Definitivamente, quando enfrenta seu principal rival, estar na posição de favorito não ajuda o Fluminense. Pode parecer mera superstição, mas é assim que enxergo esse longevo histórico de confrontos.
No primeiro jogo da final, a sucessiva perda de títulos do Flamengo e a crise com seu técnico português davam ao Tricolor, pelo olhar imediatista da mídia, um, ainda que tênue, favoritismo. O Fluminense, depois de uma boa atuação na primeira parte do jogo, sucumbiu ao adversário porque acomodou-se na segunda parte.
É claro que, como acontece com frequência, a arbitragem favoreceu o clube de regatas. Mas é de Nino, ao pronunciar-se ao fim da partida, a palavra emblemática: “Nós nos sentimos confortáveis depois do primeiro tempo”. Traduzindo: os ares de favorito vinham se confirmando, e a equipe simplesmente relaxou.
Embora a derrota tenha sido dura, e até injusta quanto ao placar, há algo que pode ser comemorado: o favoritismo mudou de lado e, assim, voltamos a calçar as surradas sandálias da humildade.
Foi assim que o Fluminense sempre se impôs diante do Flamengo: desacreditado, com a pecha de timinho, torcida em quantidade bem inferior nas arquibancadas, é assim que o Tricolor gosta de surpreender. A soberba cabe melhor do lado deles.
Não temos um “timinho” como os de outrora, o torcedor deve ir em bom número, mas é do lado de lá que está a considerável vantagem e um time de estrelas, ingredientes para que, do lado de cá, o improvável se torne, mais uma vez, real.
E, além de estarmos novamente com os pés no chão, temos o ânimo renovado com a retumbante vitória sobre o Sporting Cristal no meio da semana, enquanto eles perderam para um time desconhecido pela mesma competição. Nada que afaste o favoritismo de dois gols de vantagem, mas nos dá a esperança de que reverter o resultado, trilhando um caminho diferente daquele do primeiro jogo, é plenamente possível.
Assim, logo mais, o Fluminense poderá escrever novamente uma bela página de sua história, pondo a dissidência no seu verdadeiro lugar. Basta ser Fluminense durante os 90 minutos e que a arbitragem, como pediu Diniz e como deveria ser sempre, atue de forma imparcial.