Há muito tempo, eu era um garoto encantado com a bola se perdendo em meio aos refletores do Maracanã, enquanto o Fla x Flu inundava o Maracanã numa noite de chuva. Deu Flamengo de goleada, 4 a 0. Voltei chorando no 434 com meu pai e prometi vingança, tudo natural para uma criança. Eu nunca mais esqueci daquele começo de noite e ele repercutiu para sempre.

O goleiro era o Wendell, grande Wendell que acabou de nos deixar. Jogava de camisa verde, numa elegância só. Estavam todos os meus heróis: Miranda, Edinho, Pintinho, Cléber, Fumanchu.

Vinte dias antes, o Flu encheu o chope da Gávea de água e venceu por 2 a 0 na última partida da Taça Guanabara, com o Maracanã lotado.

Um ano depois, fizemos o diabo: Rubens fez golaço, Pintinho fez gol de cabeça, Cristóvão demoliu Manguito e Paulo Goulart enquadrou Zico. Fizemos três a zero de placa. Eu estava vingado. Depois disso já foram muitos e muitos Fla x Flus, onde tudo aconteceu.

Por suas características próprias, é o maior clássico do mundo, pouco importando se o futebol de 2022 é um arremedo do que foi em 1984, 79 ou 64. As camisas rilham seus dentes e ameaçam o bote.

Mudança mesmo é o público atual. Acabou a imposição de povão contra elite. O Flu nunca foi tão elite assim, enquanto o rival passou a ter uma arquibancada quase caucasiana, distante de outrora. Agora tem muita selfie e influencers que só falta andarem de cócoras para ser cumprimentados. Era bem melhor quando tinha um mar de bandeiras e muito pó de arroz.

O tempo não para e, vivos ou mortos, todos estão de olho no Fla x Flu de logo mais. O jogo não decide nada exceto uma relação de bem estar: quem vencer avança na tabela e ganha evidente moral. Eles estão mordidos com os últimos resultados. Tomara que entrem pelo Cano.

O Flu vem de uma goleada inesquecível e de um fracasso retumbante. Precisa se afirmar.

Vai ter Fla x Flu daqui a pouco. Todos os corações do mundo vão bater mais forte. Wendell merece um réquiem daqueles. Vamos que dá.

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Tentar culpar a torcida pelos insucessos na Libertadores e Sul-americana é, essencialmente, coisa de gente mau caráter e que sofre de profunda ignorância sobre a trajetória do clube.

A torcida não chutou bola no pé de atacantes adversários com o gol livre, nem cobrou pênaltis com petelecos, nem jogou bisonhamente em casa neste 2022.

O Fluminense tem toneladas de vitórias e títulos com torcida pequena ou quase nenhuma. Quem pretende formar opinião deveria pelo menos estudar a história do clube.

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A todos os que apoiam o meu trabalho e que o sabotam, uma novidade: um livrinho inesperado só com as minhas crônicas publicadas no Museu da Pelada, espaço que não somente me abriga como dá força.

A audiência do MP humilha as picocelebridades.

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Placar para daqui a pouco: 3 a 2 emblemático.