Show de Muriel, com a marca do craque e um toque de sobrenatural (por Marcelo Savioli)

Amigos, amigas, o futebol é um bicho muito estranho. Nos últimos dias eu tenho sido obrigado a explicar para os torcedores dos outros clubes que fenômeno é esse que se passa com o Fluminense.

Jogávamos a quintessência da excelência futebolística com Fernando Diniz e não ganhávamos nem para pagar o almoço. Trocam o técnico, vem o Oswaldo de Oliveira e escreve ao contrário o conto da Cinderela. A carruagem de luxo virou abóbora e os cavalos viraram camundongos.

Com Oswaldo, o Fluminense jogava um futebol feio de doer. O mais incrível, porém, é que com Oswaldo o Fluminense tinha até melhores resultados, pelo menos no Brasileiro, mas a forma como eles eram construídos apontava para um desastre adiante.

Cai Oswaldo, fica Marcão no comando, a primeira providência é fazer o time jogar o futebol que jogava na época do Diniz. Se eu vou contar isso para um extraterrestre, o cara vai não recomendar aos seus a convivência com os nativos desse planeta, porque não há lógica alguma no que fazemos.

Pois é com o estilo de jogo “fracassado” que o Fluminense vai enfileirando vitórias e subindo na tabela. Disputando partidas difíceis, sofrendo, mas lutando e praticando um futebol com bons fundamentos, fazendo a bola rolar e criando oportunidades de gol. Melhor, criando e convertendo.

Para quem tem acompanhado esta coluna, se não está tudo explicado, pelo menos há uma tese que deve ser levada em consideração, pois que não vem sendo construída para explicar resultados, mas para que pudéssemos fazer uma análise do jogo e de todos os seus aspectos dentro de um contexto.

Quanto aos resultados, é preciso que nós façamos um levantamento do que mudou desde o retorno da parada para a Copa América. O primeiro ponto é a chegada de Muriel, que transformou o nosso ponto fraco em ponto forte. Se tínhamos goleiros que faziam a diferença a favor dos adversários, hoje temos um que faz a diferença ao nosso favor, como no jogo de ontem.

Fico feliz em ver minha desconfiança transformada em regozijo. O que o goleiro não pega, o Gravatinha se encarrega de consertar. Ou alguém acha mesmo que foi o jogador do Bahia que jogou aquela bola para fora logo no começo da partida? A plateia se entreolhava atônita, incapaz de entender o que se passara. Estava claro que o Fluminense venceria o ótimo time do Bahia, comandado pelo fantástico Roger Machado, um time osso duro de roer, que conseguiu imprensar o Fluminense do Diniz na Fonte Nova, feito que nem o atual líder do campeonato conseguiu.

Aliás, percebam as amigas e os amigos que até Gilberto andou salvando um gol quase em cima da linha. Será que foi mesmo o Gilberto ou terá sido mais uma vez o moleque travesso aprontando das suas?

O Bahia foi melhor no início de ambas as etapas e deixou nossa torcida de cabelo em pé. Mérito do Bahia, porque o Fluminense, a partir dos primeiros minutos de sustos, conseguiu controlar a partida, com muita intensidade na marcação e na transição ofensiva, comandado pelo indescritível Daniel, que mandou soltar e prender em campo no jogo de ontem, tendo sido premiado com a assinatura do segundo gol.

O que nos leva a um outro ponto importante. Daniel sempre foi Daniel, mesmo na época de Diniz. Ao chegar ao Fluminense, a primeira providência de Oswaldo foi barrar Daniel e acabar com a nossa construção de jogadas. A primeira coisa que Marcão fez foi colocar Daniel de volta no time e o Fluminense apático, que assistia aos adversários jogarem, voltou a competir.

Para completar a minha humilde e esforçada tese, eu gostaria que alguém me lembrasse de qual foi a última vez que fomos assaltados pela arbitragem nesse campeonato. Os amigos podem pesquisar e a última vez em que isso aconteceu foi na partida que levou à demissão de Fernando Diniz. Confere?

Então, meus caros, minhas caras, o problema do Fluminense nunca foi o modelo de jogo ou o Diniz. O problema do Fluminense era que não tínhamos goleiro, éramos garfados, jogo sim, outro também, pela arbitragem e o Sobrenatural de Almeida nos assombrava impiedosamente. Está ou não explicado?

O Fluminense de Marcão ainda está, na verdade, longe de reviver o time dominador e clássico da Era Diniz. O que temos são rudimentos daquele período, que podem dar consistência a um processo de evolução, que passa, como tenho dito, pelo modelo de treinamento, ganho de confiança e coragem para meter o pé na porta e propor o jogo contra qualquer adversário.

Três ou quatro pontos nas duas próximas partidas, contra Athlético e Flamengo, deixarão o Fluminense em excelente situação na briga contra o rebaixamento, o que implica dizer que estaremos, também, em ótima condição para obtermos a vaga na Sul-Americana. Mais do que isso já seria delírio, embora a nossa história adore pregar peças no óbvio e contrariar os mais recomendados prognósticos.

Quinta-feira é dia de todos no Maraca, porque os torcedores do time dos maus costumes estão se achando donos do nosso estádio. Aliás, é para demolir o Furacão e dividir o estádio com os dissidentes no domingo.

Que os Deuses me ouçam!

Saudações Tricolores!

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

#credibilidade

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