Amigos, amigas, jornada amarga na noite de ontem. Não sei se, por alguma razão, previsível. Não é tão fácil assim de desferir vaticínios. Olhando o jogo, como um todo, teria sido plenamente aceitável uma vitória tricolor.

Há quem diga que a causa da derrota, análise fácil, foi a escalação de Wellington. Achar um bucha é sempre mais fácil do que, pelo menos, tentar analisar com profundidade.

Em nenhum momento me assustou a notícia de que Wellington jogaria. Preocupou-me, outrossim, a possível formação da equipe, com Wellington, Martinelli e Ganso no meio. Um convite, sem dúvida, à ousadia ofensiva adversária, que foi o que aconteceu nos primeiros 20 minutos de jogo, até que finalmente nos lembrássemos de tentar, pelo menos tentar, jogar o nosso jogo, e foi quando fomos melhores.

Confesso que, ao ouvir os rumores de que jogariam Wellington e Martinelli, viajei no tempo até a Taça Guanabara. Na ocasião, o time B, o que jogava o melhor futebol do Brasil, atuava com Wellington, Martinelli, Nonato e Ganso, com Árias e Cano fazendo a dupla ofensiva.

Não obstante, não tínhamos mais Nonato, uma perda que remete a um modelo extravagante de gestão do futebol, em que se perde um jogador que, em tese, tinha um contrato com o clube.

Não obstante, se tínhamos três de quatro elementos de um meio de campo que foi avassalador durante a Taça Guanabara, e isso não é só memória afetiva, teríamos que pensar em um substituto para Nonato, que seria Yago, Nathan ou Michel Araújo. Ou seja, vamos buscar algo no passado para preencher uma lacuna no presente.

Sim, sairia, não por opção individual, mas tática, o Matheus Martins, que ficaria como trunfo para a segunda etapa. Não me parece um raciocínio rebuscado, apenas um exercício de usar um passado positivo para preencher um presente incerto. Poderia Diniz ter pensado o mesmo 4-4-2 com Martinelle, Nathan, Ganso e Yago, ou Michel Araújo.

Por que eu falo nesse 4-4-2? Porque não há uma relação próxima entre o Corinthians atual e aquele que há quase um mês nos enfrentou no Maracanã, se livrando de uma derrota severa graças aos nossos erros. Eu não sei se alguém acreditou que o Corinthians repetiria aquela postura defensiva dos dois últimos jogos. Talvez por não ter visto os últimos jogos do rival.

O Corinthians vem sendo um time que pressiona saída de bola, que briga pela posse e trabalha de forma intensa pelo meio, sobretudo se tem Renato Augusto. Ter um meio de campo povoado, no meu entendimento, seria a melhor tática para enfrentar tal adversário, tirando o ritmo do jogo e esfriando a torcida deles, sem, no entanto, abrirmos mão do nosso modelo de jogo. Fortalecendo-o, aliás, na verdade, na minha opinião.

Reforço sempre que é minha opinião, porque respeito muito o trabalho do Diniz, e quero que ele fique aqui pelos próximos 500 anos. Preferiu nosso treinador sustentar a mesma formatação do time em campo e tentar manter o conceito de jogo. Em alguns momentos funcionou. A vitória de 3 a 0 do Corinthians não reflete em nada o que foi o jogo, cujo placar em nada teria sido injusto se nos houvesse sido favorável. Até certo ponto, diga-se de passagem.

Eu não sou um crítico contumaz do Wellington, embora endosse o incômodo com a forma como se dá a relação entre Fluminense e o referido jogador. Agora, num jogo decisivo, o mínimo que se esperava era que tivesse feito a falta no gol de Renato Augusto. De modo que a entrada de Nathan em seu lugar no intervalo fez todo sentido, fosse do ponto de vista individual, fosse tático. E o Fluminense cresceu no jogo, dando a impressão de que chegaria ao empate.

Mas é aí que começa a sequência de absurdos. Sai Matheus Martins para a entrada de William Bigode. Mais à frente, entram Felipe Melo e Marrony. Como é que você, jogando uma semifinal de Copa do Brasil, espera mudar um placar desfavorável? E o pior é que tais substituições ocorrem no momento em que conseguíamos incomodar a defesa adversária, tomando conta da intermediária.

O que passa pela cabeça do Diniz num momento desses? Qualquer tricolor, por mais lunático que fosse, brocharia diante de tais escolhas. O Fluminense, que perdia de 1 a 0 e buscava o empate, se tornou presa fácil, se desarticulou. Eu nem quero falar do teor das mudanças, mas não é preciso ser especialista no assunto para constatar o estrago. O Fluminense se perdeu taticamente, trocando o domínio pelo completo caos tático. E foi isso que proporcionou os dois gols do Corinthians.

Diante disso, estarei no Maracanã no domingo, porque o Brasileiro ainda é nossa última chance de título em 2022. No Fla-Flu, quem perder dá adeus. Mas quero estar lá para ter certeza de que peças como Fábio, Caio Paulista, Marrony, Willian e Wellington não entrem mais em campo pelo Fluminense. Nosso goleiro é Marcos Felipe, com todo respeito à história de Fábio. Felipe Melo tem que se aposentar. Willian pode ser útil num time de Série B. Caio Paulista, bom, deixa pra lá depois do jogo de hoje. Marrony, eu nem tenho o que falar, enquanto Wellington, esse eu até respeito, mas não cabe num projeto vencedor para o Fluminense.

Saudações Tricolores!