Existe pensamento crítico sobre o Fluminense? (por Paulo-Roberto Andel)

Vamos lá: quando fundei este site há dez anos, meu objetivo era trazer à tona debates diários sobre o Fluminense, com máxima pluralidade e bom nível. Por isso, você acompanha aqui e nas nossas redes mais de 30 colaboradores discutindo o Flu diariamente, de janeiro a dezembro com exceção desde 2022, que veio até novembro devido ao aperto provocado pela Copa do Mundo.

Acredito que o objetivo tenha sido alcançado com sobras. Está sendo. É bom ver que influenciamos a abertura de canais e outros sites/blogs etc – todos os escritos nos copiaram usando (por…) em seus créditos. Outros copiaram outras coisas. Viva Lavoisier!

Termina mais uma temporada e é justo que se discuta os caminhos tricolores daqui por diante. Ainda que as eleições já estejam com desfecho praticamente consolidado, o debate democrático é permanente. Tudo isso tem a ver com política. A vida é um ato político. Escrever e ler aqui ou em qualquer outro veículo tricolor é política. Se boa ou ruim, rasa ou profunda, abrangente ou limitadora, fica por conta dos atores e cenários.

Portanto, para quem quer realmente levar o Fluminense a sério e não apenas como passatempo ou paixonite, entendo que a primeira coisa a se fazer seja se desintoxicar do argumento que reprova a política como parte do processo de discussão tricolor. Importa sim e muito para os resultados do Fluminense a sua construção política no dia a dia. Para mim, ser torcedor não é fazer papel de claque.

Quando o presidente do clube deixa de cumprir um compromisso como o voto on line, prejudicando milhares de eleitores, não há política nisso?

Quando se negocia jogadores de 18 anos por mariolas para custear salários aviltantes de ex-jogadores em atividade, estamos ou não diante de política?

Discutir SAF é política? Claro que sim.

Colocar uma bicicleta numa sala de troféus, também.

O destino das Laranjeiras, a nova temporada, a possível vinda de Fred como dirigente-sócio, tudo é política.

Balancetes não publicados, balanços com números ressalvados e inconsistências matemáticas não devem ser ser discutidas porque porque se coloca a política “acima” do clube? Senhores, isso é ridículo, tacanho e principalmente primitivo.

O problema nas inúmeras rodas tricolores não está no componente político, verdadeiro oxigênio da vida, mas sim numa questão essencial: a necessidade de pensamento crítico exercido sobre todas as pautas a respeito do Flu.

Uma coisa é aplaudirmos os grandes momentos de bom futebol nesta temporada. Outra é, em nome dele, nos alienarmos sobre a gravíssima situação financeira do clube. É plenamente possível ficar feliz com as vitórias do Fluminense, sem usá-las como pretexto de alienação sobre os inúmeros problemas que o clube passa, negados pelos dirigentes como de costume.

Dentro das quatro linhas, apesar de tudo, estamos bem. Não estamos ótimos, longe disso. O saldo tricolor de 2022 deixa a desejar para as tradições do clube. Ter conquistado o Carioca 2022 foi muito bom, mas daí a transformar a hoje modesta competição num grande feito é sofisma barato. Durante muitos anos, o Carioca foi o principal campeonato do país, há muito não é mais. É muito melhor ganhá-lo do que perdê-lo, mas hoje ganhá-lo é, infelizmente, pouca coisa. Da mesma forma, ter conseguido uma boa colocação no Brasileiro não credenciou o Fluminense ao título em nenhum momento. Em nenhuma das 38 rodadas o Fluminense liderou a competição para vencê-la. Dizer isso não é retórica política, mas a constatação de um fato.

Falar dos fracassos da pré-Libertadores, da Sul-americana e da Copa do Brasil é apenas política ou exercício do pensamento crítico?

Durante muito tempo, a torcida do Fluminense foi marcada por muita exigência, debate e questionamentos, comportamentos que inclusive influenciaram a montagem de elencos competitivos e campeões. Não fosse a política e sua vivência do dia a dia, talvez o Fluminense não tivesse se tornado uma das grandes potências do futebol mundial, e quem pretende ter credibilidade pública nos debates tricolores não pode abrir mão do pensamento crítico em nome de ser “mais” tricolor, um argumento esdrúxulo.

Sonho, fantasia e romance fazem parte do futebol. O pensamento crítico faz parte da história da humanidade, e o Fluminense nela se faz presente por motivos evidentes.

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“O Fred vai te pegar.”

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Muito obrigado a todos os que prestigiaram o PANORAMA e CANTINHO neste 2022. Encerramos a temporada mais fortes, mais unidos e com um ambiente muito melhor do que tínhamos no começo.

Voltaremos com tudo em 2023.

1 Comments

  1. Andel, com todo respeito ao Fred, que ocupa lugar entre os maiores de todos os tempos, e com justiça, não só no Flu, mas também no futebol brasileiro, mas quando ele foi ao estádio de metrô, no meio da galera, ficou nítido uma ação pró Mario. Desnecessário. Apequenou um ícone de nossa história. Saudações tricolores….

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