Tricolores de sangue grená, em quase todos os anos que falo sobre o tema, trato a Copa do Brasil como obrigação, ou, pelo menos, a meta principal do planejamento anual. Desde 2014, pelo menos, deveria ser assim. Mas não esse ano. A diretoria já deixou muito claro que a prioridade é a Copa Sul-Americana – o que faz até sentido – e, logo, as demais competições não terão o mesmo foco. O próprio Abel já pensa em escalar reservas para o jogo contra o Globo FC. Aí fica a pergunta: o que queremos de fato?
O Fluminense, enquanto clube centenário e gigantesco, deve e deveria entrar em quaisquer competições visando o primeiro lugar. Não nascemos para sermos coadjuvantes. Logo, embora entenda o momento vivido pelo clube, não consigo aceitar facilmente o discurso da “priorização”. O foco é na Copa Sul-Americana, mas só a disputaremos em abril. Por que não entrar de cabeça em todas as outras até lá?
O Carioca atualmente parece ser a “prioridade” da vez. Titulares contra a Portuguesa, reservas contra o Internacional pela Primeira Liga e titulares novamente contra o Bangu. As entrevistas de Abel Braga mostram sua ojeriza pela competição cujo único vencedor é o nosso Tricolor. Penso que não podemos abrir mão facilmente da disputa da Liga, principalmente por termos ajudado a criá-la. Ela pode não valer muito – ainda – em termos esportivos, mas em termos políticos deveria ser uma prioridade, sim.
E, para Abelão arrancar mais ainda seus parcos cabelos, agora teremos a Copa do Brasil, que mudou suas regras. Em jogo único, agora o time visitante só precisa empatar ou de uma vitória simples para se classificar. Ótimo para o Fluminense, mas péssimo, penso eu, para o futebol brasileiro. Obrigar o time da casa, que geralmente (para não dizer sempre) é de menor investimento que o visitante, a vencer a partida me parece um pouco injusto. Mas… vida que segue.
Teremos pela frente o Globo FC, que é um time nanico, literalmente. Fundado em 2012, o time potiguar conseguiu três “títulos” apenas: Campeonato Potiguar – 2ª divisão (2013), Copa Rio Grande do Norte (2014) e Copa FNF (2014). Os dois últimos são referentes a “turnos” da primeira divisão do Campeonato Potiguar. Outros destaques são o vice-campeonato estadual (2014), a terceira colocação na mesma competição (2015 e 2016), a décima colocação no Campeonato Brasileiro Série D (2014) e, mais recentemente, o vice-campeonato da Copa Cidade de Natal.
Embora seja um clube pequeno e jovem, isso em nada nos conforta. Sabemos que a Copa do Brasil é traiçoeira e que não apenas o Fluminense, mas vários outros clubes, já foram vítimas, mesmo em duas partidas, de excelentes jornadas de times de menor investimento combinadas com o “tropeçar nas próprias pernas” típico destes eventos. Como não há o “jogo da volta”, a situação muda de figura. O jogo será franco, com as duas equipes provavelmente tentando vencer. O time da casa, por não ter outra escolha; o visitante, por ser sua “obrigação”.
Seja o time que for escalado, não há como não esperar outro resultado que não a vitória, seja ela pelo placar que for. Caso venha apenas um empate, poderá haver uma tolerância caso a equipe que entrar em campo seja toda de reservas ou de garotos. Mas não há espaço para a derrota nesse jogo, sob pena de abalar o bom momento que o Fluminense vive. Nesse primeiro semestre jogaremos cinco competições diferentes. E temos que entrar em todas elas pensando em vencer sempre. A torcida não aceitará menos que isso.
Curtas:
– Desculpa, Abel, ainda não engoli a derrota pro Inter. Confio que você será profissional e, mesmo contra a sua vontade, colocará força máxima contra o Brasil de Pelotas pela Primeira Liga no dia 1º de março. Se quiser poupar alguém, será agora contra o Volta Redonda.
– Essa partida contra o Inter era crucial, principalmente porque o jogo contra o Brasil-RS acontece entre as semifinais e as finais do Carioca. E nessas três partidas temos que entrar com o time titular que tanto nos tem encantado.
– Zero gols sofridos em quatro partidas no Carioca. Henrique se destacando. Eu sabia que o Abel ajeitaria essa zaga.
– Henrique Dourado foi recuperado pelo nosso treinador. Será que ainda dá pro Osvaldo? Eu confesso que não acredito mais. Aguardo a fritura da minha língua!
– Há muito tempo eu não via o Fluminense jogar tão bem, tão com cara de Fluminense. Até os laterais estão jogando muita bola. Parabéns a todos os envolvidos e que continue assim!
– #ForçaScudi. Lamentáveis os acontecimentos no Engenhão. Chega de violência no futebol. Até quando as pessoas vão morrer num lugar onde vão para se divertir? Quando será que poderei levar minha sobrinha tricolor de quase nove anos para ver uma partida do Flu sem me preocupar com a nossa segurança? A situação do estado já está difícil. Tenhamos consciência, por favor.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri
Imagem: alo