E foi de virada, com direito a um tobogã de emoções que nossa vitória sobre o Palmeiras emplacou. Não só virada no placar, após sair perdendo de 1 a 0 na primeira etapa, mas sobretudo de comportamento e escalação no geral.
Quando o clube publicou a escalação dos onze iniciais, não foram poucas as reações de desânimo e decepção. Eu mesmo escrevi por aí que só faltava saber de quanto (perderíamos). E não é por não confiar e não torcer pelo Fluminense, mas por saber que com o time que iniciou a partida, perderíamos. E perdemos. Pelo menos no primeiro tempo com o time que foi a campo, com um golaço de Dudu arrematando um rebote pós-escanteio, pouco depois do nosso goleiro Marcos Felipe operar 3 belas defesas em sequência, postergando o primeiro gol do jogo.
Deixando de lado todo o ambiente de Departamento de Futebol do Fluminense versus Torcida versus Flanelinhas da gestão, a atmosfera deste domingo esteve muito mais por conta das arquibancadas e das manifestações dos torcedores do que pelo time em campo. Embora seja uma panaceia dizer que a torcida é o 12º jogador e outras cousas semelhantes, o que já se tornou um clichê, porém como me alertou um escritor certa feita: o clichê o é por ser o que é. Então que seja, porque hoje essa troca de reclamações, vaias, torcida e entusiasmo fez uma simbiose produzindo o desfecho do Maracanazzo à brasileira, com os dois primeiros campeões mundiais duelando no palco das finais de 1951 e 1952.
Retomando o campo e bola, a equipe saiu do primeiro tempo no lucro ao sofrer apenas um gol do aleatório Palmeiras, menos pelo ímpeto palestrino e mais por inoperância e incapacidade técnica e física da nossa Squadra, que hoje tal qual soldados que levam suprimentos a um determinado ponto nos campos de batalha se vestiu, camuflado com a nova terceira camisa do Fluminense, com menos de 50 tons de cinza e apresentando um layout rajado, que para o gosto desse que vos escreve é feia (destacando apenas a homenagem feita à torcida cravejada na parte interna do tecido da costa), assim como o futebol (não) apresentado na primeira etapa da epopeia.
Já com ares de mudança e a ouvir a torcida – em partes, pois o cotista Lucca veio a campo –, Marcão começa a se convencer de que o time que iniciou a partida jamais venceria o Palmeiras. Retirou então o incapaz Caio Paulista e o desencontrado Jhon Arias, trazendo de volta Gabriel Teixeira (lembra dele?) além do “nosso Gum de hoje” segundo o capitão Fred, tá bom, fazer o quê? Com mais ímpeto e jogadores mais dinâmicos e intensos, outros dois jogadores acordaram: Yago Felipe e o gol fortuito, que já nos segundos iniciais da segunda etapa, nos ajudou a empatar a peleja.
Teríamos possivelmente feito já outro gol logo depois não fosse o desafortunado Wellington ter dado um empurrãozinho nas costas de Raphael Veiga no início da jogada que originaria o pênalti cometido em Lucca, o mesmo que poucos minutos depois perderia um gol quase feito, de uma bola que ele lutou para arrancar dos pés do zagueiro Luan. Mas não fez falta, porque logo na sequência, já com Cazares e Gustavo Nonato em campo, os dois articulam jogada que termina nos pés do iluminado Yago Felipe, que acertara um lindo chute da entrada da grande área que encontrara o cantinho esquerdo do bom goleiro Weverton, tendo ainda o Juan Cazares se esquivado da bola para que pudesse seguir seu rumo, fazendo lembrar Romário naquele famoso gol de Branco pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1994, em que desviou para que a bola, também naquela ocasião, encontrasse as redes.
Já no último minuto do tempo regulamentar, John Kennedy ainda acertaria uma bola no travessão, um capricho, pois seria muito legal esse gol dele. Mas não foi dessa vez. Por fim os jogadores, enebriados das sensações que o jogo provocou, estrelaram cenas lamentáveis de agressões, simulações, irritações e um monte de “bad vibes” detestáveis, incluindo Fred, que mais uma vez perde as estribeiras, conseguindo ser expulso ao apito final.
Torcendo muito para que o Marcão – e quem o ajuda a montar o time que vai a campo – entenda logo que deveríamos iniciar os jogos como terminamos esse, com jogadores capazes de realizar um futebol de intensidade e de transições rápidas, que consegue dar pressão e sufocar o adversário, pois tudo isso fomos capazes de realizar com os onze finais.
Chega de presidente no vestiário!
Chega de Diretor cochilando!
Chega de Guerra com o Torcedor!
Chega de jogadores titulares sem merecer!
Queremos nosso Fluminense de volta!