O Fluminense está preparado para a primeira partida da decisão do campeonato carioca contra o Flamengo, logo mais, no Maracanã. Terá à sua disposição o que tem de melhor, exceto pela ausência longeva de Gustavo Scarpa – inclusive com Wendel no meio de campo. Será o embate entre as duas melhores equipes da competição e que dará, por justiça, o título a que se sair melhor nos dois confrontos.
Abelão disse, com acerto, que, hoje em dia, o adversário que enfrenta o Flu tem muito com o que se preocupar. E é uma grande verdade. O Tricolor é a equipe que mais gols marcou até então na temporada 2017 em todo o Brasil, tem um estilo de jogo ofensivo e não concentra seu poder de fogo numa única jogada nem num único jogador. Embora tenha Henrique Dourado como atacante, em tese, de área, o time não joga para ele, tanto é que dezoito jogadores diferentes já marcaram pelo Flu no ano.
E além de uma boa estratégia, de um elenco comprometido e de um treinador que tem a equipe nas mãos, tem uma alma renovada, a única promessa que efetivamente Abelão fez ao chegar ao clube no início do ano. Tem, também, dois equatorianos que fazem a diferença no meio campo, um moleque incrível, que é o Wendel, e um atacante que briga como se disputasse um prato de comida, Richarlisson. Além disso, conta com um atacante veloz e driblador, Wellington Silva, que inferniza defesas adversárias, um Dourado que, do ano que passou para este tornou-se um novo jogador, um lateral direito, Lucas, que é o melhor que temos nos últimos anos, um esquerdo, Léo, que é voluntarioso, forte e que só precisa aprender a cruzar melhor, dois zagueiros que, se não são um primor em todos os fundamentos, têm dado conta do recado, atuando com segurança sobretudo com o apoio de Orejuela à frente da zaga e um goleiro que se chama Diego Cavalieri e que, se não vive a sua melhor fase, ainda dá ao time a segurança necessária para que o time, lá na frente, resolva com seus gols.
E fora de campo tem o Abelão, que parece aquele paizão que leva o filho para a olimpíada escolar e torce feito um louco. Seus puxões de orelha, quando necessários, nos vestiários, invariavelmente têm sido fator de mudança radical na forma de jogar da equipe de um tempo para outro. Abel tem sido feliz em suas observações e recomendações, mudando, quase sempre, com acerto o time. Nesse ponto, só o critico pela alteração que fez em Goiás, quando sacou Sornoza da equipe após a expulsão de Cavalieri.
O Flu, portanto, está pronto. Resta saber se se sagrará campeão. Penso que merece, embora do lado de lá esteja um time de maior investimento e de ótima qualidade técnica, que só poderá ser suplantado com muita garra e obediência tática, como se tem visto nas últimas apresentações do Tricolor. Serão dois jogos e não devemos esperar nenhuma equipe muita afoita no primeiro, porque a experiência determina que tudo quase sempre se resolve na segunda partida. Esta é a regra, mas desse time do Flu pode-se esperar qualquer coisa – de positivo, claro – e mesmo diante de um adversário, pelo menos no papel superior tecnicamente, poderá surpreender.
Tenho dito que esse grupo, do jeito que está jogando, mesmo que não vença, tem a obrigação de ser enaltecido. O que nos faltou por anos está de volta: garra, apego à camisa e humildade, e é isso o que faz a torcida sentir-se recompensada quando vai ao estádio, o comprometimento que o time mostra em campo após a chegada de Abel Braga.
Assim, o que se espera nessa decisão é que o Fluminense seja o mesmo que tem sido até agora, porque desse jeito será muito difícil tirar esse título das Laranjeiras. E o apoio da torcida, claro, pois ela deverá ser um fator a mais de motivação para dar ao jogador um impulso a mais na busca dessa taça.
Panorama Tricolor
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