Antigamente, os torcedores ficavam esperando as resenhas do rádio após os jogos, a mesa redonda nas noites de domingo e as grandes manchetes esportivas na segunda-feira. Homens das letras como João Saldanha, Oldemário Touguinhó e Achilles Chirol descreviam os subterrâneos do futebol, dentre outros próceres – isso com Nelson Rodrigues já falecido – e, com toda a sinceridade, como é absolutamente ridículo ver pobres diabos tentando imitá-lo por absoluta falta de identidade literária e teatral, claro.
Com o tempo, a informação virou 24 horas. Ninguém espera mais o Globo Esporte com Vanucci na TV. Os gols do Fantástico. Nenhuma matéria impactante, exceto as chatíssimas e pasteurizadas coletivas – e tome perguntas enfadonhas ou fora de propósito.
Os sites e blogs precisam de conteúdo, as manchetes são instantâneas e haja informação para preencher toda essa grade e a ânsia dos torcedores por qualquer notícia. Na falta delas, rumores e fofocas servem. Chutes, sopros, fofocas, o que der. Gente muito séria nas redações e estúdios, mas nem todos: já estamos acostumados. Subcelebridades em frenesi.
Eis o caso de agora: (mais) uma confusão no Fluminense. Num domingo com sabor de bolo chocho, cliques, claques e láiques a valer. Como seria a tarde dramática? Quem venceria a grande queda de braço mais especulada do que certa? O carrasco Levir contra o todo poderoso Fred? Onde fica o Mr. Derrota na história? Sai pra lá, virada de mesa!
Na parte que interessa a este PANORAMA e o escritor deste espaço, a vitória tricolor sobre o Volta Redonda colocou o Fluminense a um ponto do título da Taça Guanabara, o charmoso troféu que, se não tem o brilhantismo de outrora, ainda tem plena importância, além de fazer com o Flu afie as garras para as semifinais.
Vamos ver o que acontece até terça. Fred é um dos maiores artilheiros da história do clube e ídolo contemporâneo de muitos, o que pesa em avaliações mas não lhe confere autoridade de dono do Fluminense porque isso não cabe a ninguém. Levir chegou bem, tem conquistado boas vitórias, mas não custa lembrar que o segundo semestre é infinitamente mais difícil do que o primeiro – e também não é dono do clube. O Felipe Fleury, com seu talento de mil oceanos, aqui escreveu que confia e torce pela razoabilidade dos atores envolvidos no suposto imbróglio. Sigo o relator e penso numa única questão: ninguém fez reunião na noite de sábado para tratar exclusivamente de melindres e pitis. Não existe jantar grátis.
Haja o que houver, há indícios claros de que voltamos a um bom caminho, pavimentado por vitórias e já tendo certa uma decisão. O Fluminense está acima de todos os jogadores, dirigentes, treinadores, conselheiros, torcedores e congêneres. Essa é uma premissa inalienável que vale para qualquer um, sem imunidade para o camisa 9 e o treinador, entre inúmeros outros.
Humildade para todos, absolutamente todos, exceto para os boçais incapazes de compreendê-la – os mesmos que Caetano Veloso tão bem descreveu em “Podres Poderes”, 1984. Maturidade também.
Panorama Tricolor
@PanoramaTri @pauloandel
Imagem: rap
Lembrando o samba enredo da União da Ilha “O Amanhã”, O que será o amanhã?
Como vai ser o meu destino? aguardemos…
ST!
Simples assim.
ST