Tricolores de sangue grená, é interessante como o futebol pode ser simples. Bastou que saíssem do time Wellington e William Bigode que o Fluminense venceu três jogos seguidos. Se contra o Avaí os jogadores citados entraram no finalzinho, sob sonoros apupos, parece que Diniz tomou juízo e parou de nos brindar com essas escalações e substituições pavorosas, devolvendo o Fluminense aos trilhos. Falta pouco, bem pouco, pro time ficar ideal. Basta barrar o frangueiro idoso e começar a testar opções reais para a lateral esquerda. Ah, e encontrar o substituto de Luiz Henrique.
Esse último vai ser complicado, porque não há de fato um substituto para ele no futebol brasileiro. Diniz precisará mudar um pouco o modo da equipe jogar e testar peças naquele setor. Espero que Michel Araújo e Matheus Martins estejam na frente da fila, aliás, é o mínimo. Manter um nível razoável de habilidade na vaga do LH pode nos manter competindo em alto nível. Mesmo com as boas atuações que vimos nas últimas partidas, não podemos achar que apoio incondicional é a saída para continuarmos vencendo. Os problemas ainda existem e precisam ser corrigidos, principalmente na reposição.
Ganso saiu sentindo, Arias também, Nonato não joga contra o Corinthians. Num cenário que espero que não se concretize, se os três saem hoje, quem entra? Provavelmente Nathan, William Bigode e Wellington, três jogadores que ou estão em um momento técnico pavoroso ou são pavorosos por natureza. Apesar de termos Martinelli e Yago que podem substituir Nonato, e talvez o próprio John Kennedy que pode ser usado no lugar de Arias, quem seria a alternativa a Nathan se Ganso estiver fora? Não temos. E aí, num jogo contra o Corinthians, em que podemos vencer e nos alçar à terceira colocação, entramos enfraquecidos tecnicamente, ainda que Diniz faça as melhores escolhas.
Gostem ou não disso, é a hora da base aparecer. Falácias que sustentam para irmos devagar empalidecem diante de uma rápida análise sobre os nossos suplentes. O time titular do Fluminense, bem escalado, só tem a lateral esquerda como ponto fraco. Mas o time reserva vai suar para vencer times do Z4. Não há mais razão para não contarmos com os talentos que temos para as posições que, hoje, são carentes. Mesmo que demorem a estourar, precisam ir ganhando chances. Porque se o Luan Brito não vai resolver, como muitas vezes ouço por aí, também não é o Bigode que resolverá. Só que escalando o Bigode, você não está agradando à torcida, e sim ao empresário dele.
A torcida precisa ter um papel mais ativo nesse momento. Em vez de criticar os “corneteiros” que vaiaram as xepas do time que entraram contra o Avaí, deviam entender que essa lua-de-mel tem prazo de validade. Se Diniz conseguisse a façanha de escalar o melhor time até o fim do campeonato, ok. Não haveria razão para questionamentos. Mas não vai acontecer e sabemos disso. Se não colocarmos os moleques para pegar ritmo e se acostumarem ao profissional, escalando em vez disso jogadores inúteis e que só nos farão passar raiva, continuaremos sabotando o rendimento da equipe mais uma vez. No final da temporada, a torcida do Fluham vai estar comemorando de novo o sexto lugar e ter chegado às semifinais da Copa do Brasil. Chega. Eu quero mais do que isso. E vocês também deveriam querer.
Curtas:
– Pedrada absurda no ônibus do Fluminense, cantos homofóbicos da torcida anã, vitória com domínio absoluto do Fluminense no clássico, em que pese o placar magro. Se fosse num país isento, o Fluminense seria assunto o dia inteiro em todas as rádios, canais e programas esportivos. Depois me deem um feedback do que viram e ouviram a respeito nessa segunda-feira.
– Apesar de fazer uma defesa teatral ao Wellington, Diniz não é burro. O time sabe o que quer em campo, tem jogadas ensaiadas, tem repertório. Porém, precisa cruzar melhor as bolas, ainda não sabe bem jogar contra linha baixa, e quase toda equipe mais fraca (de Botafogo a Cruzeiro) emprega em algum momento essa tática contra a gente. É preciso saber entender que essa é a maneira de eles evitarem um baile e ter paciência. O modelo de jogo não funciona bem com um elenco fraco (como o Diniz tinha em 2019), nem em gramados ruins, como temos visto. Sempre que o passe é prejudicado pelo gramado, temos problemas. Diniz precisa treinar alternativas para essas situações e o Fluminense precisa zelar para que o Maracanã esteja sempre com um tapete, pois isso favorece muito o modo como o time joga atualmente.
– Palpite para a próxima partida: Fluminense 2 x 1 Corinthians.
Prova de fogo contra um dos postulantes ao título. Galo, Corínthians e Palmeiras irão lutar pelo campeonato.
Somos franco-atiradores ao lado de times como São Paulo, Inter, Furacão e Dissidência.
Tudo é possível no futebol brasileiro, até porque o nível técnico segue sofrível, e Diniz mostrou que sabe um pouquinho mais que a maioria dos que comandam os times.