Fluminense 0 x 2 Grêmio (por Walace Cestari)

Eita grená, qu’essa torcida é feita de orgulho que só. “Joga com raça que te apoiaremos”. Nada de milhões, queremos suor. Oito desfalques fora de campo e mais uns milhares na arquibancadas – não se pode cobrar de todo religioso que seja fiel. Ainda bem que aqueles que nos são fiéis são dogmáticos ao ponto do fanatismo. E dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô! A linda menina atrás de mim enchia a boca dos palavrões mais baixos contra a arbitragem. Somos poucos, mas agora somos todos.

Uma falta, o ângulo. Gol do Grêmio. E o que isso importa? Mais forte que nunca: E dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe ô. Viemos pra torcer, pela catarse, pela alma. Joguem por nós é o que pedimos.

E é só alma o que temos. Fomos ao empate. Ele veio, rede, abraços, alegria. Superamos. Não. Eis que daqueles momentos que nos sói doer, o juiz decreta a mudança de opinião. É a ditadura do ex-gol. E lá se estava, se foi o que não foi, se viu o não olhado, ou mau-olhado. Foi conto ou contado? Não importa, vale só o inapito de Sua Excelência. Hoje você é quem manda, falou, tá falado.

Esses dois parágrafos somaram quinze minutos. A vida passa rápido demais na arquibancada. Mas, no campo, a velocidade nem merecia o substantivo, o Flu dominava sem perigo, diante do conforto gremista. Lentocracia. Não havia por onde jogar.

Marasmeiramente, o Flu enervou, o canto alto arrefeceu, o juiz apitou. Fim da primeira parte. Eles, um; nós ainda no zero. Menos quinze, sai Leo nos quinze do intervalo, entra Lucas Fernandes. A esperança veste o sete duas vezes.

Vamos, vamos tricolor. A torcida puxa e quer ver o sangue nos olhos dos guerreiros. E não é que s’arranja força das entranhas e as três cores tem vontade de pressionar o Grêmio? Vontade, desejo, fome. Não faltalma. Faltécnica. Faltava ser melhor. Mas às favas a qualidade. É quantidade, é vontade. Vamos, vamos tricolor!

Mas como veranico, calor passou. Abateu-se novo inverno e o frio dos pampas veio a dominar o meio. Até que, então, Scarpa saiu, Pedro entrou e… nada.

O Grêmio, mais time que nossos reservas, mais time que outros quinze do campeonato, fez o segundo (em uma bola defensável) e impôs o placar ao jogo.

Ao Flu, restava o tempo passar. Nas arquibancadas, a tristeza travestida de raiva e interesse censurava o canto de quem se recusava a vaiar. Os dias foram assim.

Ah, jovens… estremecidos por uma derrota ante um potência do campeonato, quando jogamos ao cata-cata de quem tinha condições? Valha-me o verde! Já vimos filmes muito mais tenebrosos.

Precisamos tirar gente de dento do DM. Contratar? Nosso combinado era ir com o que tínhamos desde janeiro. Eu ainda confio no Abel. E na mística camisa. Até porque sabemos que não há plano B. Não precisamos do desfalque no canto da torcida também.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: cw

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