O sentimento que grassou pela torcida Tricolor, após a derrota para o Palmeiras, foi o de medo. O medo de ver ressuscitar um fantasma que, volta e meia, insiste em rondar as Laranjeiras. Medo justificado, portanto, nem tanto pelo resultado, mas pela forma apática com que o time se apresentou, como se desejasse mostrar que dali não é possível extrair muito mais.
Foi essa possibilidade de não-reação que nos fez gelar a espinha, logo agora que o campeonato se aproxima da reta final, momento que o Flu deveria ter no mínimo gás – pela juventude de que dispõe – para dar o algo mais.
Abel confessou seus erros. Isso ele tem de bom. Erra e acerta com a tranquilidade de quem procura fazer o melhor pelo Flu, e por que não faria? O Fluminense é a casa de Abel e a sua relação com o clube, apesar de todas as dificuldades financeiras, para ser das melhores.
Perder Richarlisson foi um percalço, embora calculado, irreparável. A falta que faz extrai-se da sequência de maus resultados após sua saída. Mas não há que se chorar sobre o leite derramado, sobretudo porque a venda de um grande jogador estava prevista desde o início da temporada.
Mesmo assim, creio eu, ainda temos time para escapar da zona do rebaixamento. Sornoza, Scarpa, Wendel e Wellington, se voltarem a jogar 70% do que já jogaram nesta temporada, já seria suficiente, com sobras, para a salvação. Se chegassem aos 100%, até uma Libertadores poderia ser alcançada. Não há, porém, pensando friamente – atingir 100% quando o momento é de natural declínio e o óbice do escasso tempo -, mais como sonhar com a competição sul-americana, mas é preciso lutar com afinco para livrar o Flu da degola.
É preciso resgatar um bocado daquela alma do início do ano, impregná-la de sangue e suor e jogar cada partida como se fosse a última. Amanhã teremos uma pedreira contra um Grêmio que, mesmo desmantelado, é um adversário dificílimo de ser batido dentro de seus domínios. Após, será o Flamengo. Três ou quatro pontos nesses dois jogos é o objetivo a ser perseguido, para, em seguida, ter a obrigação de vencer em casa Avaí e São Paulo. Obrigação mesmo, jogos de vida e morte.
O Brasileiro do Flu se resume a isso, lutar pela sobrevivência. Mas ainda temos a Sul-americana, onde, com alguma sorte e muita luta, podemos avançar. O que se espera é que toda essa programada escassez de 2017 tenha sido, de alguma forma, proveitosa para as finanças do clube, a fim de que em 2018 tenhamos um ano muito melhor. Já passou da hora de o Fluminense retornar à sua grandeza.
Panorama Tricolor
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