Amigos, amigas, com um pouco de ousadia a gente começa a resolver o problema. Eu tenho repetido o mesmo mantra trimestre após trimestre, mas dessa vez eu resolvi demonstrar em números.
Vou logo adiantando que não é possível entregar números com precisão absoluta. Os que eu consegui são suficiente para explicar e defender a minha tese.
O Fluminense tem, ainda para esse ano, um total de R$ 219,2 milhões em dívidas a pagar, excluindo os parcelamentos, que já estão enquadrados nas receitas. Em compensação, tem R$ 64 milhões a receber. Com isso, temos um buraco de R$ 155,2 milhões.
A ideia é a mesma de sempre: obter R$ 200 milhões junto a um fundo de investimento. Com esses R$ 200 milhões, pagamos os R$ 155,2 milhões, ainda quitamos toda nossa dívida bancária e nossas obrigações com terceiros.
A única dívida que vai nos restar serão os parcelamentos (AT, Profut), as contingências cíveis e trabalhistas e o passivo de R$ 200 milhões com os investidores. Em outras palavras, teríamos nossa dívida organizada e o fluxo de caixa livre das penhoras.
A pergunta é: como pagar os R$ 200 milhões? Nada diferente do que tenho pregado até aqui, só que agora com mais detalhes. Fica assim:
Empréstimo: R$ 200 milhões.
Juros: 1,5% ao mês (bastante razoável) / 20% ao ano (na linha dos melhores investimentos atuais) no Brasil.
Ágio anual: R$ 40 milhões.
Pagamento mínimo anual: R$ 40 milhões.
Fonte pagadora: 100% das receitas com transferências de atletas.
Garantia: receitas da transmissão de TV.
Eu quero acreditar que dando as receitas da transmissão de TV como segunda garantia os juros ainda poderiam ser menores.
O conceito aplicado aqui é o seguinte:
1 – liquidação de toda a dívida de curto prazo, bancária e com terceiros;
2 – redução drástica da dependência de transferências de atletas, aumentando o poder de negociação do clube;
3 – venda de jogadores para pagar dívidas e não para pagar despesas;
4 – possibilidade de, com grandes vendas, liquidar rapidamente a dívida com os investidores e passar a usar o valor das vendas de atletas para investir em elenco e outros ativos.
Já foi muito falado aqui que apenas três atletas do elenco (Pedro, Marcos Paulo e Miguel Silveira) valem R$ 400 milhões diretos para o Fluminense caso vendidos para o exterior pelo valor de suas respectivas multas.
Isso quer dizer que podemos, realmente, quitar a dívida com os investidores em dois ou três anos. A partir de então, todo dinheiro que entrasse oriundo de transferências de atletas seria usado para investimento.
Mas com que dinheiro pagar as despesas? Vamos explicar.
Com base no balancete do primeiro trimestre e balanços dos anos anteriores, podemos dizer que a nossa previsão conservadora de receitas, incluindo média de premiações, é de R$ 132 milhões anuais, já descontados os impostos.
Por outro lado, com base nos mesmos demonstrativos, a nossa previsão de despesas operacionais é de R$ 98,2 milhões. Neste ponto, a gestão Abad fez muito bem o dever de casa, enquadrando as despesas nas receitas com sobras para pagamento das parcelas da dívida.
Nós temos uma sobra de caixa de R$ 33,8 milhões para pagar as parcelas do Profut e do AT, que devem chegar à casa dos R$ 38 milhões. Sendo assim, teríamos uma deficiência de caixa de R$ 4,2 milhões.
Como cobrir esses R$ 4,2 milhões?
Pergunta errada. A certa é: quanto nós podemos obter em aumento de receitas?
Eu vejo três frentes a serem exploradas:
– patrocínio máster;
– revitalização das Laranjeiras;
– fortalecimento do sócio torcedor.
Só com a revitalização das Laranjeiras, somando o prejuízo que deixaríamos de ter com o Maracanã com a previsão de lucro nas Laranjeiras, nosso ganho chegaria à casa dos R$ 30 milhões.
Somando-se a isso o patrocínio máster, que, conservadoramente, pode nos render mais R$ 10 milhões, já teríamos mais R$ 40 milhões em receitas. Menos R$ 4,2 milhões, teríamos superávit de caixa de R$ 35,8 milhões. Em outras palavras, poderíamos ter um elenco R$ 2,5 milhões mais caro.
Claro que precisaríamos continuar retendo provisões para contingências decorrentes das disputas cíveis e trabalhistas. Nesse aspecto, seria muito bom que o Fluminense conseguisse incluir todo o passivo nos acordos, de modo a termos tudo parcelado e previsibilidade no fluxo de caixa.
Amigas, amigos, eu não estou vendendo nenhum sonho. Teremos que passar por coisa de três anos de aperto e orçamentos conservadores, porém:
– com redução da dívida;
– sem asfixia do fluxo de caixa;
– sem salários e impostos atrasados;
– sem pressão para vender nossos jogadores a preço de pinga;
– com melhores negociações e aumento do faturamento do clube;
– com possibilidade real de crescimento econômico.
Para quem acha que eu estou dizendo bobagens, o que estou propondo não é tão diferente do que fez o Flamengo para escapar da falência, que é o nosso caso atualmente.
Saudações Tricolores!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
#credibilidade
Perfeito. Porque não houve pelo menos uma tentativa nesses moldes antes? Simplesmente por falta de coragem, falta de articulação, antipatia politica e soberba de um grupo que conseguiu afastar todos que queriam e poderiam ajudar. Essas mudancas não ocorrerão em 15,30 ou 180 dias embora os críticos de plantão estejam ávidos por cobranças imediatas
Nossa dívida aumentou consideravelmente nos últimos anos. Sobrevivemos até agora por obra divina. Essa engenharia financeira acontece quando se tem uma “vontade política” de equacionar os problemas. Infelizmente o Flu não teve.
Espero que MB encontre o melhor caminho urgentemente! Só com organização e honestidade de propósitos conseguiremos resgatar o FFC desse buraco sem fundo em que nos encontramos!
Valeu Savioli/Panorama tricolor!
Para não me alongar muito, eu não cheguei a falar da importância de implantar elementos de gestão profissional, organização empresarial, governança e transparência. Aí seria o grande salto para atrair investimentos.
ST
Simples assim. Claro como água limpa. Saudações Tricolores
Maravilha… Só fico pensando pq ninguém da Gestão do Abad pensou nisso? Pq ninguém fez nada pra tirar o Flu da lama, pelo contrário, só nos afundou mais ainda? E agora a gestão do Mário vai ter q resolver tudo….
O Abad teve a oportunidade de fazer no início do mandato. O problema é que naquele momento a operação era muito arriscada, porque o desequilíbrio entre despesas operacionais e receitas era muito alto, coisa de R$ 70 milhões. Não tinha como você direcionar as receitas com transferências para remunerar o fundo de investimentos. Agora, não, tem equilíbrio. Dá para fazer. Dizem, inclusive, que o Abad estava negociando. Quem sabe ele não deixou algo encaminhado para o Mário?
ST