Candidato Marcelo Souto (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, no intuito de ajudá-los a definir a preferência ou o voto na eleição do próximo sábado, estou registrando, a partir de hoje, minha opinião sobre as candidaturas. Convido vocês a lerem essas análises, que são de um tricolor apaixonado, mas, sobretudo, de alguém que tem se comprometido a analisar a situação do clube e propor soluções.

É evidente que a minha opinião segue a visão que tenho das necessidades do clube, pensando no futuro a curto, médio e longo prazo, mas, acima de tudo, o que vale é a impressão causada por cada candidato.

A análise de cada candidatura será construída a partir das entrevistas feitas pelo site Globoesporte.com. A primeira, publicada nesta quarta-feira, 23/11, foi do advogado Marcelo Souto, da chapa “Herdeiros de Oscar Cox”.

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Como pouco tenho acompanhado o processo, em consequência da minha própria rotina, que não tem sido das mais suaves, pude me surpreender com a entrevista de Marcelo Souto. No meu entendimento, ficou claro que não se trata de uma candidatura que surgiu da noite para o dia, mas do produto de um projeto que vem sendo construído há um certo tempo, que me pareceu muito sólido e promissor, com convicções e propósitos muito claros.

Chama atenção o fato de que Souto não só tem a proposta de dar um salto em termos de profissionalização da gestão do clube, como já apresentou os nomes, não só dos vice-presidentes, cargos políticos, mas também dos reais gestores das áreas, que ocuparão as diretorias executivas. Um modelo implantado e depois parcialmente abandonado por Pedro Abad, razão, em grande parte, da perda de apoio político durante sua gestão.

Da mesma forma, a visão gerencial de Souto coloca as coisas nos seus devidos lugares, com gente de mercado exercendo funções estratégicas remuneradas, vice-presidentes com papel de controladores e o presidente sendo responsável por determinar quais são as diretrizes para o clube.

O projeto prevê o salto de uma gestão amadora para uma gestão realmente profissional, o que inclui a proposição de mudanças no Estatuto (que até me pareceram tímidas) e a adoção de um modelo empresarial, que não significa, necessariamente, a adoção da SAF como modelo estratégico de negócios, sem descartá-la num eventual futuro próximo, mas de forma racional, com debate profundo.

Souto demonstrou estar antenado com a necessidade de geração de novas receitas e apresentou projetos nesse sentido. Da mesma forma, se comprometeu a mudar a política de contratações, restringindo a chegada de peças caras, com idade avançada, sem valor de revenda e com baixa entrega técnica. Só não disse como vai lidar com o assédio de empresários, com quem o Fluminense tem passivos gigantescos, o que nos deixa reféns de suas vontades. Também, é verdade, não foi, por razões óbvias, perguntado sobre isso, já que estamos falando de um tema que transita nas sombras da instituição.

Fiquei muito satisfeito em ver o compromisso com a realização do projeto Laranjeiras 21, que foi posto de lado pela atual gestão. Reforça esse compromisso o fato de ter Sérgio Poggi como candidato a vice. Poggi é um dos artífices e entusiastas do projeto, que tem um tamanho descomunal numa proposta de reerguimento do clube nos aspectos econômico, financeiro, institucional, histórico, esportivo e de marketing.

Laranjeiras 21 significa match days sempre lucrativos, Laranjeiras revitalizada e gerando dividendos para o clube. Em outras palavras: mais arrecadação, melhores resultados financeiros e, quiçá, melhores resultados esportivos ao longo do tempo.

Ao mesmo tempo, Souto enfatizou a vontade de não só manter Fernando Diniz, como transformá-lo em peça central da profissionalização da gestão e dos processos do futebol. Assim como de fortalecer o aproveitamento de Xerém na equipe profissional. Com relação a isso, um aspecto mais preocupante diz respeito à forma como se pretende, com seu projeto, valorizar nossos ativos no mercado do futebol. Souto sinaliza uma política de longo prazo, que passa por montar times campeões na base, com participações expressivas em torneios internacionais. Tudo isso é maravilhoso e eu apoio, mas não é, no meu entendimento, o que valorizará nossos jogadores no mercado e sim o poder de barganha que o clube possa ter nas negociações.

Isso nos leva à necessidade de se buscar investidores, qualquer que seja o modelo adotado para incorporar e remunerar esse capital. Porque, como tenho dito, a chegada de dinheiro novo pode nos brindar com um fundo de gestão da dívida, o que nos propiciaria pagá-la com excelentes descontos e reduzir a pressão sobre o fluxo de caixa, que é o nosso calcanhar de Aquiles e o que incentiva os clubes europeus a fazerem propostas muitas vezes constrangedoras pelos nossos atletas.

Exceto o fato de ter deixado as portas abertas para uma SAF, no futuro, não ouvi menção ao termo “investidores”.

Tirando esse aspecto, fiquei convencido de que estamos diante de uma excelente candidatura, muito antenada com as verdadeiras demandas do clube e do tempo presente, assim como com ideias muito claras e inovadoras, apenas ressaltando que o projeto Laranjeiras 21, na visão do candidato, não exclui o Maracanã, que tem grande potencial de gerar diferentes benefícios para o clube.

Só para concluir, gostei, também, da postura do candidato ao elogiar os aspectos positivos da atual gestão, particularmente no enfrentamento da dívida, utilizando-se de mecanismos capazes de organizar e viabilizar seu pagamento, no que tange ao crescimento dos programas de sócio e na postura política frente ao tema da criação da Liga Brasileira de Clubes. Sem deixar, claro, de apontar os desatinos que sempre e tanto criticamos.

Espero que essa análise tenha sido útil. É uma contribuição que apenas reivindica se somar a tantas outras para que tenhamos uma eleição magnífica no sábado, com a escolha do melhor candidato.

Aguardo as próximas entrevistas para ouvi-las e analisá-las para vocês.

Grato pela atenção e Todo Poder ao Pó-de-arroz!

1 Comments

  1. Parabéns pela análise, Savioli. Espero ansioso as análises das próximas candidatutas.
    Óbvio, que deixarei aqui a minha opinião: Souto parece ter a energia típica da idade, e isso pode sim ser bem aproveitado. Tem boas ideias.
    O único pecado é não reconhecer que se excedeu em algumas declarações.
    Espero ansioso pelo envelope que me comprou.
    Mas, fora isso, é muito bom ver que ainda podemos ter pontos de vista que pode nos ajudar a entender ainda mais todo esse processo.

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