Fluminense e Internacional, 2010, baile em três cores no Maracanã. Era a chance de ouro para a consolidação da liderança tricolor no campeonato: não perdíamos há dez jogos e já figurávamos entre os favoritos, para o desespero dos mesmos senhores supremos do futebol que apontaram a nossa queda como certa em 2009, tentando, novamente, ignorar a força que existe dentro da camisa verde, branca e grená.
Pois bem: era uma tarde de domingo, um Maracanã alucinado em busca do topo, mais o mar de bandeiras, de gente, de empolgação, de felicidade, de torcida e aflição pelo triunfo. Mais do que justo: estávamos na saga para celebrar o que não víamos há vinte e seis anos. Houve um lindo mosaico na arquibancada que festejava os títulos brasileiros de 70 e 84, revelando uma torcida apaixonada e ansiosa para, em dezembro, poder realizar outro – agora, com três números. E aconteceu: basta ver o vídeo do jogo contra o Guarani.
Nós tínhamos força, tínhamos calor, tínhamos obsessão pela vitória – não que isso tenha terminado na torcida, pelo contrário; mas, nos gramados, sim. Tínhamos jogadores dispostos a honrar verdadeiramente o escudo centenário que carregavam em campo: Conca, Washington, Mariano, Gum, Deco, Fred. Na dianteira, tínhamos Muricy. Não trata-se de um tricolor, mas de um técnico empenhado em vencer – e cumpriu seu papel no Flu. Havia compromisso, desejo de vitória embalado pela batalha imortal contra o rebaixamento em 2009 – que fez nascer o tricampeonato.
O Fluminense foi a campo de cabeça erguida, mostrando a que veio. O Inter, por sua vez, sucumbiu: levou para o Sul um 3 a 0 monumental. Com vinte e dois minutos, o Tricolor já tinha feito 2 a 0: primeiro com Mariano, invadindo a direita e chutando para o gol, sem chances para Renan, goleiro colorado; depois, após cobrança de escanteio de Conca, Washington, elegantemente, foi de cabeça e marcou seu tento. Ali, apesar do notável equilíbrio, o Inter já sabia que não dava mais. Havia um Fluminense determinado a vencer, em harmonia com a torcida e os tricolores que já estavam em outro plano, entretanto, mais vivos do que nunca.
No segundo tempo, caixão fechado: Emerson, com sua força sabida, fuzilou as redes e concluiu o que já estava concluído desde o apito inicial. Alegria da torcida, desespero dos rivais e dos secadores. Era o Fluminense gigante vencendo mais um certame. Era mais um presságio do tri. Era mais uma vitória tricolor em sua história. Era o verdadeiro e invencível Fluminense em campo, tendo consigo a velha força de Gravatinha: o Avaí venceu o Corinthians na mesma rodada, deixando-nos mais folgados ainda.
Praticamente uma década depois, tudo mudou. Muitos daquele time já se aposentaram, outros continuam ativos e apenas um incorpora o plantel atual: Fred. Evidentemente, não é o mesmo – falta-lhe o físico de antes, consequência da idade e das inúmeras lesões –, porém, carrega uma legião de fãs – justamente obtida.
Neste domingo, o Flu encara o Inter no Beira-Rio, tendo de vencer para seguir em frente e virar a página das últimas duas péssimas derrotas. Ainda é possível contornar esses resultados, voltando ao ritmo que nos deu o período invicto no primeiro turno. Se repetirmos a dose, faremos sessenta e quatro pontos – pontuação que nos dá, no mínimo, a vaga pra Libertadores. Fica a minha torcida – e a de todxs nós, claro – para que nossos jogadores usem a partida que lembrei nesta coluna e as glórias existentes em Laranjeiras como inspiração não só neste confronto, mas em todo o restante da competição.
Precisamos ser felizes como antes. E o Fluminense também.
Colaborou Fabiano Artiles
Panorama Tricolor
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