No célebre filme do diretor Brian de Palma, “Os Intocáveis”, o policial Eliot Ness tem um grande desafio que é combater a criminalidade em Chicago.
Um dos caminhos adotados de forma inesperada pelo personagem interpretado por Kevin Costner é a mobilização de uma série de profissionais não aproveitados, mas com potencial, renegados ou já em fase final de carreira e até desacreditados do papel que poderiam ter.
O papel definido ao saudoso Sir Sean Connery é o de um policial já desmotivado, em fase final de carreira, que se destaca nesse belo filme, onde sua experiência e qualidade, apesar do fim trágico, são fundamentais para o sucesso do grupo.
Tal qual em “Os Intocáveis”, Abel está sendo contratado pelo Fluminense não por estar em uma grande fase, que todos sabemos que não está, mas efetivamente dentro do que ele representa para o Fluminense e para o futebol como uma referência com capacidade de tirar ao máximo do Fluminense – e nesse caso se insere o jogador Ganso, contratado no passado de forma efusiva para ser o nosso camisa 10.
Não adianta espernear, como alguns corneteiros querem, dizendo para liberarem o Ganso e rescindir contrato, pois o dele é de longo prazo e qualquer empréstimo certamente não representaria qualquer valor de revenda, sendo que o Fluminense ainda pagaria integralmente o seu salário, ou pelo menos grande parte dele. Ou seja, do ponto de vista empresarial, questionando ou não questionando a contratação, o jogador Ganso já é um custo previsto, um passivo financeiro colocado e, portanto, tem que ser transformado numa grande oportunidade.
Claramente o jogador tem uma técnica que poucos no mundo possuem. Tem o toque refinado e uma visão excepcional. Logicamente está sem motivação alguma e isso é uma função do grande técnico: retirar ao máximo desse profissional que, aliás vinha no Brasileirão jogando bem, mas teve uma contusão no braço/ombro que provocou seu afastamento.
Não falo isso como uma mera teoria ou para aqueles que dizem que no futebol tudo é diferente. É que na vida, por diversas vezes, peguei profissionais que estavam desmotivados e desacreditados, mas consegui que eles dessem o seu máximo e voltarem a serem brilhantes. Isso requer atenção e um plano, e só é possível quando existem três condições: quando damos o nosso foco para essa virada, quando o profissional tem talento e quando o profissional percebe que está recebendo uma oportunidade.
Me lembro quando o Francisco Horta trouxe Carlos Alberto Torres para a Máquina. Muitos diziam que ele não era o mesmo e estava acabado para o futebol. A história mostra o que deu.
Se o técnico Abel identificar que claramente o Ganso é um jogador de 45 a 60 minutos e conseguir aumentar sua intensidade e presença com trabalho específico, certamente teremos o melhor jogador da temporada, pois nenhum daqueles contratados conseguem ter efetivamente parte da qualidade que ele ainda possui nos seus pés.
O passe preciso do Ganso com a presença do argentino Cano e de outros jogadores infiltrando, como o Nathan, pode ser um diferencial para o Fluminense.
Esse é o ponto que se coloca o Abel, na expectativa de que não seja um mero desafio, mas sim a oportunidade de voltar a mostrar que é um grande técnico e valorizar a sua vinda para o Fluminense. Se o Abel conseguir resgatar Ganso, valeu a vinda dele; porém, tem que estar muito atento ao tema e não achar que um jogador desse quilate, pagando o que pagamos, tenha que ficar renegado ao segundo plano ou ao ostracismo.
Cirúrgico, como sempre! Basta liderança e habilidade de gestor por parte do Abel, e gana e humildade por parte do Ganso. Talento, alí não falta. Basta aquela mordida da formiguinha…
Perfeito! Hoje mesmp comentei isso com meu filho. Creio que sabendo utilizar o PH Ganso teremos um baita jogador. ST
Excelente matéria Victer! Também vivenciei em minha vida profissional, pessoas que estavam “encostadas”, desmotivadas e apresentaram excelente performance, a partir de uma nova oportunidade. Ótimo desafio para o Abel e o Ganso!!!
Perfeito! Ganso está (ou estava) desmotivado. Os técnicos fracos que o Fluminense teve nas duas últimas temporadas não exergavam o talento desse grande jogador, para aproveitá-lo da melhor forma. Técnicos que veem o futebol de modo reativo, priorizando marcação e transpiração, quando criação e inspiração são as principais virtudes do bom futebol, e Ganso tem de sobra estas duas virtudes. Cabe a Abel o desafio, botar a roda pra girar. Bem disse o colunista Wagner Victer.
Amigo Victer,
Que Deus venha inspirar o Abel e o Ganso
Abs Gérard
Concordo plenamente e espero que o Ganso ainda volte a dar alegria a torcida tricolor
Perfeito victer