Amigos, amigas, nas vésperas do jogo de ontem recebemos a notícia de que Fred sofreu uma lesão no dedo do pé e para por tempo indeterminado. Má notícia? Não, de forma alguma. Uma oportunidade para Marcão iniciar uma transformação necessária e já tardia na escalação e na forma de atuar do Fluminense.
O que faz Marcão? Escala Bobadilla no lugar de Fred e não opera nenhuma mudança tática. Bobadilla pareceu levar a sério o papel de dublê de Fred, repetindo fielmente os movimentos do camisa nove, de modo a garantir que nada, rigorosamente nada, mudasse na forma de jogar do Fluminense.
Marcão recrutou John Kenedy para o jogo de ontem, desfalcando o Sub-20 em partida decisiva do Brasileiro, que terminou com nossa desclassificação. Tudo bem, se o atacante não tivesse sido relacionado para sentar no banco para o Bobadilla. John Kenedy, que vinha fazendo gols em profusão no Sub-20, tendo sido peça fundamental na conquista do Estadual da categoria, quando o time profissional do Fluminense completou ontem três jogos sem marcar um único gol.
Mesmo assim, o Fluminense percebeu no Corinthians o tipo de adversário contra o qual se sente muito à vontade atuando. O Corinthians é um time que gosta de tomar a iniciativa, mas não prima por ser um time rápido, que se torna presa fácil para o estilo de marcação tricolor, com linhas baixas e negação de espaços no último terço do campo.
Os primeiros dez minutos sinalizaram um massacre corinthiano. Foi quando conseguiram acelerar o jogo, explorar os lados e criar duas oportunidades claras de gol. Daí em diante, o Fluminense conseguiu controlar a intermediária, primeiro com os volantes trabalhando a busca de espaços, o que não surtia efeito, devido ao posicionamento distante e desconectado dos atacantes. Num segundo momento, o Fluminense começa a quebrar a marcação do Corinthians pelos lados e se tornar mais perigoso. Mais adiante, o Fluminense devolve a bola para o Corinthians, que passa a cometer erros ao, ansiosamente, buscar infiltrações pelo meio. É então que o Fluminense passa a encontrar espaços na defesa do Corinthians para criar oportunidades, mas a falta de mobilidade de Bobadilla e as ausências cognitivas de Luís Henrique acabam fechando o caminho para a vitória.
O primeiro tempo termina com o Corinthians recuperando totalmente a intermediária e acuando o Fluminense no último terço de campo. Oportunidade de gol? Só uma, num arremate de Fagner.
Marcão pareceu estar satisfeito com o que estava vendo, tanto que não mudou uma única peça no time. É nessa hora que a teimosia cobra seu preço. O Fluminense volta para sua marcação baixa e deixa o Corinthians com a total iniciativa do jogo. Lento e sem imaginação, o Corinthians bate e volta na retranca tricolor. Para piorar a situação, não raro concede possibilidades de contra-ataque, que o Fluminense desperdiça, sempre contando com a ausência de Bobadilla e as decisões erradas de Luis Henrique, enquanto Caio Paulista, quando podia, corria com a bola até ser desarmado.
Mesmo sem espaço e inspiração, o Corinthians passava quase todo o tempo rondando nossa área, uma situação da qual eu não gosto nem um pouco. Passáramos dos 20 minutos e nenhuma das equipes criara nada, depois de um primeiro tempo até agradável. É então que Marcão tira da cartola uma substituição dupla. Tira Bobadilla e coloca John Kenedy, que deveria ter começado jogando ou, no mínimo, entrado no intervalo, para atuar com Luís Henrique e Caio Paulista para termos um ataque ágil e veloz. Então Marcão tira Luís Henrique para colocar John Árias, não mudando em nada nossa estrutura tática, a mesma que nos fazia jogar sitiados em nossa intermediária.
Só que não deu nem tempo de observarmos o produto dessas substituições, porque no lance seguinte o Corinthians abriu a contagem no primeiro lance do segundo tempo em que nossa defesa falhou na recomposição. A virada de bola da esquerda encontrou Gabriel Pereira livre para bater de primeira, de chapa, cruzado, sem defesa para Marcos Felipe.
No minuto seguinte o Corintians estava, aos 25 minutos do segundo tempo, todo entrincheirado no último terço do seu campo, e de lá não mais saiu, deixando o Fluminense com a bola, porém com grandes dificuldades de saber o que fazer com ela. Acertada e tardiamente, Marcão decidiu dar nova dinâmica pelo meio, colocando em campo Cazares, que passou a ser o melhor em campo, e Martinelli, tirando os pouco inspirados Nonato e Yago.
Porém, como nenhum acerto vem de graça, Marcão decidiu ressuscitar Abel Hernández para substituir Caio Paulista, tirando o que nos restava de amplitude. Acabamos presos em nossa própria armadilha, mais desgarrados da faixa que briga pelas melhores vagas na Libertadores do ano que vem, mergulhados na água de salsicha e mais próximos do Z-4, podendo terminar a rodada a até cinco pontos de distância da zona da degola.
Será que insistir numa postura tática e numa escalação que não produzem bom futebol, e agora os bons resultados obtidos num passado recente se mostram enganosos, é fruto de teimosia, falta de iniciativa ou imposição vinda de cima para que determinados jogadores sejam escalados?
Quanto tempo mais Marcão deixará Martinelli, nosso meia mais criativo, no banco? Quando Marcão escalará John Kenedy desde o apito inicial, para termos uma medida mais clara do que é capaz de produzir um ataque jovem, habilidoso e veloz? Por que Marcão não tenta voltar para o 4-2-3-1, com John Árias entrando pelo meio, até para nós sabermos o que pode entregar o colombiano, que ontem esteve muito mal?
Ou será que Marcão só sabe distribuir coletes, que é incapaz de ter suas próprias ideias e propor mudanças táticas para tentar melhorar o time?
Saudações Tricolores!