Amigos, amigas, Fluminense e Volta Redonda fizeram um jogo equilibrado em Bacaxá no extravagante (mas bota extravagante nisso) horário das 16h, numa sexta-feira de sol escaldante.
Quem criou essa anedota merece todo o nosso aplauso, porque tudo no mundo foi feito para ser transformado, mas assim mesmo, à revelia do bom senso.
Quando a gente diz que Fluminense e Volta Redonda fizeram um jogo equilibrado, que terminou com vitória do Volta Redonda, isso, em tese, deve preocupar o torcedor. Afinal de contas, parece ser esse o nosso time titular, o que é ainda mais preocupante, mas vamos por partes.
Para atestar o equilíbrio, as estatísticas mostram que, apesar dos 62% de posse de bola do Fluminense, as equipes se equivaleram em oportunidades claras de gol, com 9 a 8 para o Fluminense. Tivemos, ainda, 23 a 18 em finalizações, mas o que chama atenção é o número de faltas. O Volta Redonda fez 22 faltas, contra 8 do Fluminense, e isso começa a explicar o que aconteceu em campo.
Ao analisar o primeiro tempo da partida de ontem, Roger atribuiu a facilidade quase indecente com que o Volta Redonda atravessava a intermediária em direção ao nosso gol ao excesso de jogadores do Fluminense adiantados, o que se mostrou uma faca de dois gomes, ou, antes, uma temeridade.
De um lado, chegávamos com muito volume às imediações do gol do Volta Redonda, inclusive criando algumas boas oportunidades de gol. De outro, colocávamos o homem da bola em dificuldade no momento da construção, pois faltava aproximação para o time evoluir com passes curtos. Isso, muitas vezes, acabava impondo passes longos e bolas divididas.
E é justamente aí que a casa cai, porque o Volta Redonda, sempre que conseguia o desarme, encontrava uma avenida. O Fluminense, que muitas vezes tinha os dois laterais vendidos, mal conseguia formar uma última linha de defesa, com os zagueiros quase sempre tendo que pegar o atacante no mano a mano.
Lembram do que nós falamos sobre a desproporção no número de faltas. É porque nem aquelas faltas táticas o Fluminense conseguia fazer para parar os contra-ataques do Volta Redonda, simplesmente porque nunca tinha alguém próximo ao homem da bola, que atravessava a intermediária como quem passeia na beira da praia, sem ser incomodado.
O segundo gol deles começou numa roubada de bola, com colaboração generosa de Egídio e Lucca, que protagonizaram jogada bisonha antes da roubada de bola do Volta Redonda. A defesa foi pega toda desarmada e isso se repetiu em vários momentos, de modo que o Volta Redonda esteve perto de sair de campo com uma vantagem ainda mais generosa no intervalo.
Tudo que eu disse aqui foi, em outras palavras, dito pelo Roger e estava nos comentários que li e assisti sobre o jogo de ontem.
Vem o segundo tempo e o Fluminense, com a mesma formação, apresenta ainda mais volume de jogo, inclusive com os zagueiros muitas vezes entrando na intermediária adversária para atacar espaços e ajudar na armação.
A verdade é que o Volta Redonda nunca teve facilidade para marcar o Fluminense, mas isso se agravou no início da segunda etapa, ao ponto de termos Luis Henrique fazendo passe magistral junta à lateral da área para Matinelli, que se infiltrava por dentro. O volante tricolor teve calma e perícia para encontrar o pé de Fred na pequena área.
Como o Fluminense apresentasse alguma dificuldade para manter a pegada, Roger nos brindou com a repetição da brilhante solução repetida por Marcão ao longo de sua passagem no comando tricolor. Saíram Lucca e Luis Henrique para a entrada de Kayky e Gabriel Teixeira.
Reparem que eu acabara de escrever que Luis Henrique iniciara o lance do gol do Fluminense. Já dera passe espetacular para Fred perder na cara do goleiro no primeiro tempo. Luis Henrique era o jogador que mais e melhor criava no time do Fluminense, de modo que só posso dizer aqui que Roger pode até ter visto o mesmo jogo que nós, do ponto de vista tático, mas parece ter problemas com a avaliação individual.
Eis, no entanto, que Kayky, que, em que pese seus momentos de distração, joga muita bola, faz belo cruzamento para a área. A bola passa por todo mundo, menos por Gabriel, que arremata meio de joelho e carimba o travessão. A bola volta limpa nos pés de Fred, que empurra para o gol e empata a partida.
Até aquele momento, o Volta Redonda vivia seu momento de maior escassez no jogo, pois o time do Fluminense se compactava mais à frente, evitando os buracos à frente da linha de zaga. Mesmo assim o Volta Redonda tivera grande chance, com Marcos Felipe saindo de forma arrojada aos pés do atacante para evitar o gol.
Eis que lá pelos 40 minutos Roger decide colocar John Kenedy no lugar de Fred. Bom, essa era a intenção, porque quem acabou saindo foi Yago. Eu nem tinha percebido a troca quando me peguei perplexo, com a defesa do Fluminense incrivelmente exposta. Cheguei a comentar comigo mesmo que em coisa de três ou quatro minutos o Volta Redonda finalizou três ou quatro vezes da entrada da nossa área.
Mesmo assim, Gabriel Teixeira teve a chance do jogo e desperdiçou de forma bisonha. O tal do Alef, que é um baita dum atacante, não teve a mesma gentileza na sequência e bateu no cantinho de Marcos Felipe para decretar a vitória do Volta Redonda.
E o Roger disse que tirou lições importantes desse jogo. Acredito nisso, já que pelo menos ele viu o mesmo jogo que nós. A questão que deve nos perturbar em tudo isso é se as soluções que virão desse aprendizado se restringirão a tentar organizar o time sem mexer nas peças.
Mal terminou o primeiro tempo ontem, eu já tinha as substituições no intervalo na ponta da língua. Sai: Nenê, Fred e Lucca. Entra: Gabriel, John Kenedy e Kayky. Mas Roger fez as substituições protocolares.
Qual a conclusão a que nós podemos chegar? O time titular é esse que entrou em campo, com exceção do Frazan, que jogou no lugar do Lucas Claro e cometeu falha bizarra no primeiro gol do Volta Redonda, independentemente de quem seja o treinador.
Pelo menos nós saímos daquela situação de ser um time com pouca iniciativa ofensiva. Ontem nós tivemos muita iniciativa e variações de movimentação na frente. E talvez tenha sido um dos motivos da derrota o fato de mudarmos o jeito de jogar sem mudarmos as peças.
Saudações Tricolores!