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Antes do jogo, meu desconforto pelo Inter estar há dez jogos sem vitória. Nos últimos anos, não foram poucas as vezes em que o Fluminense entregou a paçoca para times em má fase no Brasileirão. Estando na zona de rebaixamento, pior ainda. Deixe estar, pois. Já que tudo tem suas compensações na vida, lá estava o Fernando Bob do outro lado.
Felizmente o futebol é a ciência exata dos ledos enganos. No primeiro lance efetivo, a sobra de bola depois da cobrança de lateral encontrou Scarpa. Livre, livre, ele acertou um tirambaço no ângulo esquerdo de Marcelo Lomba, colocando 1 a 0 sobre o Inter. Certamente um dos mais belos gols do Brasileirão. Alívio. Depois, seguiu-se uma amarração só: o Inter no cisca-cisca, sem penetração, enquanto o Flu ficava fechadinho e só ia na boa. Gum fez o segundo gol, de cabeça, mas a eterna “interpretação da regra” nos puniu mais uma vez, dando impedimento extraterrestre de Cícero, que chegou perto da bola quando ela já tinha vencido Lomba. Vinte minutos de luta.
Outros dez sem maiores alterações. O Flu quase teve chance numa cobrança de falta ensaiada, o Inter deu seu primeiro chute na partida, Valdívia em cima de Cavalieri. Chuveirinhos colorados sem criatividade e a boa pegada na marcação tricolor. Então veio uma “emoção”: o treinador Falcão foi expulso pela primeira vez em sua carreira. Esses árbitros… A seguir, bicos para o alto, passes errados, a bola queimando nos pés. Cavalieri defendeu uma bola desviada aos 42 minutos e outra, a mais perigosa de todas, aos 46, num chutão do venezuelano Seijas. O castigo veio no minuto seguinte, com o mesmo jogador, em outro belo chute com a bola batendo na trave direita e entrando, para o empate e o intervalo. Tudo com William Matheus de espectador privilegiado.
Além de Scarpa, pelo golaço, valeram a vontade de Marcos Junio e a marcação da equipe em quase todo o primeiro tempo, falhando apenas nos dois chutes finais do Inter. Futebol é assim.
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Com Samuel e Danilinho em campo, o Flu voltou disposto a recuperar o mau final antes do intervalo. Saíram Marcos Junio e Henrique Dourado, direto para tratamento com gelo no banco de reservas. O primeiro foi desfalque, mas o segundo bem podia trocar seu sobrenome para, no máximo, Bronzeado: em suas poucas intervenções na partida, manteve permanente litígio com a bola.
O primeiro susto aconteceu com mais um chute de Seijas, num bico passando por cima do travessão. O Inter, mais pelo entusiasmo do que pela organização, passou a ocupar mais a intermediária do Flu, também beneficiado pelos nossos erros de passes.
Mergulhando na surpresa, o Fluminense chegou ao segundo gol, num cruzamento de Danilinho e uma jogada engraçada: Samuel, o nosso Sonny Rollins, caiu, atrapalhando as atenções, e novamente Scarpa marcou presença, finalizando com categoria: 2 a 1. Boa pedida, mas ainda com quase meia hora de jogo à frente, controlada razoalvelmente a seguir, pela recuperação da nossa marcação e certa apatia do Inter.
Aos 28, a barra pesou: Seijas deu de sola na panturrilha de Wellington, o que imediatamente causou-lhe uma torção de tornozelo. A imprudência podia ter quebrado o rapaz. Voltou a campo, mas mancando. E Cavalieri voltou a fazer boa defesa, em finalização de Ariel, colocando para escanteio. Na cobrança, a bobeada da nossa defesa e… gol de Fernando Bob, 2 a 2. BOB! Céus! Discretamente, Marquinho voltava a vestir a camisa do Fluminense, depois de cinco anos, substituindo Wellington.
O gol botou fogo na torcida colorada, empurrando seu time. Mas era tudo mais empolgação do que propriamente qualidade. Nos minutos finais, muita briga dos dois times pela bola e contra ela também.
Empatar fora não deixa de ser um bom resultado, mas também não tira o Fluminense da condição de figurante do campeonato, ainda que tenha uma partida a menos. De bom, parece que a semana de treinos fez o Tricolor melhorar no conjunto e bloqueio. Por outro lado, Douglas anda errando muito, enquanto WM e Bronzeado são incomentáveis – este último é o líder do POB: Partido da Oposição à Bola. Que me desculpe a brincadeira.
Torçamos sempre. É o caminho, sem pessimismo, mas também sem o mundo da megalomania oca.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
1 semana de treinos. Nem parece. Não temos vocação para contra ataques?
ST