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Lendo o Jácome em belo texto noutro dia, lembrei da primeira vez em que eu já sabia o que era o Fluminense. Eu estava no meu quarto e meu pai trouxe um álbum de figurinhas da Copa de 1970, para me contar sobre o Félix e que ele era o goleiro do Flu. Nunca mais me esqueci desta cena, já a contei num livro, parece que foi ontem mas já tem 45 anos. É uma das minhas minhas melhores recordações de criança, quando eu achava que era possível ser feliz no mundo.
O futebol tinha uma magia que se perdeu. Não falo da qualidade técnica apenas, mas do geral. Os garotos do meu tempo ficavam completamente loucos pelo jogo de bola e nunca mais o perdiam de vista. São muitos motivos, mas creio que um dos principais tenha a ver com a sensação de pertencimento. Longe de viver de alienação, mas um grande barato era todo mundo junto na arquibancada como se fosse até amigo, buscando a vitória – favor não confundir com aquela história pavorosa de gol sofrido. Hoje tem gente rosnando por conta de personagens no mínimo exóticos.
Uma figurinha, um botão, um escudo de pano, uma pequena bandeira. Aquela vontade de pegar o ônibus ou o trem e chegar logo ao Maracanã – quando ele existia. Eram outras palavras.
Hoje em dia o mundo mudou. A prioridade virou a internet. É certo que ela ajuda muito, mas também atrapalha na mesma proporção – quero dizer, a culpa é do ser humano. Tira o caráter lúdico. A festa do jogo, independentemente da fase, foi substituída por toneladas de discussões inúteis, teorizações ocas, ódios políticos (isso é política mesmo? não, né?), muita prepotência pueril e pouco conteúdo. Quem cai nessa armadilha acaba enjoando e se afastando para sempre, aí está a olhos nus. Cansa. Ok, a direção não ajuda também.
Semana que vem tem Sul-Americana. Vai começar aquela velha história de convocação, de dizer que quem faltar não é tricolor e outras ladainhas. Poucos se dão conta que, na tentativa de ajudar, acabam atrapalhando. É preciso resgatar a sensação coletiva de pertencimento. Não sei a solução, mas sei exatamente por onde ela não passa: inércia, imobilismo, cólera estúpida e bostejadas de Facebook.
Nunca me esqueci do Félix.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
#JuntosPeloFlu
Foi ai que tudo começou,Grande Felix Mieli Venerando,o Papel
tempo bom nao volta mais …….