Sempre que finda um longo campeonato ou um grande torneio e vejo a equipe que chegou ao Olimpo, penso: não foi fácil chegar ali!
Chegar à final do Carioca de 2023 requer ter passado por 12 jogos anteriores e fazer o jogo de número 13.
Aliás, 13 é o número de gols de Lelê no campeonato. Mas deixemos isso de lado, por enquanto.
Chegar à final da Libertadores requer, em média, realizar 14 jogos, a exemplo da caminhada do Flu em 2008.
De verdade, chegar a qualquer lugar exige caminhada e caminhar não é ato preciso. É ato necessário, é privilégio, inclusive. Mas não é preciso.
Caio Fernando Abreu tem uma frase que eu gosto muito: “A vida tem caminhos estranhos, tortuosos, às vezes difíceis: um simples gesto involuntário pode desencadear todo um processo”.
Quando o Flu ganhou a Taça Guanabara, uma euforia apoteótica tomou conta dos tricolores. Diniz, em campo ainda, bradava a plenos pulmões a fresca conquista.
O título vaticinava os passos seguintes: o Flu jogaria as duas partidas da semifinal precisando de dois empates. E o Flu jogaria a semifinal contra o Volta Redonda.
Mas que Volta Redonda?
Aquele mesmo que havia nos vencido pelo placar de 1 a 0 pela sexta rodada da Taça Guanabara.
Aquele que bateu o Vasco da Gama na quinta rodada e que desbancou o Botafogo, deixando-o fora da semifinal do Carioca.
Aquele que, por fim, tem o artilheiro e o ataque mais eficiente do campeonato até aqui. Ao todo, o Volta Redonda marcou, incluindo o primeiro jogo da semifinal, 29 gols. Desses, Lelê fez 13.
Pois é, meu povo: chegar ao lugar almejado não é fácil. O que parecia ser um caminho aberto para a final do Carioca se transformou em drama.
O Fluminense, não tenho a menor dúvida, tem um elenco de mais qualidade que o Volta Redonda. Tem um técnico hábil. Tem um futebol interessante e vistoso.
O que o Fluminense não teve no primeiro jogo da semifinal, no qual perdeu por 2 a 1, foi competência nas finalizações, brilho dos seus melhores jogadores e inspiração para jogar bola.
O resultado do primeiro jogo foi, a meu ver, um desastre. E poderia ter sido pior.
Nesse 18 de março, o Flu tem nova chance de fazer valer a sua superioridade. E, contra um Volta Redonda de números que merecem respeito, não há margem para erros.
André está muito, mas muito abaixo do seu potencial. Parece desfocado?
Ganso não tem chegado nem perto do brilhante jogador que é.
Keno é uma nulidade. Marrony, seu substituto predileto, nem para nulidade tem servido.
E assim, um conjunto de gestos involuntários pode botar tudo a perder. Ou, pelo menos, botar muito a perder.
Mas, pensando bem, se a vida tem caminhos estranhos e tortuosos, são nesses instantes que a mágica acontece.
O meia mais elegante do futebol brasileiro, poderá desfilar em campo sua coleção de possibilidades técnicas.
O nosso convocado poderá estar à altura do que lhe habilitou ser jogador de seleção.
O nosso artilheiro poderá chegar ao místico número 13.
E ao nosso craque da terra de Valderrama, bastará jogar o futebol que tem jogado em campo.
Se assim for o caminho, o epílogo será de felicidade!