“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.” Escolhi esta frase do saudoso Ariano Suassuna para marcar o meu início de 2017. Confesso que desde o fim do mandato do ex-presidente Peter estes foram os meus sentimentos em relação ao Fluminense. Primeiro, o otimismo com a assunção do novo presidente, Abad, e a perspectiva e esperança de reconstrução de uma equipe que não funcionou em 2016; segundo, o pessimismo, ao perceber que não seria bem assim: além de Abel, vieram apenas os equatorianos Orejuela e Sornoza e o lateral Lucas, muito pouco para um Fluminense que precisa almejar títulos novamente; por último, o realismo esperançoso, a resignação do “é o que temos, então vamos com isso”.
A nova administração, embora muitos acreditem não ser tão nova assim, encontrou um passivo enorme de jogadores mal contratados, verdadeiros estorvos com salários elevados e que mostraram qualidade insuficiente para envergarem a camisa tricolor. Uma limpeza foi feita, mesmo que, em alguns casos, o clube tenha se desonerado menos do que gostaria. Responsabilidade de quem contratou mal e onerou um clube com as finanças já combalidas.
Diante do quadro encontrado, de despesas que não poderão ser totalmente eliminadas, restou ao Flu contratar pouco, pouquíssimo por sinal. Os equatorianos parecem ser uma boa aposta, Lucas, porém, uma incógnita. Para um clube que precisa pensar em títulos é pouco ou quase nada, sobretudo quando se sabe que é normal que nem todos os novos contratados emplaquem.
Aí, sem os reforços esperados, sobretudo para posições carentes como o ataque, as laterais e a defesa, surge o argumento de que se investirá na juventude, na rapidez, mesclando o antigo grupo, com os parcos reforços e jogadores da base.
O Fluminense não deu certo em 2016, repito, e a equipe basicamente foi mantida. Para que funcione como merece em 2017, os reforços e a base precisam deslanchar e Abel precisa fazer mágica, pois terá no máximo um time, mas não terá uma equipe qualificada durante toda a temporada.
Não creio que os dois Henriques estejam à altura de serem titulares desse time. São fragilíssimos. E ainda acho Leo um jogador que serviria para ser, no máximo, reserva. A zaga deveria ser composta por Renato Chaves e Nogueira, o melhor que temos, mas ainda uma defesa que não está à altura das tradições do clube. E o ataque, me parece que só se prestará a algo se Richarlisson justificar o investimento que foi feito. Do Dourado nada espero (que eu queime a língua).
Há nomes como Marquinhos Calazans, Pedro, Danielzinho, base tricolor que pode ajudar, mas não imagino que sejam a solução, pelo menos imediatamente.
Por outro lado, parece que teremos um meio de campo mais forte, o que é importante tanto para municiar o ataque, quanto para proteger a defesa.
O Flu pisa em 2017 como o clube carioca que menos se reforçou. Já houve outros anos, porém, em que contratou demais e nada deu certo. Estará nas mãos de Abel Braga o destino desse grupo, que entra como verdadeiro azarão, sem qualquer glamour, mas como disse o próprio treinador, com alma nova.
Se o Fluminense der o sangue dentro de campo todo esse realismo se converterá em esperança e a esperança, quem sabe, numa vaga para a Libertadores ou num título.
Hoje, parodiando Suassuna, não sou um pessimista nem um otimista, sou um realista esperançoso. Amanhã, eu só quero ser campeão.
Panorama Tricolor
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