O CT e a mordaça (por Paulo Rocha)

paulo rocha green

Os 114 anos completados quinta-feira pelo Fluminense foram comemorados de forma emblemática: com a entrega, ainda que parcial, do sonhado Centro de Treinamento. Graças ao engenheiro Pedro Antônio Ribeiro da Silva – a quem o clube deveria homenagear, no mínimo, com um busto no local -, conseguimos dar um passo à frente no que diz respeito à infraestrutura. A obra caminhou rapidamente e, quando vimos, lá estava o CT. Nem mesmo o mais otimista dos tricolores esperaria a velocidade com a qual ela foi executada. E, de fato, ver nossa bandeira hasteada, tremulando ao vento da Grande Barra, nos dá uma sensação ainda maior de grandeza.

O que não dá sensação de grandeza (pelo contrário, nos provoca náuseas) é a lei da mordaça imposta ao site Net Flu. Irritados pelo fato do sócio do clube Antonio Gonzalez ter documentado um foco de mosquitos no vestiário da piscina das Laranjeiras, os homens que dirigem o Flu, alegando viés político na matéria publicada pelo site, impediu os jornalistas do veículo de fazerem a cobertura do futebol tricolor nas dependências do clube – inclua-se aí o novo CT. Isso se chama censura e quem paga por isso são os torcedores do Fluminense que acompanham, através da internet, o dia a dia do mais amado do Brasil.

Fui repórter setorista do Vasco numa época de lei da mordaça e sei tratar-se de uma coisa inaceitável, resquício da ditadura que assolou este país. A diferença daquela lei de mordaça para essa é que, na vascaína, Eurico Miranda assumia a autoria da medida. Truculento, mas sem esconder-se atrás de nada. No cerceamento tricolor à informação, os ditadores se fingem de bonzinhos e mascaram suas verdadeiras intenções.

Quanto aos reforços apresentados, sejamos sinceros: algum torcedor conseguiu se empolgar com eles? Tirando Marquinho (mais pelo fato de possuir identificação com o clube e ter participado de momentos marcantes), o que podemos esperar? Só nos resta torcer para que deem certo vestindo a camisa tricolor.

Mas vamos voltar ao que, no meu tempo de setorista, chamávamos de “campo e bola”. Domingo, pelo Brasileirão, teremos pela frente um rival interestadual ávido por vingança pela derrota na final da Primeira Liga. Mas querem saber? Confio no Fluminense. A nova formação de Levir Culpi, com Marcos Junior, Samuel e Richarlison, deu mais saúde e força ao time. Levo fé.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri

Imagem: paro

4 Comments

  1. Paulo, parabéns pela coluna e elegância tradicionais. Censura é inaceitável, e a defesa dessa tese pelo grupo político que hoje administra o clube é vergonhosa. Calaram-se quando o Flu foi apedrejado em 2014.

  2. À propósito, apesar de frequentar o clube desde os 6 anos pelos últimos 48 anos nunca me envolvi em política do clube.
    Só cumpro meu dever escolhendo o menos pior.

  3. À história do Eurico, em quem vc achou alguma nobreza, é diferente. Barrou toda uma imprensa. Isto sim completamente ditatorial.
    A postagem do “Jorge Nunes” ex parceiro da gangue da antiga administração foi por exemplo um ataque injusto ao atual Presidente.
    Que tem seus vacilos e erros mas desde o Silvio Kelly, que criou em 82 Xerém e a base do time tri campeão dos próximos anos, que não temos um presidente que não entrega o clube na penúria.

  4. Sou contra a censura mas a verdade é que o Netflu não tem se comportado como uma imprensa profissional.
    Tem feito postagens. Seguidas depreciativas e mesmo levianas sobre a atual administração.
    Eu frequento o banheiro da piscina e nunca vi os tais mosquitos. Se o sócio vê alguma coisa errada a postura ética é reclamar perante a administração.

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