Tricolores de sangue grená, depois da ciranda de delírios que fomos obrigados a acompanhar envolvendo o episódio ridículo da final da Taça Guanabara e seus desdobramentos, sobre os quais nem vale muito mais a pena comentar, era de se esperar que o Fluminense fosse “abandonar” o circo da FFERJ, escalando reservas ou um time misto a partir de então. Infelizmente, não foi essa a decisão de Abad & Cia, e talvez, apenas talvez, eu possa entendê-lo. Se pensarmos que seremos obrigados a continuar usando o Maracanã no estadual, não faz sentido escalar um time B para esvaziar ainda mais as arquibancadas e tomar um prejuízo ainda maior. Como consolo, pudemos ver finalmente a estreia de Paulo Henrique Ganso com a camisa (azul) tricolor. Já deu para notar, pelos primeiros 90 minutos em campo, que podemos esperar belas assistências no futuro. Disposição também não faltou, pelo menos enquanto teve fôlego. Foi bom ver Gilberto voltar também. Os 2 a 0 ficaram de bom tamanho.
Mas, se o Bangu não foi páreo para o golaço de Digão e o empenho de Caio Henrique, teremos um adversário à frente, no mínimo, mais gabaritado que a equipe alvirrubra. Nesta terça-feira, faremos a estreia na Copa Sul-Americana contra o Deportivo Antofagasta, do Chile. Até o presente momento, este compromisso (e a partida da volta, no Chile) se tornou o mais importante e relevante do primeiro semestre do ano, pelo simples fato de que só jogaremos a próxima partida pela Sula no segundo semestre. Desta forma, ainda que não tenhamos a presença de Ganso em campo, pois não fora inscrito para esta primeira fase da competição, é muito importante que consigamos uma boa presença de público para empurrar nossos guerreiros em direção a uma vitória por um placar confortável que nos livre de quaisquer surpresas desagradáveis que o jogo da volta possa ter a oferecer. E, para tal, é interessante conhecer bem nosso adversário.
Confesso que eu jamais havia ouvido falar desta equipe. E não é para menos: só possuem três títulos, todos da segunda divisão chilena e, até 2017, sua melhor colocação na primeira divisão do país havia sido um modesto sétimo lugar. Só que em 2018 eles conseguiram a quarta colocação, ficando à frente do Colo Colo, por exemplo, e isso os credenciou a disputar a Copa Sul-Americana deste ano. Assim, sabemos que é uma equipe “pequena” do Chile que conseguiu uma excelente campanha no ano passado. Neste ano só realizou duas partidas pelo Apertura, obtendo uma vitória (3×0 sobre o Audax Italiano) e uma derrota (2×1 para o Unión Española). Pela Copa Chile, foi eliminado pelo Club de Deportes Copiapó na segunda rodada (perdeu por 2 a 0 fora de casa e venceu por 2 a 1 em casa), sendo esta uma equipe da Primera B de Chile (segunda divisão chilena). Mal comparando, é como se o Goiás tivesse sido eliminado pelo São Bento.
O que o Fluminense pode esperar do Deportivo Antofagasta é uma incógnita. Aparentemente, pelos resultados recentes, a equipe não possui a mesma base do ano passado, tampouco tem a mesma força, mas não dá ainda para saber com certeza. O ano está só começando e mesmo o nosso Fluminense é difícil de prever como vai jogar o resto do ano. Sem Bruno Silva, Luciano e Airton, com Ganso e Gilberto apenas estreando e Marlon jogando bisonhamente, tivemos uma dificuldade bem maior contra o Bangu do que estávamos tendo contra outros pequenos, a despeito da equipe da zona oeste ter mais qualidade que os outros adversários de menor investimento que enfrentamos. Conseguir um bom resultado no Maracanã é muito mais importante pela maratona que enfrentaremos em março (e a partida da volta é parte dela) do que pelo adversário em si. A viagem até o Chile pode ser cansativa, mas a cidade de Antofagasta tem elevação de 40m em relação ao nível do mar. Logo, sem altitude.
A questão dos salários ainda em atraso (embora parte tenha sido paga) é uma situação que complica muito nossas aspirações. Diniz e Angioni precisarão ter um bom jogo de cintura para não colocarmos todo o bom trabalho até aqui a perder. O time começou a ganhar peças de reposição, alguns jogadores começaram a aparecer bem, querendo a titularidade, como Caio Henrique. Allan também chegou para disputar espaço. Pedro vai voltar em breve. Ganso estreou. Nino pode chegar. A perspectiva de elenco só tende a melhorar, mas não há como realizar um trabalho digno tendo que lidar com atrasos salariais. Os jogadores têm treinado de sol a sol, em ritmo e quantidade muito maior que nos anos anteriores, e o resultado está aí para todos verem. É preciso mantê-los motivados e com seu pagamento em dia a qualquer custo. Que a diretoria consiga soluções para esse problema e que façamos uma ótima exibição na terça, encaminhando a classificação. Vamos lotar, torcida?
Curtas:
– Já entramos na justiça contra o Consórcio? Já faz uma semana que fomos achincalhados e, até agora, não vi notícia alguma sobre isso. Vamos nos mexer!
– O Corinthians está oferecendo o zagueiro Léo Santos ao Fluminense. A torcida do clube paulista não pareceu muito satisfeita com isso. Será que isso ainda é referente à negociação de Sornoza? A conferir.
– Sexta-feira tem Fluminense x Resende às 16h em Moça Bonita, às vésperas do Carnaval. Jogão, hein? Dá o tom do nível da competição. Se eu fosse o Diniz, colocaria os reservas pra jogar essa partida.
– Palpites para as próximas partidas: Fluminense 2 x 0 Deportivo Antofagasta; Fluminense 3 x 0 Resende.
Panorama Tricolor
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