Não me surpreendeu o empate no ansiado retorno do Fluminense ao Maracanã. O problema não é a perspectiva apresentada no gramado em si, nem as possíveis explicações tecnocráticas da falta de efetividade e outros bordões, mas sim o conjunto da obra.
Num campeonato fraco e nivelado por baixo – o “japonês” que tantas vezes comentei aqui, mesmo com as barbaridades cometidas na montagem deste elenco, achei que seria possível ir mais longe na classificação. Enquanto teve fôlego, o Flu acumulou gordura na pontuação e espantou o mal maior, afastando-se dos dramas de 2013 e 2015. Mas parece que a cinco jogos do fim do Brasileiro, está faltando punch, pegada, atitude. Espero sinceramente estar enganado e ainda sonho com a vaga na Libertadores.
Reitero: o problema não é matemático, de pontuação, mas de punch. Temos cinco jogos. É preciso reverter o declínio.
II
Cícero merecia aquele gol no final do jogo, pegando de voleio e a bola passando pertinho da trave direita. Gol não: seria um golaço. Já tinha feito um de cabeça, belíssimo, virando a partida. Quando bem escalado, é jogador de qualidade. Basta haver algo que hoje anda bastante raro na torcida, nos dirigentes, nos agentes políticos e até em candidatos à presidência do clube: bom senso.
No passado, a desculpa oficial para se perseguir Cícero era a de ser um “mercenário”. Na verdade, dentre outros motivos, ele era um contraponto a Fred, o que não nos impedia de ver os dois abraçados e sorrindo muitas vezes. Sobre o ex-camisa 9, nao deixa de ser engraçado ver que minhas críticas a ele desde 2013 agora são endossadas por vários tricolores. Mas é bom que se diga: jamais questionei o artilheiro, seus gols e seu talento, mas sim suas posturas.
Quanto ao seu apoio político nas eleições do clube, trata-se de um direito pessoal seu, mas que em nada me comoveria. Fred já apoiou Aécio Neves e mostrou imensa simpatia numa fotografia com Jair Bolsonaro. Logo, não me serve como cabo eleitoral.
III
Empate amargo com sabor de derrota. Pagamos o preço de gols perdidos e de falhas capitais na defesa. Para piorar, o pênalti artificial de ontem passou a alimentar certa hipocrisia na discussão de futebol. “Ah, o Fluminense também foi favorecido”.
IV
A cada dia que passa, vejo com mais nojo certa parcela política do Fluminense. Não é de hoje que o macartismo impera nesta lida e me parece claro que, para alguns, o objetivo é navegar na contramão da democracia tricolor. Quanto mais gente ofendida, ameaçada e coagida, mais fácil é controlar territórios de poder.
Um velho ditado é fundamental: “Quem tem telhado de vidro não atira pedra no dos outros.”
V
Agora, uma batalha barra pesada contra o Cruzeiro, fora de casa, numa partida que decide os rumos do nosso ano. Se vencermos, continuamos firmes na briga. A derrota seria desastrosa em termos psicológicos na reta final. Torçamos.
VI
“Hei, Al Capone, vê se te orienta/Assim dessa maneira, meu rei, Chicago não aguenta” (Raul Seixas)
VII
O peixe e o otário são iguais: ambos morrem pela boca.
VIII
Vamos falar de coisas boas. Virei tio. Meu irmão Leo Prazeres, fundador deste PANORAMA, acabou de estrear como papai do Lucas e este já chegou vibrando com as cores do Fluzão. O sol nascerá.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
Hehehehe, maneira a fotografia do bebezinho.
Parabéns
Quanto ao Fluminense, acho que é um retrato desse treinador descompromissado.