O fenômeno do rival e o nosso declínio (por Roberto Rutigliano)

Gosto de zoar os flamenguistas, brincar, mas acima de tudo sou um apreciador do bom futebol e não tenho como admirar o trabalho do time da Gávea e do técnico rubro-negro Jorge Jesus.

O atual futebol dos caras é uma mostra de como se pode jogar de forma ofensiva, com qualidade sem se expor defensivamente chegando a quase 80% de produtividade.

O nosso Fluminense, com menos de 40 % de aproveitamento, sem rumo depois da saída do Fernando Diniz, está lutando para não cair, mas no seu melhor momento desta temporada chegou a neutralizar o time rubro-negro com seu toque de bola.

O CAMINHO DO SUCESSO.

Depois de alguns anos equilibrando as contas – e com grande aporte da Rede Globo – aconteceu uma raridade na história do futebol brasileiro: Bandeira de Mello entregou para Landim um clube com R$ 100 milhões separados para investimentos em jogadores.

A nova diretoria não cometeu alguns erros comuns no cotidiano dos dirigentes do futebol: não roubou descaradamente, não realizou contratações bombásticas (como por exemplo a de Ronaldinho Gaucho anos atrás no Fluminense), nem juntou sem critérios jogadores “bad boys” como Edmundo e Romário no histórico “time dos sonhos”.

Com as contas em dia, o rival se reforçou para sair da fase “cheirinho” e ganhar tudo. Perdeu a Copa do Brasil e a Sudamericana, mas está forte na Libertadores e no Brasileirão.

Depois de ter vendido figuras como Vinícius Júnior e Lucas Paquetá durante a temporada passada, somou cerca de 80 milhões de euros a suas arcas e hoje tem atletas como GabiGol, Arrascaeta, Filipe Luís, Éverton Ribeiro e Rafinha, deixando para trás um time com jogadores de menor performance como Pará, Muralha e companhia.

Nosso Fluminense acertou com as contratações de Muriel, Nenê, Wellignton Nem, Caio Henrique, Allan e Nino, mas errou quando contratou jogadores como Guilherme, Mateus Gonçalves, Agenor, Kelvin, Luccas Claro, Orinho, Lucão e principalmente quando apresentou o reforço de Ganso (um ex-craque que estava na reserva de um time sem expressão do campeonato francês).

O PODER DO DINHEIRO.

O Fla gastou 200 milhões e tem uma folha salarial cinco vezes maior que a do Fluminense.

O nosso Flu, por sua vez, depois de vender João Pedro, Rafael Resende e Pedro, arrasta uma divida de no mínimo R$ 629 milhões (valor apresentado pelo Sportsvalue – há quem diga que o desastre pode passar de 1 bilhão).

Hoje, enquanto o Flamengo é capaz de crescer mais, o nosso Fluminense praticamente hipotecou seu futuro imediato.

A DIVIDA ETICA DO FLA

O Rubro-negro conseguiu sanear suas dívidas e montar um time histórico, porem existem dois pontos lamentáveis nessa caminhada: permitir a aproximação midiática com Bolsonaro e não indenizar as famílias dos garotos mortos nas instalações do clube.

Fixado o valor das indenizações em R$ 2 milhões para cada família que teve seu filho morto e mais R$ 10 mil mensais até que cada um deles completasse 45 anos, os advogados do clube tentam convencer cada família a aceitar entre R$ 400 mil e R$ 300 mil mais uma pensão de um salário mínimo por dez anos (fonte do jornalista Cosme Rímoli).

A SAIDA PARA O FLU

Chegar ao fim do campeonato brasileiro entre os 12 primeiros, estruturar as finanças, buscar um aporte para superar a dívida de curto prazo (300 milhões), reduzir suas despesas administrativas e olhar pra frente, sabendo que precisa trazer um técnico que consiga montar um time organizado e aguerrido, mas com jogadores ainda sem grande custo.

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