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Tricolores de sangue grená, a carruagem fluminense virou abóbora bem antes da meia-noite de domingo, fazendo todo mundo que acreditava num conto de fadas rodrigueano (principalmente euzinho) de otário. O caldo entornou e voltamos a ser os guerreiros do borralho. Pra quem não sabe, borralho é cinza quente, normalmente após uma fogueira apagada. E é isso que somos atualmente: brasas à eterna espera de uma lufada de vento potente que acenda alguma chama. Eu sei, eu me iludi pra cacete. Cheguei a defender nesse espaço que o arremedo de time treinado pelo Marcão ia buscar uma vaga na Libertadores. Mas espero que levem em conta que sou apenas um escritor, não futurólogo ou entendedor profundo do esporte bretão. Sou torcedor como todos vocês, e passional pra caramba, por sinal. Sempre quero sonhar com o melhor para o Flu, então é duro tomar essas duchas de água fria. Não obstante, minha função é falar sobre o que vejo, e o que vejo é sofrimento, mais uma vez.
Perder do Athletico foi um soco na nossa cara. Há quanto tempo não conseguimos bater os caras? Até outro dia, eram nossos fregueses, perdendo um jogo sim, outro também. Mas se organizaram, estão certinhos, paparam dois títulos importantes quase seguidos. E, hoje, olham pro banco de reservas e veem Marco Rúben e Lucho González. E a gente vê Guilherme e Lucão. É duro. Nesse domingo, nem a mística do clássico contra os dissidentes foi o bastante para evitar a derrota do time editado que eles possuem (quem jogou Bomba Patch no Playstation 2 vai entender a referência). Porém, e é complicado dizer isso, nosso querido Marcão teve muito mérito nos resultados alcançados. Entre a insistência com alguns jogadores, camaradagem com outros e aplicação de um modelo paraguaio do jogo de Diniz, não contamos com a sorte dessa vez e fomos pro ralo. Zero pontos em seis possíveis, e voltamos a olhar para o rodapé da tabela. Em vez de perseguir os ponteiros, secaremos Ceará, CSA e Cruzeiro.
Na minha coluna do dia 21 de setembro, analisei os confrontos do returno do Brasileiro que o Fluminense teria. Eu acreditava que derrotaríamos Goiás, Bahia, Cruzeiro e Botafogo. Vencemos apenas duas. Todavia, eu não levava fé contra o Grêmio e acabamos derrotando-os. Estamos, portanto, com um déficit de dois pontos no “planejamento” para não cair. Ainda conto com vitórias sobre Chape, Fortaleza, Ceará, CSA e Avaí, que talvez sejam o bastante para nos livrarmos, mas há um outro jogo em casa que devemos tentar uma vitória para conseguir segurança: Atlético-MG. Esse é o nosso campeonato, infelizmente, e o foco deve ser esse. Sábado que vem tem a Chapecoense, e a pressão será toda pela vitória. Não poderá haver resultado diferente desse sob hipótese alguma. Marcão precisará mostrar alguma coisa diferente do que tem feito até aqui nessa partida, ou talvez seja melhor já procurar outro técnico no mercado, mesmo que tenhamos que nos endividar mais ainda. Ficar na Série A não tem preço.
O nosso momento é tão tenebroso que nem mesmo a torcida consegue concordar inteiramente sobre o desempenho dos jogadores. Alguns espinafram o João Pedro, outros desejam que ele continue titular. Parte da torcida exige a saída do Ganso do time titular, e o restante não concorda, vendo que o melhor a fazer é tirar o Nenê. Uns pedem Wellington Nem, outros acham que ele é jogador pra entrar no segundo tempo. Caio Henrique na esquerda, ou no meio, colocando Orinho no time? Gilberto continua ou dá lugar a Igor Julião? Os que pedem a entrada de Marcos Paulo até outro dia criticavam o moleque. Como podem ver, está difícil até pro maior patrimônio do Flu. E acho que o Marcão vive esse mesmo dilema. Só que ele é pago para resolvê-lo, e é o que esperamos dele. Se achar que não consegue, é melhor pedir o boné e voltar a ser auxiliar. Fará bem a ele a ao clube. Que a diretoria, aparentemente poupada pela torcida até aqui, seja mais cobrada nesse momento, pois tudo o que vier a acontecer daqui em diante dependerá das decisões tomadas por quem comanda o clube. Vamos botar esse borralho pra queimar!
Curtas:
– Timidamente, o VAR volta a aprontar das suas. Não engoli ainda o gol de João Pedro anulado na quinta-feira, e tivemos um lance no mínimo duvidoso de possível pênalti em Wellington Nem que sequer teve revisão. Não chama mais tanta atenção assim, parte da torcida nem se toca, mas aconteceu. Vamos ver nos próximos jogos.
– Estamos todos putos pelas derrotas de semana passada, mas analisando friamente, enfrentamos adversários mais fortes do que anteriormente (o campeão da Copa do Brasil e o ponteiro do BR-2019) e já era esperado que não performássemos no mesmo nível. A régua para medir o trabalho de Marcão com esse elenco infelizmente tem que ser as partidas contra a Chapecoense e contra o Ceará. Se conseguirmos seis pontos contra essas equipes, faz sentido mantê-lo até o fim do ano. Caso contrário, precisaremos de um “plano A”, pois ficará cristalino que ele é o “plano B”.
– Ao fim desse campeonato, confirmando-se a permanência na primeira divisão, proponho um busto para Muriel que ficará chapado numa das paredes do CT Castilho, para que sempre lembremos das atuações maravilhosas do paredão Muroel no ano de 2019.
– Palpite para a próxima partida: Fluminense 2 x 1 Chapecoense.
Panorama Tricolor
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