Nesta semana, o Estádio das Laranjeiras completou 103 anos.
Pela primeira vez em sua história de dez temporadas, o PANORAMA TRICOLOR nada publicou a respeito na data, e não foi por descaso ou lapso de memória, mas como uma forma de protesto.
O berço esplêndido do futebol brasileiro há muito é desprezado completamente pelas sucessivas administrações tricolores. No século XXI, Laranjeiras simplesmente não tem história por causa da própria autossabotagem tricolor. No entanto, a cada ano de eleições no clube surgem as velhas promessas de reforma, retrofit, reconstrução e todas são devidamente jogadas no lixo a cada gestão eleita, prevalecendo então os discursos vazios de estádio na zona oeste, como se o Fluminense dispusesse de um único níquel hoje para começar um projeto assim.
A cada ano, basta algum pequeno problema ou intervenção no Maracanã e ponto: lá vai o Fluminense cigano procurando um lugar para jogar. Só neste 2022, já passou pela Ilha do Governador, São Januário, Engenhão e Estádio da Cidadania em Volta Redonda.
Na série A do Campeonato Brasileiro, apenas três clubes não dispõem de um estádio de sua propriedade para mandar seus jogos: o Cuiabá, clube nascido em 2001; o Flamengo, que há anos sonha em abocanhar o Maracanã para sempre e, por fim, o Fluminense, que é uma espécie de vassalo rubro-negro nos assuntos do eterno Maior do Mundo.
A história está no passado mas também é construída no presente. Ao desprezar e negligenciar Laranjeiras, as direções tricolores atentam contra a própria história, contra a gênese do futebol brasileiro. O estádio onde treinaram e brilharam Marcos Carneiro de Mendonça, Preguinho, Romeu, Tim, Castilho, Pinheiro, Didi, Waldo, Félix, Carlos Alberto Terres, Edinho, Marinho, Pintinho, Rivellino, Doval, Cláudio Adão, Deley, Ricardo, Branco, Assis, Washington, Renato, Romário, Fred, Deco e tantos outros expoentes tricolores, não pode ser condenado ao ocaso pela miopia intelectual de dirigentes fanfarrões.
Trata-se de uma pauta urgente e que não pode ficar de fora da próxima eleição, até porque a atual gestão prometeu a devida reforma por escrito e depois rasgou seus compromissos de campanha. A revitalização de Laranjeiras foi jogada no mesmo lugar do voto on line. E não adianta a desculpa furada de que a proposta não era a de habilitar o estádio para jogos oficiais, porque nenhum eleitor que apoiou essa tese votou num argumento de enfeite do gramado. Ao contrário do que alguns dirigentes imaginam, o torcedor do Fluminense não é idiota.
Uma coleção de promessas não cumpridas.
O Mário é resíduo excrescente da FluSócio.