrício Bustos, Vitão, Gabriel Mercado© e Renê; Campanharo (Matheus Dias 74’), Rômulo Zwarg e Carlos de Pena (Alemão 69’); Enner Valencia (Charles Aránguiz 46’), Wanderson (Jean Dias 74’) e Luiz Adriano (Lucca 69’). Téc.: Mano Menezes. 4-3-3