Sobre Levir Culpi e Fred (por Felipe Fleury)

felipe fleury red 2016

Qualquer conversa que envolva o Fluminense deve ter respeitada uma premissa inarredável: Nada ou ninguém é maior do que Ele.

Quando Levir Culpi assumiu o Tricolor, depois de algumas apostas que não deram certo, uma das suas primeiras marcas foi mostrar que, no clube, cada um deve ter predefinida a sua função. Simples de se entender: um treinador comanda o time, um jogador treina, joga e obedece às suas determinações.

Levir, pensando em preservar o artilheiro – após um mês fora dos campos – e, sobretudo porque Fred não poderá disputar a final da primeira Liga, optou por colocá-lo em campo não mais do que 60 min, substituindo-o ainda no início da segunda etapa das últimas partidas.

Pensei cá com meus botões: Fred não deve estar gostando disso.

E não estava.

Não foi surpresa o seu sentimento de desaprovação, mas foi surpresa que a sua manifestação – deixando de participar de dois treinos, de viajar com a equipe para Volta Redonda e anunciar: “Ou Levir ou eu!” – tenha ocorrido às vésperas de uma importante decisão para o Fluminense.

A sua atitude demonstrou nitidamente que se preocupa mais consigo do que com o Tricolor.

Fred reinou absoluto no Flu, enquanto teve um vice de futebol e alguns treinadores que lhe fizeram todas as vontades. Encontrou, contudo, em Levir, um técnico que pensa mais no conjunto, mais no interesse coletivo e mais no Fluminense do que nele.

Todos sabemos o quanto Fred foi importante para o Fluminense e o quanto o Fluminense foi importante para o Fred. Nessa ponderação de importâncias, ninguém deve nada a ninguém.

Mas se o artilheiro não consegue aceitar que se criem alternativas a si, como Levir tem feito ao tirar o Fluminense da mesmice que era a dependência exclusiva do artilheiro, demonstra unicamente egoísmo, orgulho e vaidade que não se coadunam com o sentimento de coletividade e solidariedade que deve nortear uma equipe de futebol.

Levir Culpi não barrou o artilheiro. Apenas o substituiu no decorrer dos jogos. Imagino que Fred tenha pressentido que em breve poderia perder a vaga, mas nem isso justificaria a sua conduta, praticamente impondo ao Presidente do Clube, como num ultimato, que a sua permanência dependeria da saída do treinador.

Fred é o terceiro maior artilheiro da história do clube. Foi imprescindível nas campanhas de 2009, 2010 (em certa parte) e sobretudo em 2012, mas se o seu ego não admite que seja contrariado, ainda que para o bem do Fluminense, que vá ser feliz n’outro lugar.

Será difícil ver o artilheiro vestindo outra camisa, especialmente no Brasil, mas é assim que funciona o futebol moderno. Não há romantismo, há interesses, e quando esses não se combinam mais, resta a rescisão, se possível amigável.

Hoje, Levir resolve dois problemas no Fluminense: primeiro o faz jogar futebol e, segundo, mostra que treinador de pulso não se submete a caprichos de quem quer que seja.

Ao contrário de Fred, Levir sabe que o Fluminense é muito maior do que ele.

De toda a sorte, seria muito melhor para o clube, neste momento, que o artilheiro repensasse o seu gesto, pedisse desculpas e ambos contribuíssem, cada qual com suas virtudes, para um Fluminense melhor e maior.

Seria uma atitude honrada e digna de um ídolo.

Panorama Tricolor

@PanoramaTri @FFleury

Imagem: suggs

18 Comments

  1. Penso q se confunde respeitar hierarquias com condutas arcaicas, destespeitosas e opressoras. Levir tem p/ perfil chegar predisposto a constranger grandes nomes de atletas e lideranças. As piadas de Levir, as substutuiçoes reiteradas do maior nome e capitão nao sao apenas pq nao esta bem ou sem condicionamento, sao p/ provocar constrangimentos ao atleta idolo e capitao. Dar limites tem limites e ainda caçar a palavra do capitao ao grupo e corta-lo = abuso de poder, e nao querer o cara P, qual é?

    1. Não sei o que se passou na cabeça de Levir dentro do vestiário, mas chamar a atenção de qualquer jogador é um direito dele. Fred talvez tenha se sentido magoado, porque nenhum outro treinador que passou pelo Flu teve tamanha ousadia. ST

  2. Se realmente o fred ficou chateado com as substituições, aí sim eu concordo com seu ponto de vista. Quem decide isso eh o tecnico e ele estaria totalmente sem razao. Mas isso ainda nao foi confirmado por nenhuma parte da historia. Entao, ainda nao passa de disse-me-disse…
    O flu eh maior que todos sempre. Entao, ate por isso, gostaria que os escritores do Panorama e de outras midias tricolores respeitassem o clube, buscando nao formar opinioes dos leitores baseando-se apenas em boatos..

    1. Rafael, muito obrigado pela participação.

      Contudo, convém esclarecer que não há nenhuma relação entre a coluna publicada, de autoria do escritor Felipe Fleury, e qualquer desrespeito ao Fluminense.

      Pelo contrário: o PANORAMA é uma casa de defesa do Tricolor.

      No mais, aqui se prima pela pluralidade de opiniões, não necessariamente as do agrado ou das expectativas pessoais dos leitores.

      ST

    2. Rafael, o que mais se preza nesta Casa é o respeito ao Fluminense. Nós não fabricamos notícia, mas emitimos, como tricolores que somos, nossas opiniões sobre elas. Sempre, é claro, dentro do respeito à Instituição Fluminense e a terceiros. Toda opinião aqui publicada decorre de um fato jornalístico noticiado na grande imprensa. Seria leviandade dos colunistas deste espaço disseminar fofocas ou opiniões baseadas em fatos cujas existências são duvidosas. ST

  3. Acho mt prematuro julgar o fred pq ele ‘teria dito’ q nao jogaria mais com o levir..e ainda assumir que o problema foi pq ele foi substituido nos jogos. Ainda nao se sabe ao certo o q foi fato ou o q foi boato..e ver a imprensa com pre-julgamentos em cima disso, apontando mocinhos e viloes, so prejudica ainda mais o ambiente do clube. Acharia mt prudente esperar os fatos aparecerem para emitir e formar opinioes..

    1. Não se trata de mocinhos ou bandidos, Rafael, trata-se de quem respeita ou não o Fluminense. E não há pré-julgamentos, há uma opinião baseada em fatos fartamente noticiados na imprensa. Uma opinião forjada dentro dos limites da liberdade de expressão. Os fatos já “apareceram”, os motivos é que são ocultos. ST

  4. Perfeito, Fleury. Se Levir conseguir a façanha de enquadrar o Fred (o que a quase totalidade dos treinadores e gestores não souberam fazer e deixaram a situação chegar no ponto que está), estará dando um passo imenso no sentido de aumentar a competitividade da equipe, bem como fazer com que o capitão consiga render tudo o que pode na reta final da carreira. Infelizmente a história dele no Flu mostra que ele só rende o que pode quando está sob pressão e sendo questionado.

  5. Hehehehe
    Corrigindo…
    Comentário, não, o seu texto.
    Saudações Tricolores

  6. Se Frederico fizer isso (repensar e voltar a jogar bola), ganhará meu respeito em definitivo.

    ST

    1. O caminho é esse, Carlos: a conciliação. Perder qualquer um dos dois será muito prejudicial ao Flu neste momento. Que se entendam para o bem do Tricolor. ST.

  7. Espetacular a sua visao e seu texto perfeito nesse momento. Concordo com voce em tudo que expos aqui. Penso exatamente que, no momento, a melhor saída será o diálogo entre os dois, o entendimento e não o estrelismo e a cara feia do capitão Fred que contrariado com a decisão do técnico, cria essa confusão em um momento muito bom que o time está vivendo. Vamos torcer que tudo acabe bem. Seria otimo, pois ganharíamos todos, concorda Felipe?

    1. Claro que concordo, Mônica. O diálogo sempre será o melhor caminho, sobretudo quando se trata de uma crise onde a perda de qualquer um dos dois será muito danosa para o Fluminense. Obrigado por suas considerações! ST

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