Num clube de futebol temos a receita, o que entra (cotas da televisão, venda de jogador, venda de camisa, sócio torcedor etc.) e a despesa. E o que que sai: contratação de jogadores e investimento em estrutura (categorias de base e centro de treinamento).
O certo seria que o investimento na estrutura fosse maior do que na contratação de jogadores, mas quando o clube anda mal das pernas os dirigentes acabam sendo imediatistas e apelam para contratações que levantam o ânimo do torcedor, porque ao final o que o este quer é ver seu time ganhar campeonatos ou, pelo menos, ter a esperança disso.
O investimento nas contratações acaba sendo uma peça fundamental para avaliar o desempenho de uma diretoria. Na nossa realidade, sem capacidade para esperar uma reestruturação a mediano prazo, constatamos que os investimentos em estrutura são inferiores ao valor gasto em contratações. Aqui que encontramos o problema, porque se não conseguimos contratar jogadores bons (porque são caros), também não conseguimos efetivar garotos talentosos da base porque são vendidos antes de aparecer no elenco principal, ou porque o trabalho com a base é insuficiente.
Neste raciocínio, não podemos colocar a culpa no Fred, no Ourinho, no Egidio, ou no Ganso. Temos que pensar num todo que acaba sendo um caminho mais construtivo.
O Fluminense com um orçamento de time modesto.
O primeiro tema é o destino dos investimentos, o segundo tema é nossa incapacidade de ter força financeira. O Fluminense investiu 4 milhões em 2019, algo muito abaixo de outros clubes como Fortaleza (7 milhões) ou mesmo Goiás (23 milhões), que tem uma cota de televisão muito inferior ao nosso clube (fonte: Itaú BBA)
Então como se produz este processo de encolhimento?
Qual seria a responsabilidade dos dirigentes que não têm capacidade de investir nem o 5% de clubes como o Flamengo (223 milhões)?
Como chegamos na situação de ver o nosso clube quebrado, se não tem elenco nem grandes conquistas que pudessem justificar uma série de gastos extras?
Dívida ameaçadora (mais de 600 milhões), atraso de pagamento dos salários e nos contratos do passado são algo normal. O Fluminense, por exemplo, comprou 50% dos direitos do atacante peruano Pacheco (700 mil dólares), mas não pagou.
O Itaú BBA divulgou, na última terça-feira (28), a Análise Econômica Financeira dos Clubes Brasileiros de Futebol. De acordo com o documento, a situação financeira do Fluminense é definida como “tempestade à vista”. Segundo o texto, o Flu “é mais um dos clubes que opera no processo de enxugar gelo”.
Como podemos sair desta situação?
O Fluminense tem que se desfazer das “malas” do elenco, revitalizar as categorias de base, colocar a molecada para jogar e reverter os gastos que tem com contratações, colocando toda sua estratégia em favor de revelar novos jogadores.
Este tipo de mudança exige um câmbio de mentalidade e um planejamento a médio prazo. Nada vai ocorrer de um dia para o outro, temos que parar de contratar figuras de efeito e colocar toda a energia na formação de novos atletas. Assim a médio prazo poderemos colher um time identificado com o clube, recuperando a força que o Fluminense merece ter no cenário do futebol mundial.
Panorama Tricolor
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