Amigos, amigas, dia desses eu leio uma reportagem que dizia que o Fluminense, com cerca de oito mil novos sócios após a chegada de Fred, teve um acréscimo em receitas mensais de R$ 210 mil.
Olhando só pelo lado da receita, R$ 210 mil por mês é irrelevante para um clube que tem jogadores ganhando mais de r$ 400 mil, enquanto R$ 2,52 milhões ao ano, para um clube que fatura mais de R$ 200 milhões, não faz nem cócegas.
Se incluirmos nisso a despesa feita para gerar a receita, aí é que a coisa complica. Pois o Fluminense pagará mais de R$ 400 mil por mês a Fred para gerar uma receita de R$ 210 mil.
Alguém não sabe fazer conta nessa indústria vital. O que estamos dizendo é que precisaremos de mais oito mil, num total de 16 mil novos sócios só para pagar o salário do Fred. E isso se forem só os R$ 400 mil de salário, pois tem gente que diz que pode chegar aos R$ 500 mil.
Alguém vai dizer que tem que entrar nessa equação o aspecto esportivo, afinal Fred faz parte do nosso elenco. Pois a minha visão é de que Fred é um problema. Além da baixa performance nos últimos cinco anos de carreira, é sempre bom a gente lembrar do que aconteceu com o Cruzeiro no ano passado.
Eu até poderia dizer que Fred ocupará o lugar de Evanilson, comprometendo nossa performance ofensiva, mas a impressão que eu tenho é de que Evanilson não atravessará a janela européia. É o caso de Evanilson, Marcos Paulo e, muito provavelmente, de Miguel.
Primeiro, porque o clube está com os salários atrasados, já que não gera receitas para pagar despesas e dívidas, e, portanto, precisa vender para reequilibrar o fluxo de caixa. Segundo, porque não podemos correr o risco de valorizar demais nossos moleques, pois não queremos correr o risco de fazer grandes vendas que resolvam o problema financeiro do clube, o que tornaria as vendas dispensáveis, acabando com o modelo “balcão de negócios” que vigora no Fluminense desde 2015, que explica completamente por que não ganhamos mais títulos.
É que esse não é o propósito.
Odair até consegue trabalhar bem a equipe no aspecto estrutural e orgânico. Em outras palavras, o Fluminense é um time bem organizado e bem treinado para cumprir diferentes comportamentos táticos. Talvez seja isso que encoraje o Angioni a afirmar que o Fluminense estará entre os dez melhores do Campeonato Brasileiro esse ano.
Eu não sei o que é pior, se a avaliação prematura ou se o caráter humilhante da declaração. Quando alguém enche o peito para dizer que o Fluminense ficará entre os dez primeiros num campeonato de 20 clubes, que nós vencemos duas vezes nos últimos dez anos, percebemos como é grande a pressa de se enquadrar o Fluminense na nova ordem estabelecida pelas Organizações Globo, qual seja: como clube mediano do futebol brasileiro.
O problema é que na atual conjuntura, indo para o lado prático da questão, seria um alívio para nós se fosse verdade, mas só um louco embarca numa vendeta dessas. Não se iludam com os Fla-Flus, argumento fajuto usado por Angioni para proferir sua improvável profecia. Mesmo que o Fluminense houvesse conquistado o campeonato, do qual só foi vice porque os outros eram muito ruins.
Estamos meio no escuro ainda no que diz respeito a Campeonato Brasileiro. Estou tentando acompanhar algumas partidas e minha curiosidade foi o Bragantino. Acabei assistindo a um excelente duelo entre Bragantino e São Paulo na última quinta. Um jogo de fazer o Fluminense e Botafogo de ontem parecer uma pelada de várzea.
O mesmo São Paulo, com um time reserva, bateu o bem treinado e ofensivo Guarani. Outro jogão. Sampaoli ainda não encaixou seu Atlético MG, que segue se reforçando, mas nós sabemos que o Sampaoli demora mesmo a achar o time e o Santos terminou o ano passado como vice-campeão.
São só algumas variáveis para ilustrar um quadro muito preocupante, porque é um campeonato que não vai ter bobo. Tirando o Atlético GO, não tem time candidato a levar volta de vantagem da manada, como teve ano passado.
Há soluções para o Fluminense? Se olharmos para o desempenho do ataque do Sub-23 no jogo de sábado concluiremos que os quatro atacantes que lá estão poderiam fazer parte do elenco principal, enquanto tem atacantes no elenco principal que não poderiam jogar nem no nosso Sub-15. E é aí que está o nosso grande problema. Nosso negócio não é futebol. É por isso que nós ficamos tentando explicar decisões inexplicáveis, porque nós estamos vendo futebol, quando o negócio do Flu já não é esse desde 2015. Exceção para a gestão Abad, que, por isso mesmo, foi devidamente defenestrada do clube.
Não se enganem, o trem está encarrilhado para descer a ladeira. Só nos resta saber onde ele vai parar. Não é nem que o Fluminense não tenha recursos para fazer um restante de temporada digno. É que nós não sabemos sequer se teremos parte desses recursos já a partir do início do Brasileiro.
Temos pontos de interrogação, como Ganso e Michael Araujo. São dois jogadores com qualidade técnica, que precisam ser capazes de mostrar que podem ser jogadores de futebol e titulares de um grande clube.
O nosso maior problema, no entanto, é a política do clube. Essa, sim, está à espreita para concluir a missão de nos lançar no precipício.
Até mesmo a suposta aliança política com o Botafogo é tardia. Ela ocorre quando os dois clubes já foram lançados no terceiro escalão do futebol brasileiro. Deveria ter sido feita há pelo menos cinco anos, quando ainda havia um bloco mais uniforme dos grandes clubes. Fluminense e Botafogo são alvos preferenciais do sistema, que sequer precisam ser bombardeados, porque se implodiram nos últimos anos.
A única diferença entre os dois é que o Botafogo, dono da segunda maior dívida do país, está se movimentando, tentando fazer algo diferente para escapar do CTI. Enquanto isso, o Fluminense, que tem melhores condições para virar o jogo, segue olhando para trás buscando respostas para o futuro.
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
#credibilidade
Fala, Savioli! Descobri esses dias que trabalho com seu filho. Que coincidência! Depois de quase 8 anos lendo suas crônicas!
Desanima pensar que 8 mil sócios não paga o salário do Ganso? Desanima. Mas paga o salário de uns 80% do elenco. Não paga dos estrelados, mas é preciso que haja os estrelados. “Ah, eu não concordo que seja o fulano”, bem, aí vai de cada um, mas há quem acredite que eles podem agradar, sim. 34 mil sócios, ao ticket médio de R$33, paga o salário da maioria dos…
Que coincidência, hein!
Vou falar com ele.
O problema nessa história toda é que você, para gerar uma receita nova de R$ 210 mil, gerou uma despesa de R$ 400 mil. Ou seja, não faz sentido nenhum nem sob a perspectiva do Marketing nem sobe a perspectiva financeira.
Eu garanto que se tivessem feio essa campanha para patrocinar a restauração das Laranjeiras nós já teríamos mais de 100 mil sócios, que pagariam o projeto em três ou quatro anos, que começaria a gerar mais de R$ 20 milhões anuais em um. Ou seja, acabaria o projeto se pagando em e anos só com receitas e depois nós continuaríamos com a receita do estádio e a do sócio torcedor.
ST