A vitória apoteótica do Fluminense em cima do River Plate na última terça-feira ficará marcada na memória do torcedor tricolor para sempre. Isso porque, além de ser uma partida de Libertadores, foi um confronto em que enfrentamos uma das equipes mais tradicionais das Américas e fizemos um resultado muito expressivo. Três gols de Cano, dois de Arias, grande passe de Ganso… Esses foram os momentos que certamente serão mais lembrados. Nessa coluna, porém, falarei de dois momentos que provavelmente serão esquecidos, mas que talvez tenham construído a goleada tanto quanto esses gols.
Nos primeiros minutos do segundo tempo, o Fluminense tinha dificuldades, assim como teve na etapa inicial, de criar jogadas e imprimir seu ritmo de jogo. Parecia que nada dava certo, os passes não encaixavam, a marcação chegava atrasada e o River ensaiava se utilizar disso para tomar as rédeas do jogo. A torcida sentia o clima estranho, ainda abalada pelo gol sofrido, também não engrenava. Eis que o tricolor vem pro ataque pelo lado direito, uma bola é levantada, Marcelo tenta emendar de primeira e fura. Após isso há uma disputa, o ex-jogador do Real Madrid disputa no corpo – perde mais uma vez – mas não desiste do lance e finalmente, com um carrinho, consegue retomar a bola e reiniciar o ataque. Após o desarme, o Camisa 12 vibra e chama a torcida de volta pro jogo e daí pra frente, todas aqueles detalhes que estavam faltando parecem se acertar, o time se encontra com essa força extra e logo em seguida sai a jogada genial de Ganso para o segundo de Cano.
O próximo lance veio minutos depois, Felipe Melo vinha fazendo boa partida com suas bolas longas e boas intervenções defensivas. Havia mais cedo sofrido um justo cartão amarelo, em uma entrada não tão mais grave que outras dadas por jogadores do time argentino e que não renderam advertência, mas isso já é de costume. Até por essa má vontade natural, havia apreensão na torcida para que ele saísse logo no intervalo para evitar uma situação de um homem a menos. A surpresa veio quando o zagueiro González Pirez foi expulso, tomando o segundo cartão amarelo após agredir Germán Cano fora do lance. Logo após esse acontecimento, Felipe correu com tudo em direção ao banco de reservas e disse para Diniz: “Me tira!”. O camisa 30 sabia, com toda sua experiência, que o juiz não pensaria duas vezes antes de inventar qualquer motivo para compensar a expulsão de um zagueiro dos Milionários e preferiu logo sair de campo para evitar essa possibilidade. Vitor Mendes entrou muito bem e o time dinizsta garantiu bem sua vitória.
Esses dois lances mostram a importância desses atletas experientes no elenco. É claro que André, Alexsander, Lima, Martinelli, Nino e tantos outros com menos bagagem também terão participação vital em conquistas nesse ano, mas a presença de atletas acostumados a disputar e ganhar taças importantíssimas, como Felipe, Marcelo, Ganso e Fábio, será vital para dar corpo e maturidade a esse time nas retas finais das competições.
Eu lembro desse primeiro lance, Heitor. Realmente muito importante ter alguém do quilate do Marcelo em campo. A bola longa dele pra jogada do Keno no primeiro gol também foi essencial. ST.