Laranjeiras, 100 anos depois (por Paulo-Roberto Andel)

100 anos de Laranjeiras – Andel fala na Rádio Nacional. Confiram.

Quando o moderno estádio do Fluminense virou a primeira casa de glórias da Seleção Brasileira no ano de 1919, ambos já namoravam há cinco anos.

Virou casa de Pixinguinha também. Que colosso! E por lá, a mesma Seleção jogaria dezenas de partidas sem uma única derrota.

Por décadas e décadas, revezou-se com o Maracanã para abrigar os jogos do Fluminense. Num belo dia, parou para só voltar em 1986, reinaugurando o templo do futebol contra o São Paulo de Paulo Roberto Falcão, justamente ele que tinha a cara do Flu, e por lá vivendo outras quase duas décadas, até a nova paralisação que persiste e incomoda a torcida tricolor.

Imaginar quanta gente treinou, jogou e viveu por ali. Do burro Faísca, símbolo do cuidado com o gramado, passando por trocentos craques da pelota e voltando no mitológico Chico Guanabara, o inventor da torcida que não deixava pedra sobre pedra até chegar em enfant terribles como Zezé, Gonzalez e Campinho.

Castilho encostado numa trave e pensando na importância de representar Batatais e Marcos Carneiro de Mendonça. Edinho treinando duas mil faltas até o céu escurecer. Didi experimentando seus chutes de efeito. E Romeu, Russo, Pinheiro, Telê, numa travessia de décadas até abraçar toda a Máquina Tricolor, os campeões dos anos 1980 e Renato Gaúcho, Thiago Neves e Fred.

Na pequeníssima parte que me cabe, meu pai me puxava pela mão e víamos jogos dos juvenis ou coletivos dos profissionais. Aos domingos de manhã, a volta para Copacabana era uma aventura: caminhada a pé. Quanta saudade! Depois vivi toda a era 1986-2003 e dela muito me orgulho, mesmo com os dramas, tristezas e dificuldades, mas alegrias também – e tome Bobô, Super Ézio e muito mais.

É a nossa casa.

Se meia dúzia de infiéis prega o desprezo ao estádio em nome de uma fantasia macarrônica na Barra, é por conta de interesses pessoais e mesquinhos que merecem o mais sincero desprezo neste dia. Afinal, se é “culpa” das Laranjeiras a época dos rebaixamentos tricolores nos anos 1990, deveríamos odiar o Maracanã por causa de 2013? Não faz sentido.

O futuro do Fluminense passa obrigatoriamente pela reabilitação de Laranjeiras. O projeto da turma é muito bom e é inaceitável que algum dirigente ou grupo “político” o despreze. Precisamos voltar ao ponto de reunião. Quem detesta Laranjeiras não é digno(a) do Fluminense.

Quando estivemos ali em tardes memoráveis, até noites mesmo, vivemos um Fluminense em riste: digno, feliz, lutador e preservador de sua casa, sua memória e tradição. O pai do futebol carioca, da Seleção Brasileira e berço esplêndido do NOSSO Tricolor.

Parabéns, Laranjeiras! Meus olhos infantis estão de volta. Procuro por um jogo, por meu pai nas arquibancadas, pelas bandeiras e as multidões sedentas pelo “Nenseeee!”, que sempre ecoou como o teatro de memórias do clube que abriga a nossa paixão infinita.

Voltaremos ao ponto de reunião.

O TRICOLOR – informação relevante.

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