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O Fluminense surpreende a todos.
Os repórteres desavisados resolveram dar uma de espertos e desdenharam da nossa capacidade. Deram-se mal. Justiça seja feita, foram humildes e se redimiram ao aceitar como “punição” (ora, não existe maior honra) vestir nosso manto. Quem sabe não assimilaram um pouco da triunfante história que acompanha nosso uniforme e aprendam de vez a não cometer tal equívoco.
O principal rival, peça fundamental desta história, acabou renegando o passado e a tradição. Deixou-se sucumbir na ilusão de que ciclos momentâneos de sucesso e poderio financeiro seriam suficientes para se decretar uma superioridade. Parece que não entenderam o que aconteceu até agora, tentando justificar o que não tem explicação. Levaram dois gols, um deles pessimamente anulado. Fez um gol no final, um belo gol, e achou que o curto espaço de tempo de jogo generosamente esticados em seis minutos decretariam uma superioridade a la Gávea e seriam suficientes para reverter um jogo em que o Fluminense foi, se não a melhor em termos de qualidade técnica, a equipe mais aplicada e consciente em campo.
Também surpreendeu muitos tricolores, temerosos com a grande queda de qualidade do elenco. Problemas que são fruto das dificuldades financeiras do clube, consequência de atos equivocados do passado e da inércia e omissão do presidente atual em tomar as medidas necessárias para reverter esta precária situação. Os resultados anteriores, como a desclassificação da Copa do Brasil de forma prematura e vergonhosa acaba nos fazendo pensar que a mística tricolor possa nos abandonar pelo caminho.
Mas não abandonou.
O combustível que alimenta a chama tricolor é abundante. Ali tem energia de Castilho, Pinheiro, Rivelino, Samarone, Assis, Washington, Ézio, Renato Gaúcho e tantos outros craques. Ainda tem muito para usufruir. Tem iluminado pouco ultimamente, mas ainda nos permite vislumbrar algo na penumbra.
É conveniente, porém, não abusar.
A energia precisa ser renovada, mas o Fluminense, na figura de setores que estão no clube, insiste em formas passadas e obsoletas. São acordos políticos em troca de cargos e verba, atuações isoladas e falta de planejamento. Este ambiente nos afasta dos títulos e não nos permite reter jogadores e formar ídolos. Não existe outra fórmula. Grandes títulos ídolos é o que faz a torcida manter-se fiel ao time, aceitando até momentos de dificuldade, desde que perceba a vontade de superação e a superação faz parte da nossa história de conquistas.
Existe muita divisão e ar espalhado não ajuda a subir a fogo. O Fluminense precisa da força concentrada daqueles que realmente se preocupam com o time. Esta união seria o fole que permitiria fazer brilhar novamente o nosso pavilhão. Também é preciso afastar a lenha que faz apenas densa fumaça e insiste em não queimar.
O ano será difícil. Tal qual uma tocha olímpica, precisamos levar este fogo até o final, sem que ele se apague.
Domingo temos mais um desafio: o título da Taça Rio. Jogaremos o outrora tradicional Clássico Vovô, naquele que foi o Maior Estádio do Mundo, pelo campeonato que já foi o Mais Charmoso. A chama parece apagada, mas está ali, resistindo, aguardando, quem sabe, por melhores dias no nosso futebol.
Panorama Tricolor
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Imagem: bit