Oriente Petrolero 1 x 10 Fluminense (por Marcelo Savioli)

Valeu pelo entretenimento

Amigos, amigas, esperávamos por uma missão quase impossível, mas os desdobramentos foram absolutamente surpreendentes. Jogávamos por uma vitória com diferença de seis gols e um empate no jogo de Barranquilla.

A escalação de Diniz, com apenas dois titulares, sugeria um time atuando como franco atirador. Dois meias com muita mobilidade e quatro atacantes. Não sei se mais alguém percebeu o Fluminense atuando num 4-2-4. Mas um 4-2-4 extremamente ofensivo, justamente por causa dos meias: Nonato e Martinelli. Martinelli, aliás, foi para mim o melhor do jogo, atuando como organizador das ações tricolores.

Não que Arias, Matheus Martins, Cano e Caio Paulista não tenham feito grande partida. Fizeram, sim, apesar de termos que levar em conta a fragilidade do adversário. Porém, diante da fragilidade do adversário, atuando de outra forma, que não a de hoje, talvez não houvéssemos feito sequer a nossa parte.

Olhando o cenário antes do jogo eu confesso que me surpreendi ao perceber a classificação como possível. Juntando a escalação do Flu e a rigidez defensiva do Unión, o que parecia possível se tornou viável. Principalmente quando o Fluminense abre a contagem com menos de um minuto numa jogada muito bem trabalhada.

O cenário não mudou mais e cada vez que o Fluminense atacava era uma oportunidade de gol. Algo que podemos atribuir à estratégia de jogo ignorante ou suicida do Oriente. Talvez eles esperassem por aquele time modorrento que enfrentaram no Maracanã. Um simples olhar para a escalação do Fluminense, para quem não conhece o elenco, não sugeria nada em especial. E isso foi, talvez, nossa maior arma.

Talvez, olhando para o passado, o técnico do Oriente pensou ser possível anular o Fluminense marcando pressão. Estratégia suicida, porque fez tudo que Diniz mais ama, ainda mais jogando com um time cheio de mobilidade. Era passar da primeira linha de marcação deles e a Bolívia inteira tremia. O resultado foi que terminamos o primeiro tempo com a exótica vantagem de 6 a 1.

Se, pelo nosso lado, a coisa andava resolvida, o mesmo não acontecia em Barranquilla. Perdendo de 2 a 0, o Junior se defrontava com o que por aqui andaram a chamar de “tempestade perfeita”. Não bastava mais empatar, era preciso virar o jogo, porque o empate fatalmente classificaria o Fluminense. E tudo isso diante do sistema defensivo insuportável do Union.

A classificação argentina estava encaminhada, quase decretada, restando ao Fluminense estabelecer a maior goleada da história da Copa Sul-Americana. O que o Fluminense fez, com todo mérito, com uma grande exibição, decretando um 10 a 1 para lá de extravagante, sobretudo para um time que atuou com apenas dois titulares, mas que, por outro lado, mostrou que tem elenco para muito mais que as vãs filosofias podem conceber.

Aliás, falando em extravagância, o Union conseguiu bater o Junior por 4 a 0, não nos dando sequer uma chance de sonhar com a classificação, que só viria com um empate em Barranquilla. Vamos, porém, convir, que o entretenimento para uma noite de quinta-feira foi muito acima do esperado.

Um Fluminense que não abriu mão de buscar o ataque nem mesmo quando já vencia pelo placar final, embora a qualidade de construção tenha caído com a tempestade de substituições feitas por Diniz. Não pela qualidade dos jogadores. Foi alvissareiro ver JK em campo, mas porque a dinâmica se perde, naturalmente, diante de muitas mudanças.

Eu acho que, diante de tudo que vimos na noite de ontem, qualquer crítica ao passado recente soa como implicância ou má vontade. Não vou fazê-las, em que pese o fato de aqueles que me acompanham aqui já as conhecerem. E que nem são originais, haja vista a visão que permeia toda a crônica tricolor independente.

Tenho até minhas teorias conspiratórias sobre a atuação do Fluminense na Argentina semana passada, mas vou guardá-las para mim. Prefiro dormir curtindo o excelente entretenimento da noite de ontem.

Saudações Tricolores!

1 Comments

  1. Foi épica a vitória de ontem, no aniversário do meu pai, que é banguense e de um tempo em se jogava o 4-2-4 e que times como o Santos conseguiam esse placar com facilidade. Ouvi na narração do canal de youtube que acompanho os jogos do Fluminense que estávamos jogando como a Holanda de Cruiff.

    Não trocaria o jogo de ontem pela classificação porque acredito que não chegaríamos ao título da sulamericana mesmo, exceto se com as premiações fossêmos brindados com laterais de verdade

    Espero que esse jogo sirva para que o Diniz e a equipe possamo nos brindar com excelentes partidas no brasileiro e na copa do brasil e quem sabem em um título em um deles.

    ST
    Fernando – Rio de Janeiro

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