O que nos leva a torcer por um time específico, o que nos motiva ou empolga a manter essa escolha?
Na minha infância tive dois motivos óbvios, podemos dizer: influência do meu pai e um grande herói, um grande ídolo da época que chamava-se Super Ézio. O goleador dos Fla-Flus – e talvez por isso anos atrás já sentiam o tamanho do problema e faziam o presságio, ao dizerem em seu próprio hino sobre o “Ai Jesus”. Minha infância futebolística foi marcada por sofrimento e alguns lampejos de glorias; porém, nada foi capaz de mudar meu amor. Fui o único tricolor do meu prédio com idade entre 8 e 12 anos e, obviamente, tive que aturar diversas zoações dos rivais quando meu time mais uma vez perdia ou simplesmente o time do cara se tornava campeão novamente. Eu pensava quando seria minha vez.
Veio 1995, veio Renato Gaúcho e mudou o percurso. O Fluminense se tornou notório, ganhou o Fla-Flu do centenário, chegou às semifinais no Brasileirão daquele ano e pela primeira vez me vi sendo o centro das atenções de todos quando o assunto era futebol. Foi um ano de glorias e decepções e ali cresceu ainda mais minha identidade com o tricolor e a certeza de ter feito a escolha certa quando moleque. O restante dos anos 90 foi trágico, pois meu querido clube caiu nas mãos de uma diretoria infeliz que o colocou literalmente no fundo do poço.
Gigante como só o Fluminense, um dia ele voltou a alegrar toda a torcida que jamais o largou. Aquele período parecia interminável. Colocamos 40 mil pessoas no Maracanã num domingo às 11h da manhã como se fosse uma final de vôlei no ginásio ao lado nesses horários ingratos. Fomos fiéis e felizes após essa fase. Vieram as mexidas no campeonato brasileiro e não somente devido aos problemas tricolores, muitos não sabem, mas a criação da Copa João Havelange veio salvar muitos outros interesses de clubes grandes que também sofreram com viradas de mesa – a mais marcante pode ter sido a nossa simplesmente por sermos o clube que mais incomoda.
Anos 2000 e o orgulho de volta, jogos com medias excelentes de publico, sempre vencíamos, sempre convencíamos. Elogios todos os dias nos jornais (mesmo timidamente) e, quando eu fazia as comparações com meu tricolor da infância, era só alegria. Chegamos às semifinais de outros brasileiros.
A postura mudou de uma forma tão grande que enfim ganhamos títulos nacionais. Veio a Copa do Brasil, o Brasileiro de 2010 e, mais recentemente, diversas participações em Libertadores. Em um determinado momento da minha vida, um grande amigo cobrou essa postura do tricolor, dizendo que precisávamos voltar a ganhar algo nacional para sermos de novo respeitados. Pensei logo que seria uma cobrança imensurável sobre como o meu humilde time jamais teria condições de tal feito, mas felizmente me enganei.
Pois bem, agora os tais nacionais são nossos, comparações com o passado nos fazem orgulhosos e, mesmo sem títulos na infância, agradeço sempre ter escolhido o clube das Laranjeiras para torcer.
Não vivemos apenas de títulos – temos muitos! -, vivemos de Fluminense.
Esse é de fato o maior orgulho e o maior prazer.
E você como se tornou tricolor por ora, que Fred e companhia tenham ideia da responsabilidade que têm em mãos.
Portanto….
Vamos com tudo, Fluzão!
Bruno Faraj
Panorama Tricolor/ FluNews