Jair Marinho (por Paulo-Roberto Andel)

Há dez anos, lá fui eu entrevistar Jair Marinho e Altair, ao lado de Rita e Raul Sussekind mais Alvaro Dória. Então atravessamos a Baía e fomos diretamente para o clube 05 de Julho, em Niterói, numa animada pelada de amigos e veteranos do futebol num sábado ensolarado.

Por quase três horas, tive um dos maiores ataques de riso da minha vida, junto a histórias emocionantes a valer. Seu Jair era engraçado demais e contou causos de enlouquecer, enquanto o tímido Altair acompanhava quase silenciosamente. Dois amigos, dois irmãos. Jair só não bateu a entrevista mais engraçada que fiz na vida porque teve a com Délcio Carvalho, mas foi por pouco.

Passamos uma tarde de alegria, generosidade e humildade com dois campeões mundiais que honraram a camisa do Fluminense do começo ao fim. Em tempos já de tantas picocelebridades deslumbradas, o que dizer de quem levou o nome do Fluminense ao topo do mundo? Dois homens honrados, heroicos, longe no mundo milionário do esporte, vivendo humildemente e se divertindo como garotos num campo de futebol. Saímos extasiados de lá para a volta ao Rio.

Naquele momento, Altair já tinha o início do Alzheimer, muito discretamente. E Jair Marinho era o seu irmão lhe puxando pela mão, fazendo-lhe rir, brincar, viver. Sem parentes, Altair foi cuidado por Jair Marinho até o fim, quando este já era um senhor de idade, e isso dá o tamanho de seu caráter. Nesta terra de tanta ingratidão e indiferença, quem tem um amigo de verdade que lhe acompanhará até o fim da vida? Muito pouca gente, mas Altair teve.

Quando Washington se foi, Assis não resistiu e partiu logo após, em menos de dois meses. Depois de tantos e tantos anos, Altair se foi em agosto passado e Jair continuou, mas não por muito tempo. Seis meses de distância já eram muito para uma irmandade tão bonita, digna e cativante.

O Fluminense dos irmãos negros de glória se despede em carne e osso, ganha a eternidade e o imaginário em três cores, que pode estar num livro, numa foto, num abraço de amigos. Diante do inevitável, resta a saudade.

Em meu livro “Roda Viva 4: eu e eles”, Jair Marinho é um capítulo na página 55. Abaixo, segue o link para download gratuito.

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