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Quando falamos do time de Abel Braga, uma pergunta simboliza a dúvida de todo tricolor que não suporta mais ver o Flu jogando mal e de forma covarde: qual o motivo de Abel insistir tanto no 3-4-3 que se transformou em 5-2-3, visto que o esquema não teve uma atuação convincente? A torcida tricolor tem conhecimento dos problemas administrativos que assolam o clube, mas vamos tentar manter o debate apenas no plano tático. Abel escalou o Flu com três zagueiros no primeiro jogo da temporada, mas ali apostou no 3-5-2 com Nathan na ligação. No Cariocão, depois da estreia e antes das semifinais contra o Botafogo, só havia usado o 3-4-3 no primeiro tempo contra o Madureira e contra o Flamengo. Nas outras partidas do estadual ele escalou o Flu no 4-4-2 losango e, contra o Millonarios pela Libertadores, postou sua equipe no 4-1-4-1. O 3-4-3 só retornou para o time titular nos dois jogos contra o Olimpia, partidas com desempenho vergonhoso que culminou na desclassificação precoce do Tricolor.
Após a eliminação na Libertadores, acabou aquela história enganosa de que o Flu tinha duas equipes. Na verdade, com Abel, nunca teve nenhuma. Ainda não tem. Mas, no momento que antecedeu a semifinal do estadual, nosso treinador teve a chance de escolher qualquer alternativa que pudesse funcionar, menos o esquema com três zagueiros que havia jogado mal contra Bangu, Flamengo e duas vezes contra o Olimpia. Mas ele insistiu, Antes do primeiro jogo contra o Botafogo, Abel indicou estar na dúvida entre usar o 3-4-3 ou o 4-1-4-1. Porém, a dúvida foi apenas um blefe do previsível e teimoso comandante tricolor. Mais uma vez, tivemos um 5-2-3 acuado e sem meias, com Manoel dando bicões na saída de bola. O Flu melhorou no segundo tempo do primeiro jogo com a entrada de Ganso e a montagem do 4-4-2. Nesse momento, a torcida criou a esperança de que estava morto o desenho com três zagueiros. Abaixo, o 5-2-3 usado novamente contra o Botafogo no jogo de volta realizado no domingo:
Parecia piada ou antecipação do primeiro de abril, mas ele insistiu no esquema fracassado e com os mesmos nomes. Até Manoel pelo centro lascando bicões foi repetido, infelizmente. Mesmo com a vantagem de poder perder por um gol e enfrentando um rival fragilizado, Abel insistiu nesse desenho tático que não possui qualquer propósito estratégico que sustente sua insistência. São três zagueiros que só possuem dois volantes perdidos em um latifúndio e correndo para trás para tocar a bola. Os alas não dão profundidade e batem cabeça com os pontas, isolados do resto do time junto com Cano, peça figurativa do esquema “arame liso”. Na meiuca, aquela clareira. Não adiantava esticar a bola longa para os ponteiros, afinal, o time não tinha meias centrais e profundidade dos laterais para propor jogo. Acuado e sem saída, foi dominado por um rival bem inferior tecnicamente, mas colocado para jogar pelo seu técnico interino. Além dos problemas estruturais táticos, o Flu ainda padece com a postura covarde e continua se negando a jogar.
Em decorrência da postura e pelo fato de não existir qualquer evolução tática visível, não adiantou montar o 4-4-2 na etapa derradeira. O Flu continuou espaçado, sem saída e sem inspiração. O 4-3-1-2 liberou Ganso para receber livre pelo centro, mas isso tirou três homens da fase defensiva, A trinca de meio até balançava junto com a linha de defesa na pressão sofrida durante quase toda a segunda etapa, mas ficava sempre em inferioridade numérica. E assim, o adversário engoliu o jogo, diante de uma defesa frágil e pouco combativa do Flu. Chay começou a cair pela esquerda atrás da linha de meio depenada e fez a festa. Diante de um time espaçado e com ares de cansaço físico e mental, o Botafogo teve os elementos que precisava para fazer o segundo gol, numa mistura que tinha o seu mérito erguido na coragem em detrimento do demérito tricolor afundado na covardia. Ficou nítido que o problema não residia apenas no desenho tático, mas em um conjunto coletivo que não existe. Jamais existiu. Abaixo, o 4-4-2 que Abel usou na etapa final e a superioridade numérica do adversário no campo do Flu.
Na entrevista coletiva, após mais um desempenho sofrível, Abel se eximiu de qualquer erro. Foi tão covarde diante dos microfones quanto tem sido à beira do campo e atribuiu o fracasso às tomadas de decisão dos jogadores. Criticou alguns atletas abertamente e se comportou como aquele super pai que fica bravo quando o filho desidioso vai mal na escola. Também disse que ia tentar explicar alguma coisa no papel, mas que a proximidade do jogo praticamente o impedia de mudar o que nunca funcionou. No dia seguinte, veio a questão de Marcos Felipe, que foi barrado pelo preparador de goleiros, quebrando com o atleta o que fora combinado internamente. Ou seja, temos um time perdido no aspecto tático e agora também com o psicológico no chão. Parece que o choque de realidade ocorrido após a venda de Luiz Henrique mostrou para Abel o que é o grupo e para os jogadores o que é Abel. As feridas expostas foram cutucadas por mais incompetência e agora o Flu navega por águas turvas, com destino incerto. E nada dele explicar os porquês da insistência com o 5-2-3. Salve o Tricolor!