Diniz e a desatenção com os moleques de Xerém (por Wagner Victer)

Passado o péssimo resultado do jogo com o Corinthians, trago uma reflexão extremamente importante para o futuro do Fluminense, não só do ponto de vista da obtenção de resultados esportivos consistentes, mas também sobre o aumento da nossa capacidade financeira de sair de uma crise que muitos fingem não enxergar.

Não tenho a mínima dúvida de que Diniz é um dos melhores técnicos que tivemos nas últimas décadas no Fluminense, que conseguiu retomar nossa auto estima e impor um estilo de jogo diferenciado, que nos enche de orgulho e que levou até à cobiça pela CBF para ocupar o cargo máximo de técnico da seleção brasileira.

O fato é que Fernando Diniz, apesar do seu estilo e da sua personalidade, ainda está construindo sua carreira e tem seus dogmas positivos e outros negativos, e logicamente alguns pontos a aperfeiçoar, especialmente aqueles que estão relacionados ao Fluminense que foi o clube que de fato o projetou como técnico .

A realidade que temos com Fernando Diniz é que ele não demonstra possuir uma estratégia permanente e coerente de fortalecimento e aproveitamento da base do Fluminense, mas sim executa meros lampejos que surgem de maneira ocasional e não planejada, como foi o caso de Alexander, que entrou para cobrir um buraco na lateral esquerda – e que já vínhamos insistimos no seu potencial – e muito se resistia na sua escalação, inclusive no meio de campo, onde uma série de barangas de empresários eram escaladas.

André e Martinelli são jogadores que surgiram em fases anteriores ao Diniz. Alguns também que subiram dentre elementos ocasionais, como foi o caso do próprio André, que seria emprestado ao CRB ou dado de graça ao Botafogo e que, por uma conjunção de fatores associados à Covid, começou a ser escalado e se tornou um tremendo atleta, inclusive com convocações para a Seleção. O mesmo pode se falar de Martinelli, que vem crescendo ponto a ponto. Esse demonstra ser um excelente jogador, em especial por sua integração com o próprio André.

O caso do Mateus Martins talvez tenha sido o único caso relevante, sabe-se lá se casado com algum interesse empresarial, onde Diniz fez uma aposta com bastante sucesso para dar oportunidade ao jogador e ele se consolidar. Já outros jogadores como Luiz Henrique não se pode creditar o seu crescimento a Diniz, muito pelo contrário.

Enquanto alguns jogadores inexpressivos como Pirani, Giovani e Guga, onde existem suspiros de conflito ético por serem do mesmo empresário dele, receberam chances contínuas, alguns jogadores da base que se destacaram e até foram para a Seleção não tiveram ainda chance, como o próprio caso de Jefté, confrontado por uma sequência de laterais esquerdos contratados à base da piada, e o próprio Arthur, para quem só foi dada uma chance em meio tempo do jogo para o Vasco até voltar ontem, quase que em uma queimação para um jovem que foi titular em todas as seleções de base.

A hora certa do maior uso de Xerém no Flu é sempre quando não há outra saída! E sabemos que não é planejado! Como em cinco anos nossa lateral esquerda com Orinho, Egidio, Barcelos, Cris da Moldávia, Pneida e Jorge e agora Guga improvisado todos, sem exceção, vindo em operações com cheiro de jabaculês, nunca testamos um lateral esquerdo da nossa base? Será que nunca tivemos na base sequer um produzido próximo a essas barangas? Alguém acredita que isso seja normal?

O caso JK foi típico, aliás, também do mesmo empresário de Diniz e que só foi lançado após a Ferroviária, onde se destacou. Finalmente começa a ser escalado em alguns jogos porem o caso de JK ainda é enigmático e sabe-se lá com que objetivo tem surgido essas oportunidades, até porque já conhecíamos o potencial de jogador, inclusive na participação nos Fla × Flu, onde já fez três gols no profissional e considerado “O Caçador de Urubus”.

Diniz é um excelente técnico. Não pode ser avesso a críticas, pois ainda é um técnico em evolução, portanto além de ter que criar alternativas de jogo e tornar nosso time mais finalizador, tem também que corrigir a percepção para a sua pouca contribuição para o crescimento da base, especialmente diante do potencial que temos em produzir grandes atletas em Xerém e, com isso termos esses ganhos esportivos e até financeiros. No momento que aceita adotar posturas de receber passivamente e escalar prioritariamente jogadores sem expressão, criando um tampão, evitando crescer a base, isso gera desestímulos a muitos jovens que tinham em nosso base um ponto atrativo de entrada na vida profissional e de ascensão, e não somente a mero local de boa formação e de captação dos Zangões de Xerém.

Tenho assistido alguns jogos dos mulambos que têm muito mais “bala na agulha financeira” e eles têm testado uma série de jogadores novos e, pasmem, colocando mais jogadores da base, apesar de terem um plantel recheado de estrelas, mais do que o próprio Fluminense, e isso pode parecer muito estranho que aconteça, mas parece que está dentro de um planejamento de fortalecer esses jogadores e até dar visibilidade para comercializá-los, o que que seria uma prática esperada em uma maior diapasão dentro do Fluminense.

Vamos olhar com mais carinho para diversos jogadores que estão vindo da base dando melhores oportunidades, inclusive em jogos rotineiros e não somente em momentos difíceis, como foi jogar a 3 mil metros de altitude, caso do próprio Esquerdinha na Bolivia.

Por fim, temos que esperar que Fernando Diniz traga para participar efetivamente jogadores como Wallace, Isaac, Edinho, Jefté, Arthur e Agner, entre outros, que já estão prontos para terem sua oportunidade como o JK começa finalmente a ter.

4 Comments

  1. PARABÉNS pelo texto. É inequívoco que o nosso Fluminense é um clube formador e revelador de talentos. Assim sendo, qualquer treinador deve estar alinhado a este fato. Reconheço a dificuldade e complexidade para encontrar o “time” de cada atleta, pois é multifatorial mas, assim como vc, estranho casos como os citados no seu texto.

  2. Concordo plenamente com a ideia de trazer a mulecada de Xerém para o time principal

  3. Texto perfeito. Citou alguns nomes do presente, mas se voltarmos um pouco no tempo teremos outros, com o Marlon que está no Botafogo e que foi bem no Goiás. Sem falar do Marcos Pedro emprestado ao Volta Redonda para jogar a série C. E também o Mascarenhas, com quem o clube não teve a mínima paciência e boa vontade.

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