Amigos, amigas, eu confesso que não esperava qualquer facilidade no jogo de ontem contra o Bahia. Esperava um jogo difícil, não só porque o adversário tem muitas qualidades, como também em razão da escalação esperada do Fluminense.

Sem Luís Henrique e Abel Hernández, suspenso, o Fluminense ainda perdeu Gabriel Teixeira, que voltou a sentir a lesão que o deixara fora de combate nas últimas semanas.

Com Luca e Fred no time, a expectativa sempre é de escassez de ações ofensivas e John Arias era ainda um ponto de interrogação. Aliás, foi Arias, o melhor jogador no quesito construção de jogadas no primeiro tempo, em que as duas equipes maltrataram muito a bola e falharam bisonhamente em criar ações ofensivas.

O Fluminense se restringiu a uma tabela de Arias com Fred, aio cabo da qual o centroavante finalizou sem força para o goleiro baiano defender. O detalhe é que Fred, quando recebe, percebe o lado esquerdo da defesa do Bahia totalmente descoberto e procura alguém vindo de trás para rolar a bola, mas nem uma alma penada passou, razão pela qual teve que preferir a finalização.

Lucca, apesar de atacante, raramente entrava na área. Para nossa felicidade, cobrou uma falta com perfeição, abrindo a contagem para o Fluminense. Que voltou para o segundo tempo com a mesma formação. Fred marcou o segundo, porém em posição ilegal, logo no começo da segunda etapa.

A partir de então, o Fluminense mergulha de cabeça em um crescente e interminável pesadelo. Sabendo que o Fluminense é totalmente incapaz de contragolpear um adversário, ainda mais com os ponteiros já desgastados, o Bahia começa a adiantar suas linhas e o Fluminense vai docilmente aceitando ser amassado.

Com a marcação do Fluminense muito recuada, Daniel recua para trabalhar no espaço vazio e organizar as jogadas do Bahia. O saldo disso são duas bolas no travessão, um caminhão de escanteios contra nós e mais uma meia dúzia de sustos.

As substituições de Marcão não surtiram nenhum efeito. Trocou Fred por Bobadilla aos 25 minutos, depois tirou Martinelli para colocar Nonato e Lucca para a entrada de Casares. Com a proximidade do apito final, tirou Arias, que já estava com as duas línguas para fora, e colocou Manoel. Terminamos o jogo, portanto, com três zagueiros, três volantes e um atacante.

Tirando o gol anulado de Fred, não produzíramos nada ofensivamente no segundo tempo. Mesmo assim, a vitória já parecia assegurada quando o Fluminense recebeu uma falta jungo à linha lateral da área, pelo lado esquerdo do ataque tricolor. Era o tempo de cobrar a falta e o jogo terminar. Sequer eram notados jogadores do Fluminense na área para tentar o cabeceio contra o gol baiano. Casares, então, cobra a falta no ângulo, o goleiro consegue um tapa na bola quase tirando-a de dentro do gol. A bola volta em direção à marca do pênalti, a defesa do Bahia não consegue afastar e Bobadilla consegue a finalização violenta. A bola ainda desvia num defensor e vai para as redes.

Final: 2 a 0 Fluminense. Um placar para lá de enganoso que nada teria de espantoso se houvesse sido a favor do Bahia. Teria, aliás, sido mais justo. Para nossa sorte, futebol e justiça não costumam frequentar a mesma roda de amigos. Conseguimos a vitória que nos tirou da zona de rebaixamento, mas ficou forte a impressão de que não estamos no caminho certo.

Termos três volantes significa contarmos com três homens criativos, velozes e habilidosos na frente. Não é o que temos. Arias, que deveria construir próximo à área, vem no meio fazer o papel dos volantes. Lucca abusa de cometer erros técnicos durante todo o jogo. Fred repete a rotina de Lucca, só que sem marcar ninguém. Se Marcão acha que vai a algum lugar com essa proposta, é melhor a torcida não criar nenhuma expectativa. É, no máximo, escapar do rebaixamento e pegar uma Sul-americana em 2022.

Saudações Tricolores!