Fred: o início, o fim e o meio (por Claudia Barros)

Do sofá de casa. Deve ser assim que Fred assistirá às próximas partidas do Fluminense, pela Libertadores 2022.

Fred, Fred, Fred. Chamo-o trêsvezes para ver se, por um milagre, aparece o Fred.

Que Fred?

Aquele que chegou ao Fluminense em 2009, se fez importante ao longo daquele ano, sagrou-se campeão brasileiro em 2010 e, novamente, em 2012.

Aquele que alcançou marcas importantes para o futebol brasileiro com a camisa mais linda mundo.

Aquele que, pessoalmente, também alcançou marcas únicas e, por isso mesmo, é grato ao Fluminense por alçar voos tão importantes para um atleta do seu nível.

Aquele que foi líder em campo e fora dele por tantas vezes, conduzindo uma gama de jogadores em batalhas memoráveis do futebol.

Aquele que em 2014 foi massacrado por parte da torcida brasileira ao defender a camisa da Seleção na Copa do Mundo. O “cone”, lembram? Fui uma das 10 em cada 10 tricolor que brigou nos ambientes de convivência, bradando: como Dom Fredom resolverá a parada se a bola não chega nele?

Aquele que conseguiu, ainda, emocionar-me no retorno ao Fluminense com sua épica viagem sobre uma bike, de Minas Gerais a Laranjeiras. Confesso, meu povo, chorei muito naqueles dias. Chorei muito ao vê-lo emocionar a torcida tricolor ao longo do percurso, em lugares singelos, com torcedores comuns. Não contive a emoção quando desfraldou a bandeira tricolor ao entrar no nosso solo.

Mas, parou por aí. Não vou jogar flores e nem bancar a esperançosa míope. Faço coro à lista de tricolores que entendeu (1) que Fred está, desde o ano passado, numa péssima fase; (2) que se pergunta se a péssima fase passará e ele terá alguma sobrevida no futebol (3) que se questiona sobre os motivos de insistir com um Fred titular, sabendo que hoje é um jogador a menos em campo (4) que se inquire sobre qual é o principal papel de Fred no Fluminense, hoje.

E aqui vai um claro lamento. Um lamento sertanejo. Já escrevi outros textos sobre Fred, já fui “Fredete”, já lamentei profundamente suas contusões em momentos importantes do Fluminense, já vibrei com a alcunha de Dom, já estampei camisa com seu nome, já mandei corações iguais ao que você sempre nos mandou.

Hoje, não mais. Sou grata e muito pelo que o jogador fez com a camisa tricolor. Mas, neste momento da sua carreira e da sua história no Fluminense não tenho o menor desejo de vê-lo em campo. Mais artista das câmeras do que do gramado, de fato me questiono: qual o seu papel no clube atualmente?

Um dos maiores ídolos da história tricolor, já fez festa no imaginário das mentes tricolores dos meus sobrinhos. Ambos, os sobrinhos amados, foram forjados tricolores com o auxílio luxuoso da imagem do craque Fred. Aliás, Fred, se me permite, ainda quero que eles os conheçam com o manto tricolor. Mas ainda assim e apesar de toda a gratidão e reconhecimento, o jogador não comporta ser titular do time em 2022.

Com atuações aquém do seu currículo e sob o drama de mais uma contusão, Fred precisa sentar no sofá de casa e, além de assistir ao Flu na sequência da Libertadores, realmente pensar: como vou encerrar uma das carreiras mais lindas que o Fluminense já exibiu na sua gloriosa história?

Não é, com certeza, protagonizando atuações similares às exibidas em 2021 e 2022.

Fred é inteligente (um dos mais inteligentes que já vi jogar), além de perspicaz. Certamente saberá trabalhar sua saída do campo para o Olimpo tricolor, sem máculas à sua imagem.

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O Flu no Carioca não tem espaço para discussão: é ganhar do Vasco nesse estranho sábado de Carnaval. Aliás, mais um estranho Carnaval.

O Flu, igualmente, não tem espaço para delongas na Libertadores: é ganhar com tranquilidade do Milionários e seguir sua caminhada histórica.

Sobre o mundo, permitam-me uma opinião leiga: não há maior contradição e loucura do que guerrear e armar uma população, ao passo em que se fala de liberdade e democracia. Não mais sandice do que lutar para salvar vidas e comemorar a posse de armas. Pense num povo doido!