Fluminense 2 x 1 Bragantino (por Edgard FC)

‘O Fluminense vai jogar, eu vou ficar louco da cabeça, nada me interessa’. Com esse canto plagiado, a princípio, da torcida do Sporting de Lisboa, a torcida tricolor tem evocado o ‘dia de Flu’ – embora eu ainda prefira: ‘hoje não posso, tem jogo do Flu’ – e conclamado a todos para ir ao Maracanã, ou emanar boas vibrações ao escrete que nos representa em campo.

Justamente neste ponto começo a abordagem de hoje, após uma eliminação doída e irremediável na quinta-feira para o Flamengo, rival histórico, do qual nos orgulhamos de costumar levar a melhor em decisões; não foi o que vimos, e sigo desconfiado dessa representatividade no campo de jogo.

Algumas escolhas, desde a contratação, passando por aproveitamento e escalação, incluindo na relação para os jogos, alguns nomes parecem não fazer o menor sentido para um clube que se arvora gigante e diz por aí disputar os troféus das competições que participa.

Um deles já perdemos de vista, o da Copa do Brasil, qual só temos um, lá no distante 2008, quando conseguimos erguer e usar como combustível para emplacar nossa melhor sequência no século, talvez até da história, de títulos e grandes disputas.

A equipe cheia de gás e taurina de Bragança Paulista (ainda co-chefiada pela família Chedid) partiu para cima dos onze de Diniz, MaBi, Fred e companhia, com intuito de sufocar e dividir a posse de bola. Nos primeiros minutos, sequer permitiu que o Tricolor conseguisse administrar a situação; nossa escalação parecia estar trancada na sauna com o Conde, sem as chaves para sair de lá.

O Fluminense precisou abrir mão de algumas convicções e certezas, abdicando algumas vezes do giro de passes incansáveis na defesa e engessando mais Jhon Arias pela direita, já que pelo lado esquerdo temos Guga, que segue jogando de maneira improvisada, talvez até na profissão, vai saber.

Passada a asfixia bragantina, os dois craques tricolores, se encontraram. Primeiro Arias, ficando com a sobra de uma disputa de Cano com os defensores adversários, arrancou pela direita e, quando chegou ao terço final, cruzou a bola até Ganso, que não desperdiçou: deu um toque de qualidade, tirando do goleiro Cleiton, abrindo o placar para o Fluminense.

Nem bem deu tempo de o Fluminense comemorar o alívio e o Massa Bruta se reorganizar, Ganso cobrou escanteio rasteiro na entrada da área para Lima pegar de primeira e colocar a bola na trave direita da goleira adversária. No rebote, aquele que faz parte da torcida ter um orgasmo canino nas bancadas só empurrou para dentro, no que os adeptos referidos quase uivaram no Maracanã. Estava decretado o dois a zero, para permitir ao Fluminense especular o jogo e se segurar.

Ainda na primeira etapa, já nos acréscimos do árbitro, Arias teve mais uma arrancada, dessa vez na direção e sentido do gol, mas preferiu dar o passe final para Cano que, de forma inacreditável, errou a finalização, permitindo que Cleiton colocasse para escanteio.

Assistimos algumas vezes Arias procurando Cano, priorizando uma assistência para seu parceiro de gols, mas hoje parecia não ser o dia de fazer o ‘L’, tanto com Germán, bem como com Lelê, o primeiro a entrar no Fluminense, no lugar de Ganso na segunda etapa.

Já a equipe comandada pela fabricante de energéticos veio com duas mudanças para a segunda etapa e voltou a oprimir o Fluminense em suas entranhas. Enquanto os meninos de Bragança Paulista, terra da linguiça e boas cachaças, impunham um ritmo mais acelerado, o Fluminense que tem a maior média de idade da Série A, se arrastava em campo para continuar competindo. Estava mais fechando os espaços e buscando uma escapada fortuita. Apesar de ter em Lelê algumas estocadas, não conseguiu um final feliz.

Em uma cena muito vista nessa segunda etapa, Thiago Borbas, da entrada da área, após a bola girar na zona de criação do Braga, encheu o pé e mandou um petardo para o golpe de vista do goleiro Fábio, que assistiu de RSVP o gol que deixara o placar em dois a um. Resultado que se sustentou até o apagar das luzes.

O Fluminense não conseguiu ter o controle da partida, como vinha se acostumando a fazer, inclusive as mexidas de Diniz apontaram mais para jogar em contra-ataque e fechando a casinha. Saíram Ganso, Felipe Melo, Nino e Lima, entraram Lelê, Manoel, David Braz e Thiago Santos.

Os três pontos foram fundamentais e, talvez, seja a única coisa a se comemorar, pois a equipe segue sem alternativas e com muitas dificuldades de encaixar os jogadores que foram contratados para agradar a algum esquema, do qual só podemos suspeitar.

Na próxima rodada do Brasileirão, não poderemos contar com Samuel Xavier e Felipe Melo, pois estavam pendurados e conquistaram o direito de descansar contra o Goiás.

##########

Serviço do jogo:

Fluminense 2 x 1 Bragantino

Campeonato Brasileiro 2023 – 9a Rodada
Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Domingo, 04\06\2023 – 16:00h (Brasília)

Árbitro: Rodrigo José Pereira de Lima
Cartões amarelos: Nino 5’, Ganso 6’, Lima 36’, Felipe Melo 51’ e Samuel Xavier 73’ (Fluminense); Luan Patrick 8’ e Matheus Fernandes 25’ (Bragantino)

Gols: Ganso 27’ e Felipe Melo 34’ (Fluminense); Thiago Borbas (54’)

Fluminense: Fábio; Samuel Xavier, Nino© (David Braz 86’), Felipe Melo (Manoel 78’) e Guga; André, Martinelli, Lima (Thiago Santos 86’) e Ganso (Lelê 70’); Jhon Arias e Germán Cano. Téc.: Fernando Diniz. 4-4-2

Bragantino: Cleiton; Andrés Hurtado, Leandro Realpe, Luan Patrick (Eduardo 46’) e Juninho Capixaba (Guilherme Lopes 71’); Matheus Fernandes (Thiago Borbas 46’), Lucas Evangelista e Eric Ramires (Jadsom 71’); Helinho (Henry Mosquera 31’), Vitinho e Eduardo Sasha. Téc.: Pedro Caixinha. 4-3-3