Três escritores, dois irmãos, um Fluminense (por O Trio)

Conversando separados por milhares e milhares de quilômetros.

Afinal, o Sérgio Sant’anna era tricolor demais, apaixonado demais, sempre falou do Fluminense, viveu muito o estádio de Álvaro Chaves na juventude – hoje tão desprezado por dirigentes, tuiteiros e blogueiros de aluguel -, um lindo conto inédito sobre o Flu 1955 acabou de sair na Folha, era o livro inédito dele.

A trave contando a história. Nas Laranjeiras tudo é mágico à beira-campo. As arquibancadas imortais não deixam mentir.

Mas afinal, que diabos foi isso de Sérgio Sant’anna morrer e ninguém falar do Ivan? Como assim?

São irmãos. Dois grandes escritores brasileiros são irmãos. Não foram, continuam a ser. Irmãos de sangue, escudo e letras.

Peraí, mas tem isso publicado em algum lugar? Ninguém falou disso, ninguém se referia a eles como irmãos.

O sobrenome é idêntico.

Mas tem outra coisa: que memória há de resgatar campeonatos de autobol no Colégio Santo Inácio?

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[Um cover perfeito de Renato Russo canta “Ainda é cedo” às onze da noite de domingo. E é mesmo.

Sim, os campeonatos de autobol. Bola e carro. Jogavam o Walter Lacet, diretor da Globo, o Newton Graúna – nos tempos de playboy – e o Ivan Sant’anna.

Então dois dos maiores escritores brasileiros são irmãos e tricolores?

[Há tempos são os jovens que adoecem!

[Muitos temores nascem do cansaço e da solidão

Porra, e ninguém no Fluminense vai dizer nada sobre isso? Cadê os proprietários da história?

[Há tempos, nem os santos têm a medida da maldade

Então o Ivan foi nosso atleta numa modalidade das mais inusitadas?

Fizeram livros diferentes, um morou longe do outro por muito tempo, depois sentaram praça no bairro, moradores de Laranjeiras, são legionários das letras. E Fluminenses pra caralho!

QUE OUTRO TIME TEM ISSO?

LARANJEIRAS 55 – CLIQUE AQUI

Nenhum, caros amigos.

[Em Laranjeiras também repousa um grande coração que bate pelas arquibancadas tricolores mais monumentais da história

[Do outro lado do continente um garotinho já canta ‘Nense’ e vibra com o escudo

[Um tricolor chora copiosamente nas imediações da Cruz Vermelha

[Não quero lembrar que eu erro também

O que faltou para estes dois torcedores terem fundado a Academia de Letras do Fluminense na sede alva, bela e vazia?

E alguém os chamou? Se não o fizeram, deveriam ter feito. Agora é tarde.

Não. Ivan está vivo demais.

Não, não são apenas dois.

[Somos pássaro novo, longe do ninho

A trave, que a tudo via até chegar a hora da escuridão, parece calada. Ou melhor, silenciada. Ou melhor, temerosa.

[Ficaremos acordados buscando alguma solução

“Esta foto, tirada em 1961 na praça de São Pedro, em Roma, é de meu irmão mais moço, o escritor Sérgio Sant’Anna, à época com 19 anos de idade. Autor de dezenas de livros, recebeu incontáveis prêmios literários, inclusive quatro jabutis. Quem quiser visitá-lo, e conviver com as diversas etapas de sua vida, poderá fazê-lo através de suas obras. Ironicamente, seu primeiro trabalho publicado, uma coletânea de contos, recebeu o título de “O sobrevivente”. Mas, sedado e entubado no CTI de um hospital do Rio de Janeiro, não resistiu a uma simples “gripezinha” e se foi esta noite. Descanse em paz, Sérgio.” (Ivan Sant’anna)

“Meu posto é privilegiado, não só pela posição que ocupo no gramado, como pelo fato de estar defendendo a baliza defendida pelo Castilho, o maior goleiro do Brasil. Isso nem se discute. Mas o Fluminense está tão bem de goleiros, que o titular e o reserva, Castilho e Veludo, foram convocados para a seleção na Copa de 54.”

Não são dois, mas três tricolores. Não são dois, mas três escritores. André, familiar a milhões de leitores, é filho de Sérgio, sobrinho de Ivan. Não há paralelo no país no que tange a um time e três escritores de monta que sejam ou tenham sido parentes diretos. O Fluminense é o livro dos dias. A família Sant’anna é um escudo do Fluminense em páginas e páginas.

[Será que vamos conseguir vencer?

[Somos soldados pedindo esmola

Contém reproduções de trechos literários Sérgio Sant’anna e de post de Ivan Sant’anna.

O TRIO é uma livre adaptação literária de conversas eletrônicas entre Antonio Gonzalez, Luiz Alberto Couceiro e Paulo-Roberto Andel. Gonzalez dispensa apresentações. Luiz é professor e coautor de “Pagar o quê?”, considerada a maior defesa institucional literária da história do Fluminense. Paulo edita este PANORAMA.

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