Com atraso, na próxima semana começa o ano letivo tricolor definitivo. Aprendizados, dúvidas, erros, acertos, reconstrução. Sinais visíveis de Levir Culpi, o novo treinador, que bem poderia ter vindo no Natal de 2013 por exemplo, mas Dr. Celso impôs Renato e o resto da história todos sabem até a semana passada.

Salvo raras exceções, nenhum time chegou ao topo sem um comandante vitorioso. Alguém irá dizer que todos têm que começar um dia e isso é verdade, mas o Fluminense não pode servir de estágio para novatos sem estofo. É um assunto já muito debatido e dele me poupo por ora.

Levir é boleiro, tem farta experiência, currículo, plena voz de comando, não costuma ser leniente com mimos e melindres de estrelas, costuma exigir de seus times o vigor na ponta dos cascos e ainda mostra fullgás para batalhar por conquistas. Não se pode ter certeza absoluta de que tudo dará certo – o futebol não é ciência exata -, mas os sentimentos e promessas são revigorados. No mínimo, acabou aquela pasmaceira que muitas vezes contaminou o Fluminense em determinados jogos nas últimas temporadas, a não ser que um ou outro “indisposto” tope ficar na reserva…

Time, com todas as críticas naturais, o Flu tem. Jogadores experientes, talentosos e a mescla com vários jovens. Agora é trabalhar para recuperarmos o tempo perdido para o nosso time esteja em seu devido lugar: na briga por vitórias e taças. Assim é o caminho de um grande clube de futebol. Reescrever o time taticamente falando, criando outras alternativas em vez da exclusividade do fredball, maximizando a utilidade do pleno artilheiro – assim que recuperado de contusão – e atentando para o coletivo física e taticamente falando. Um Fluminense moderno, em novas direções, acionando o talento e também o conjunto. Estamos bem na Liga, vamos brigar pelo Carioca. Uma coisa de cada vez. Por que não?

Logo mais temos o velho America (sem acento, pouca gente sabe) do outro lado em Los Larios. Não há como não agradecer ao Marcão por, mais uma vez, ajudar o Fluminense num momento de tremenda roubada – parece a sina do nosso camisa 5, herdeiro de fé do Rei Zulu Denílson. O segundo tempo de quarta foi uma tristeza só mas a vitória veio. Ave Marcão!

O Fluminense de volta, aquela vontade de rever a camisa de lutas incessantes em qualquer jogo, pouco importando se é de um Carioca chinfrim, da Liga ou do Brasileiro que vem aí. O Fluminense proletário da bola, valente, respeitado, enchendo os sentimentos dos nossos torcedores com os melhores ares da realização. Que venham os novos ares.

PARABÉNS, PETER

A postura republicana do Presidente no convite feito a Antonio Gonzalez para o evento da estreia da Dryworld, na sexta-feira passada, foi digna de aplausos. O confronto de ideias e o senso crítico não podem significar o aparte. No Fluminense, não cabe uma Faixa de Gaza entre situação e oposição – só estimulada por corações poluídos. Que o bom senso, a urbanidade e o respeito mútuo sejam a regra, não a exceção.

Gonzalez é do tempo em que a torcida do Flu encarava não somente as dificuldades do time, mas a perseguição midiática e a ditadura. Liderou cobranças e protestos que ajudaram a resultar numa de nossas maiores glórias: o time tricampeão dos anos 1980. Seus oponentes podem dizer tudo dele, mas são obrigados a reconhecer o caráter, a honradez da palavra e a atitude que hoje é conhecida por uma expressão: sujeito homem. Favor não confundi-lo com emergentes de ocasião. Aqui não falo como um orelheiro de Google, mas uma modesta testemunha ocular dos fatos.

O Fluminense está acima de pessoas, cargos e interesses particulares. Menos plumas, mais diálogo, uma só torcida. E se o rei estendeu a mão, que o mesmo aroma de humildade inebrie condes, barões, viscondes e súditos. Questão de ordem no reino. Somos todos tricolores.

Os que acompanham esta coluna sabem que aqui não se faz bajulação. Mantenho todas as críticas que já fiz ao Presidente, assim como parte dos elogios. Definitivamente, edição da história não é praxe deste escritor. O próprio Peter é testemunha. Vale o escrito.

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Panorama Tricolor

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