E lá vem o chato outra vez: eu.
Uma coisa que me deixa muito feliz, é saber que aqui no PANORAMA eu posso exercer o direito de ser chato, e tocar em assuntos do futebol que em outros lugares seriam proibidos.
Homofobia, racismo, falcatruas e outras barbaridades que ocorrem no maravilhoso mundo da bola de couro.
E dois casos me chamaram à atenção nos últimos dias, dentro deste mundo acostumado com grandes cifras e supostos heróis nacionais.
O primeiro, foi o caso de racismo sofrido por Vinicius Júnior na Espanha. A torcida do Atlético de Madrid, enforcou um boneco que simulava o jogador e não satisfeita, entoou cânticos racistas contra ele.
Qual foi até agora a reação dos dirigentes do futebol espanhol? Manter a velha desculpa, de que quem fez aquilo, não foram torcedores, mas sim, bandidos. Evidentemente, isentando o futebol do problema, e assim, deixando para outros a decisão de punir ou não, estes crimes. Afinal de contas, o futebol é imaculado e os jogadores santos, heróis, semi-deuses que tudo podem (exceto se forem negros, pelo visto).
Não há perspectiva de melhora deste cenário, mesmo porque, o mundo do futebol não se preocupa com isso, pois para ele basta que dois times entrem carregando uma faixa com os dizeres “no racism”, que tudo está resolvido.
O segundo caso que me deixa assombrado, é o silêncio dos jogadores em relação ao caso de estupro envolvendo o jogador Daniel Alves.
Nenhum jogador ou dirigente parece ter ficado sabendo desso caso, tamanha falta de declarações sobre o assunto.
Óbvio que os únicos que chegaram a comentar o assunto, partiram para a defesa do acusado. Afinal de contas, trata-se de um jogador de futebol, portanto era evidente que era vítima de uma mentira. Afinal, jogadores são santos.
Mas conforme as evidências de que a denúncia se comprovava verdadeira e a situação se tornava mais grave, o silêncio voltou.
Mesmo Tite, que disse que Daniel Alves transcendia o futebol e o elevou a condição de uma espécie de profeta da seleção brasileira na Copa parece não ter nada para dizer neste momento.
Aqui vale a máxima: ninguém solta a mão de ninguém.
Já que o futebol parece não querer resolver seus problemas com o racismo, ao menos no caso deste suposto estupro, a justiça espanhola pretende punir o culpado.
Que assim seja. Que esta seja uma punição exemplar.
Que deixe claro de uma vez por todas que o futebol pode ser uma paixão mundial, mas não é absoluta.
Pois, se absoluta fosse, seria Deus, e então estaríamos sujeitos a todo tipo de bagaceira que todos nós sabemos que o futebol tolera há muitos anos.