O Fluminense respira paz, por ora. Um incêndio de grandes proporções foi apagado antes que provocasse danos irreversíveis para as principais pretensões tricolores neste início de temporada.
Fred, Levir e Siemsen sentaram-se à mesa como homens sensatos e, se não puseram fim, adiaram o conflito de egos entre o treinador e o nosso artilheiro para outro momento.
Agora é a hora de focar apenas no interesse maior, que é o Fluminense, e na possibilidade concreta da conquista de dois títulos. Algo impensável há bem pouco tempo, é uma realidade com que devemos – e nos apraz enormemente – lidar.
O artilheiro desdisse o seu ultimato, reconsiderou uma suposta saída e agiu como devem agir os grandes homens quando são chamados à responsabilidade de decidir sobre algo que repercutirá, não só sobre a sua vida pessoal, mas sobre toda uma coletividade.
Não me cabe aqui analisar os motivos de sua permanência para quem o Fluminense é a sua casa e que a hierarquia deve ser respeitada doravante – Levir é o comandante e deve agir como tal e ele, Fred, é o capitão, e também deve exercer a sua liderança dentro dos limites da função, conforme ele próprio afirmou em coletiva – ou se não encontrou uma proposta minimamente próxima de seu salário no Tricolor.
Seria leviano elucubrar sobre uma decisão pessoal absolutamente subjetiva. Fred ficou e ponto. E é o Fluminense quem ganha com isso.
Portanto, discussões que ganham a rede sobre o que teria motivado o artilheiro a permanecer no clube me parecem inócuas neste momento. Quando o noticiário repercutiu a crise entre Levir e Fred, este foi majoritariamente criticado por sua atitude, considerada por muitos egoísta, uma vez que envolvia um interesse maior, qual seja, o Fluminense.
Agora que reconsidera a sua posição, ainda agora, vozes se levantam para discutir o que teria levado o nove tricolor a permanecer no Flu.
A mim, pouco importa. Defendi que o melhor caminho era o caminho da conciliação, sem danos para qualquer das partes envolvidas. Sinceramente, não sei se ela ocorreu de fato, mas de direito, oficialmente, o que temos é uma manifestação pública do artilheiro pondo panos quentes no imbróglio.
Melhor assim. O Tricolor precisa de paz, foco e concentração para as próximas partidas, que envolverão uma final de torneio da Primeira Liga e a passagem para as semifinais do campeonato carioca.
A saída de Fred poderia contaminar parte do grupo, sobretudo aqueles mais intimamente ligados ao líder e ser prejudicial às pretensões tricolores em ambas as competições. A sua permanência, embora provavelmente não tenha agradado a todos, é claramente um motivo para reenergizar o elenco, motivando-o para as decisões que se avizinham.
O artilheiro ainda é imprescindível ao Fluminense, seja pela sua liderança, seja pelo seu desempenho em campo. Se não faz gols, organiza a equipe com bons passes, abre espaços para os companheiros chegarem ao ataque e ainda ajuda na marcação.
Fred só não pode arvorar para si um título que não lhe pertence mais: o de único e supremo salvador. Levir corrigiu esse erro e deu ao Fluminense opções ofensivas e uma nova dinâmica de jogo que nem sempre envolverão o artilheiro.
Quando isso ocorrer, Fred deverá saber reconhecer que o Flu também pode sobreviver sem ele dentro de campo – quando essa for a opção do treinador – e que, embora seja ídolo da enorme torcida tricolor, aquele que está à beira do gramado deverá ter sempre a palavra final.
Assim, o Fluminense terá ao seu dispor o melhor de dois grandes craques: Levir Culpi e Fred.
Panorama Tricolor
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