Na última quarta-feira, 23 de agosto, celebrou-se o aniversário dos 105 anos de nascimento de Nelson Rodrigues, o maior cronista tricolor de todos os tempos; melhor dizendo, o maior dramaturgo brasileiro de todos os tempos, jamais igualado até o fechamento desta edição.
E também um polemista de marca maior sem fazer muito esforço, a ponto de ser detestado até mesmo por muitos dos que compartilhavam de seu ideário político: às vezes bastava-lhe escrever uma crônica e o incêndio se propagava Brasil afora.
Num pequeno e desejável esforço de imaginação, onde estaria o velho Nelson neste momento se vivo fosse, em plena atividade profissional?
Cabe um mergulho no mundo das probabilidades.
Não há como não pensar que Nelson não estaria escrevendo antológicas peças de teatro, da mesma forma que em sua estreia com “Vestido de noiva”, no já distante ano de 1943.
A televisão seria muito diferente com seus textos adaptados para novelas e séries.
Se os jornais convencionais de hoje apresentam fôlego restrito, imagine então o Blog do Nelson com textos e vídeos.
Crônicas e crônicas imortais sobre o nosso Fluminense, provavelmente diárias.
Embates e embates na internet, tendo uma multidão de apoiadores e certa minoria ignara a xingá-lo por meio de fakes ou mesmo por pessoas físicas mal amadas que, de tão incomodadas com o próprio anonimato, até parecem personagens virtuais. Ou pateticamente acusado de ser “pró-gestão”, já que sempre elogiava o clube quaisquer que fossem as circunstâncias políticas, técnicas ou históricas de qualquer período em que foi o grande escriba do futebol brasileiro.
Seria o preço ao pagar por escrever sua literatura defendendo o Fluminense e seus jogadores independentemente da qualidade ou do momento.
Mas alguém duvida que as réplicas seriam absolutamente maravilhosas?
Se nos anos 1950 ele já criara a inesquecível expressão “idiota da objetividade” para alguns jornalistas em particular e inescrupulosos em geral (hoje, muito adequada aos verborrágicos pernósticos), bem como respondia aos seus detratores nos anos 1960 com a singela denominação de “idiotas”, não se poderia esperar algo que não fosse heavy metal em 2017.
A apoteose do gol de barriga, a dor insuportável da queda, a ressurreição, a longa trilha que passou nos anos 2000 até os brasileiros de 2010 e 2012, passando pelos delírios, paixões e dramas de 2007 a 2009, a defesa absoluta do clube em 2013, a celebração da Primeira Liga, as tempestades solares e pluviais, tudo isso teria sido material para grandes crônicas de Nelson Rodrigues. E o Fluminense seria ainda mais Fluminense.
Panorama Tricolor
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