NH: Nigga Honey (por Alva Benigno)

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CONTÉM LINGUAGEM FORTE

Já em ritmo de despedida do ano, Chiquinho Zanzibar resolveu não ir a Edson Passos para a partida contra o Inter. E tirou o sábado para descansar, enfurnado em seu robe grená dentro de casa – sem cueca ou calcinha -, evitando o cheiro de povo. Ainda triunfante depois da vitória inesquecível sobre Agnaldo Happybath, teve duas semanas de glórias e tomou posse como um respeitável conselheiro na última quinta-feira. Ou não.

Leu revistas de fofocas e porcarias similares. Debochou de tuiteiros coléricos, passando seus contatos para administradores de salas de bate-papo guei, recomendando que os mais atrevidos os procurassem para noitadas de putaria homo. Aplaudiu Luciano Huck na tevê e ficou indignadíssimo com as mentiras da revista sobre as tenebrosas transações de empreiteiras com políticos brasileiros. Ainda sob o efeito de diversos sanduíches de Amendocrem, e também sozinho no apartamento, dispôs-se a peidar de forma retumbante, como se o gás expelido fosse um objeto fálico, sólido, alisando-lhe na fusqueta e oferecendo uma nuvem fedorenta quente, chocando-se com o ambiente refrigerado da sala de estar.

Depois das eleições, o ritmo frenético das ligações telefônicas diminuiu consideravelmente. Era um sábado de tédio praticamente. Não tinha nenhuma sessão de viadagem adquirida marcada, não iria ao club, não sairia. E nenhuma chance de eventos em Pecadópolis: em dezembro, os homens brancos de bem costumam posar de pais de família, deixando as picardias proibidas de lado.

Em certo momento, sentou seu veterano e experiente popô no sofá, afundando a bunda e mantendo o ritmo dos peidos, sentindo um calorzinho na cloaca a cada flatão disparado – foram vários. Em todos eles, lembrou do banho de lava marrom que disparou na fuça de Agnaldo Happybath e riu com seu jeito esquisitíssimo: aquilo para ele foi um gol de placa, um gol de título, uma glória. Interrompendo o breve prazer anal a gás, levantou-se e foi à cozinha buscar um prato, pensando em louvar um grande zagueiro do Bangu nos anos 1980: Tecão. Voltou com o sacolé e mandou o rapé para as narinas, sentindo-se elétrico e excitado sexualmente. Mas ali só havia espaço para o prazer solitário. Quase pensou em usar o próprio smartphone como supositório do amor, mas declinou ao receber uma mensagem Whatsapp de Ney, um amigo:

– Você ficou sabendo do que aconteceu no blog dos comunistas?

– Eu não. Que porra é essa?

– Veja com teus próprios olhos, Mona Lisa.

– Um minuto.

Ao navegar, ficou estupefato em saber que o PANORAMA havia anunciado a contratação de Antonio Gonzalez, o lutador careca supremo, o paradigma do macho desejado e apetitoso. Num primeiro momento, Chiquinho manteve a arrogância de sempre:

– Ninguém lê essa merda. Não é um campeão de audiência, um veículo grande. O que importa contratarem esse bofão?

– Tem certeza de que isso não mexe com você, Zanzi? Vem cá, e aquela sorveteria de Brasília é alguma lavagem de dinheiro tua?

– VÁ TE FUDER!

(e nossa bicha grosseira parou de responder; não aceita ser contrariado em nada)

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Minutos depois, Chiquinho pegou seu aparelho de volta. Abriu o blog e encontrou a foto do lutador. Sem ninguém por perto, começou a lamber a imagem no smartphone, até que pôs a boca numa das extremidades do aparelho e passou a chupá-lo com sofreguidão, como se fosse uma glande preta retangular. Num súbito, parou com a tara, suspendeu o blowjob, fixou o olhar na tela e passou a admirar a foto de perfil do street fighting man das Laranjeiras, num misto de desejo ardente e admiração.

Outra mensagem: “Chiquinho, você está aí? Achei uma foto daquele nego delícia que você comentou outro dia. Disseram pra procurar por “Blackhoney”, mas não sei se o inglês é sério ou é só um disfarce para “Nigga Honey”. Você sabe dizer?”

Nosso vilão patético leu com calma e, num súbito, largou o telefone. Olhou para o teto e novamente pensou no rosto cagado de Happybath, deixando que a bosta líquida servisse de creme para a pele do rosto do escroque. Ficou assim por minutos até pegar novamente o celular e responder: “Eu não sei, mas este nome de mel me interessa muito. Tomara que me faça. Quero chupar feito aqueles saquinhos que vende na loja de balas.”

Gonzalez era apenas a grande paixão não correspondida. O homem a idealizar os roteiros homoeróticos do conselheiro afrescalhado. Mas e a história de Nigga Honey? Seria uma armadilha dos inimigos? Uma vingança de Happybath? Ou uma saudável coincidência a favor dos pecados danadinhos na cama?

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Simultaneamente, Fábio Lorellay, um velho amigo dos tempos da Galeria Alaska, há muito sumido, pediu a amizade de Chiquinho Zanzibar no Facebook. Outra coincidência às vésperas do último jogo da temporada?

O velho peidorreiro grita sozinho: “Tomar no cu! Eu quero é jeba nova! Twitter de cu é rola. Vá pedir amizade pra minha piroca, filhadaputa.”

Alguém está querendo fuder alguém. Literalmente.

(segue)

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Imagem: peeka