Acabei de voltar do Vieira, onde detonei um fantástico peixe ao lado de meu brother Antonio Gonzalez. Depois do banho, lá está B.B. King na TV. Um domingo dos sonhos: horas atrás, vimos um trator tricolor passar no Engenhão sem piedade. Depois de quatro anos, com a rara exceção da pequena Era Cristovão em 2014, o Fluminense ganhou um jogo – clássico – com totais autoridade, atitude e dinâmica. Jovem Flu de corpo e alma.
Diante de um diminuto público para a magnitude da partida, o Tricolor foi senhor do começo ao fim. O Vasco tentou alguma coisa no começo, acertou uma cabeçada no travessão e só. A agilidade do nosso meio de campo, com o destaque para os jovens Orejuela e Sornoza, foi decisiva. Gostei também da movimentação pela direita, alternando Lucas, às vezes Scarpa e o próprio Sornoza – que fez uma jogada demolidora para o segundo gol. Curiosamente, o primeiro gol saiu de quem não estava produzindo muito, mas depois se firmou: Wellington. E Leo, firme na esquerda. Terminou o primeiro tempo em 2 a 0, mas podia ter tido ao menos mais um.
Sedento de jogo debaixo do calorão, o Flu voltou rápido do vestiário, ao contrário do adversário. Nos primeiros minutos, a Colina voltou a tentar um pouco mais de ataque, mas a rigor Cavalieri impediu a principal chance, saindo na bola. Matreiro, o jovem time do Flu voltou a agredir com espaços generosos, trocou peças, perdeu um caminhão de gols e marcou o terceiro, com Marcos Jr. vibrando muito. Reitero: três na sacola foi uma promoção para os vascaínos, que temeram sofrer uma goleada histórica.
Para o final, quero elogiar alguém que já critiquei muito e em quem continuo a ver grandes limites, mas não me permito fazer o papel de idiota abraçado no próprio caixão com minhas próprias teses ocas. Falo de Dourado. Deu bons passes, lutou muito, marcou gol e o principal: aos 45 do segundo tempo, manquitolando com dores musculares, voltou do atendimento correndo para a própria área, buscando ajudar na marcação. O nome disso é compromisso. Atitude. Vontade. A cara do Abel.
Uma vitória de lavar a alma. Foram só dois jogos e estes são os primeiros passos do ano, mas não há dúvidas: o Fluminense mudou dentro e fora de campo. Mesmo que o ano venha a ser opaco – no que não acredito -, esse 3 a 0 diante do Vasco tem uma saudável aragem dos 4 a 0 sobre o Botafogo em 1980, dos 5 a 0 sobre o Coritiba em 1984 e de muitos outros jogos onde o Fluminense não precisou de nomes consagrados ou badalação midiática para ser o destaque de um domingo de futebol. Não se pode afirmar nada para o futuro dos próximos meses, mas é inevitável perceber a mudança de astral no time e em quem o viu hoje, de perto ou de longe. Por algumas horas eu voltei a ser um garoto daqueles anos incríveis onde o Maracanã era nosso aquário natal, onde o Fluminense era de todos e não uma Geni de fracassados militantes eleitorais.
Abracei amigos, gargalhei ao ver a deselegância discreta de detratores superbregas e vi nas arquibancadas um Homem Aranha – mesmo! – torcendo loucamente pelo nosso Flu. Definitivamente, este domingo não foi um dia comum. Nem falei da arbitragem mequetrefe. Não é preciso.
Estou muito feliz – sem precisar forçar sorrisos – feito no tempo em que se cantava “Sorria pra chuchu/que o campeão é o Flu/e o resto…”. Que jogo!
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
Essa sua caricatura que ilustra o texto está ótima, Andel!
Gostei do Sornoza. Mas ainda tenho uma desconfiancazinha com o Wellinton Silva ( finalmente Silva agora ), e esse Orijuela pode melhorar. Acho que o Wellinton Silva perde muitas jogadas simples tentando complicar.
Amém!